quarta-feira, maio 27, 2009

chris marker no ccbb!

2009 está com tudo. Dá-lhe Chris Marker no CCBB. Não percam!
26 de maio (terça-feira)

20h00 - PROGRAMA 1 – La jetée (Chris Marker, França, 1962, 35mm, PB, Fic, 28min) + A.K. Retrato de Akira Kurosawa (A.K Portrait d’Akira Kurosawa, Chris Marker, França, 1985, 35mm, cor, Doc, 75min)

27 de maio (quarta-feira)

15h00 - PROGRAMA 3 – O fundo do ar é vermelho (Le fond de l’air est rouge, Chris Marker, França, 1977, 16mm/35mm>DVD, Doc, 180min)

18h00 - PROGRAMA 8 – As 20 horas nos campos (Les 20 heures dans les camps, Chris Marker, França, 1993, Vídeo Hi-8>Beta, cor, Doc, 28min) + Boina azul (Casque Bleu, Chris Marker, França, 1995, 27min, vídeo>Beta, cor, Doc, 27min) + Um prefeito em Kosovo (Un maire au Kosovo, 2000, Chris Marker, França, vídeo>Beta, cor, Doc, 27min)

19h30 - PROGRAMA 5 – O túmulo de Alexandre (Le tombeau d’Alexandre, Chris Marker, França, 1993, Hi-8>Beta, PB e cor, Doc, 118min)

28 de maio (quinta-feira)

15h00 - PROGRAMA 10 – A sexta face do pentágono (La sixiéme face du pentagone, Chris Marker, França, 1967, 35mm>Beta, PB e cor, 28min) + A embaixada (L’ambassade, Chris Marker, França, 1974, Super 8>Beta, cor, Doc, 20min) + Balada berlinense (Berliner Ballade, Chirs Marker, França, 1990, vídeo Hi-8>Beta, cor, 29min, Doc, 1990)

17h00 - PROGRAMA 9 – E-CLIP-SE (Chris Marker, França, 1999, Beta, cor, Doc, 8min) + Slon-Tango (Chris Marker, França, 1993, Beta, cor, Doc, 4min) + Gato escutando a música (Chat écoutant la musique, Chirs Marker, França,1985-90, vídeo>Beta, cor, Doc, 2min50s) + Chats perchés (Chris Marker, França, 2004, Beta, cor, Doc, 59min)

19h00 – Debate: Consuelo Lins e Emi Koide, Mediação: Patrícia Rebello

29 de maio (sexta-feira)

15h00 - PROGRAMA 13 – 2084. Centenário do Sindicalismo. Videoclipe para uma reflexão sindical e pelo prazer (2084. Centenaire du Syndicalisme. Video-Clip pour une reflexión syndicale et pour le plaisir, Chris Marker, França, 1984, 35mm>Beta, cor, Doc, 10min) + Até breve, espero (À bientôt, j’espère, Chris Marker e Mario Marret, França, 1968, 16mm>Beta, PB, Doc, 44min) + Já que dizemos que é possível (Puisqu’on vous dit que c’est possible, Filme coletivo, França, 1974, 16mm/35mm>Beta, cor, 43min)

17h00 - PROGRAMA 6 - Nível 5 (Level 5, Chris Marker, França, 1996, Betacam>35mm, cor, 106min)

19h00 - PROGRAMA 15 – Descrição de uma memória (Tsa'ad Revi'i La'matbe'a, Dan Geva, Israel, 2006, Beta, Cor, Doc, 80min)

30 de maio (sábado)

15h00 - PROGRAMA 7 – Um dia de Andrei Arsenevich (Une journée d’Andrei Arsenevich, Chris Marker, França, 1999, 16mm e vídeo>Beta, cor, Doc, 56min) + A felicidade (Schastye, Alexander Medevdkine, Rússia, 1934/1971, 35mm>Beta, PB, 70min)

17h15 - PROGRAMA 11 – Recordações de um porvir (Le souvenir d’un avenir, Yannick Bellon e Chris Marker, 2001, Vídeo>Beta, PB, 42min) + Viva a baleia (Vive la baleine, Chris Marker e Mario Ruspoli, 1972, 35mm, PB, Doc, 30min)

19h00 - PROGRAMA 2 – Junkopia - San Francisco (Chris Marker, França, 1981, 35mm, cor, Doc, 6min) + Sem sol (Sans Soleil, Chris Marker, França, 1982, 35mm, 100min)

31 de maio (domingo)

15h00 - PROGRAMA 10 – A sexta face do pentágono (La sixiéme face du pentagone, Chris Marker, França, 1967, 35mm>Beta, PB e cor, 28min) + A embaixada (L’ambassade, Chris Marker, França, 1974, Super 8>Beta, cor, Doc, 20min) + Balada berlinense (Berliner Ballade, Chirs Marker, França, 1990, vídeo Hi-8>Beta, cor, Doc, 29min)

17h00 - PROGRAMA 14 – Falamos de Praga: O segundo processo de Artur London (On vous parle de Prague: Le deuxième procès d’Artur London, Chris Marker, França, 1969, 16mm>Beta, PB, Doc, 30min) + Falamos do Brasil: Torturas (On vous parle du Brésil: Tortures, Chris Marker, França, 1969, 16mm>Beta, PB, Doc, 20min) + Falamos do Brasil: Carlos Marighela (On vous parle du Brésil: Carlos Marighela, Chris Marker, França, 1970, 16mm>Beta, PB, Doc, 17min) + Falamos de Paris: As palavras têm um sentido. Retrato de François Maspéro (On vous parle de Paris: Les mots ont un sens. Portrait of François Maspéro, Chris Marker, França, 1970, 16mm>Beta, PB, Doc, 20min) + Falamos do Chile: O que Allende dizia (On vous parle du Chili: Ce que disait Allende, Chris Marker, França, 1973, 16mm>Beta, PB, Doc, 15min)

19h00 - PROGRAMA 8 – As 20 horas nos campos (Les 20 heures dans les camps, Chris Marker, França, 1993, Vídeo Hi-8>Beta, cor, Doc, 28min) + Boina azul (Casque Bleu, Chris Marker, França, 1995, 27min, vídeo>Beta, cor, Doc, 27min) + Um prefeito em Kosovo (Un maire au Kosovo, 2000, Chris Marker, França, vídeo>Beta, cor, Doc, 27min)

2 de junho (terça-feira)

17h00 - PROGRAMA 5 – O túmulo de Alexandre (Le tombeau d’Alexandre, Chris Marker, França, 1993, Hi-8>Beta, PB e cor, Doc, 118min)

19h00 - PROGRAMA 3 – O fundo do ar é vermelho (Le fond de l’air est rouge, Chris Marker, França, 1977, 16mm/35mm>DVD, Doc, 180min)

3 de junho (quarta-feira)

15h00 - PROGRAMA 11 – Recordações de um porvir (Le souvenir d’un avenir, Yannick Bellon e Chris Marker, França, 2001, Vídeo>Beta, PB, 42min) + Viva a baleia (Vive la baleine, Chris Marker e Mario Ruspoli, França, 1972, 35mm, PB, Doc, 30min)

17h00 - PROGRAMA 15 – Descrição de uma memória (Tsa'ad Revi'i La'matbe'a, Dan Geva, Israel, 2006, Beta, Cor, Doc, 80min)

19h00 - PROGRAMA 4 – As estátuas também morrem (Les statues meurent aussi, Alain Resnais e Chris Marker, França, 1953, 35mm, PB, Doc, 30min) + Descrição de um combate (Description d’un combat, Chris Marker, França/Israel, 1960, 35mm>Beta, cor, Doc, 60min)

4 de junho (quinta-feira)

15h00 - PROGRAMA 5 – O túmulo de Alexandre (Le tombeau d’Alexandre, Chris Marker, França, 1993, Hi-8>Beta, PB e cor, Doc, 118min)

17h00 - PROGRAMA 13 – 2084. Centenário do Sindicalismo. Videoclipe para uma reflexão sindical e pelo prazer (2084. Centenaire du Syndicalisme. Video-Clip pour une reflexión syndicale et pour le plaisir, Chris Marker, França, 1984, 35mm>Beta, cor, Doc, 10min) + Até breve, espero (À bientôt, j’espère, Chris Marker e Mario Marret, França, 1968, 16mm>Beta, PB, Doc, 44min) + Já que dizemos que é possível (Puisqu’on vous dit que c’est possible, Filme coletivo, França, 1974, 16mm/35mm>Beta, cor, 43min)

19h00 - PROGRAMA 9 – E-CLIP-SE (Chris Marker, França, 1999, Beta, cor, Doc, 8min) + Slon-Tango (Chris Marker, França, 1993, Beta, cor, Doc, 4min) + Gato escutando a música (Chat écoutant la musique, 1985-90, vídeo>Beta, cor, Doc, 2min50s) + Chats perchés (Chris Marker, França, 2004, Beta, cor, Doc, 59min)

5 de junho (sexta-feira)

15h00 - PROGRAMA 14 – Falamos de Praga: O segundo processo de Artur London (On vous parle de Prague: Le deuxième procès d’Artur London, Chris Marker, França, 1969, 16mm>Beta, PB, Doc, 30min) + Falamos do Brasil: Torturas (On vous parle du Brésil: Tortures, Chris Marker, França, 1969, 16mm>Beta, PB, Doc, 20min) + Falamos do Brasil: Carlos Marighela (On vous parle du Brésil: Carlos Marighela, Chris Marker, França, 1970, 16mm>Beta, PB, Doc, 17min) + Falamos de Paris: As palavras têm um sentido. Retrato de François Maspéro (On vous parle de Paris: Les mots ont un sens. Portrait of François Maspéro, Chris Marker, França, 1970, 16mm>Beta, PB, Doc, 20min) + Falamos do Chile: O que Allende dizia (On vous parle du Chili: Ce que disait Allende, Chris Marker, França, 1973, 16mm>Beta, PB, Doc, 15min)

17h00 - PROGRAMA 7 – Um dia de Andrei Arsenevich (Une journée d’Andrei Arsenevich, Chris Marker, França, 1999, 16mm e vídeo>Beta, cor, Doc, 56min) + A felicidade (Schastye, Alexander Medevdkine, Rússia, 1934/1971, 35mm>Beta, PB, 70min)

19h15 - PROGRAMA 12 – Longe do Vietnã (Loin du Vietnam, Jean-Luc Godard, Joris Ivens, William Klein, Claude Lelouch, Chris Marker, Alain Resnais, Agnés Varda, Michele Ray, 1967, PB e cor, 35mm, 130min)


6 de junho (sábado)

16h00 - PROGRAMA 8 – As 20 horas nos campos (Les 20 heures dans les camps, Chris Marker, 1993, Vídeo Hi-8>Beta, cor, Doc, 28min) + Boina azul (Casque Bleu, Chris Marker, 1995, 27min, Beta, cor, Doc, 27min) + Um prefeito em Kosovo (Un maire au Kosovo, 2000, Chris Marker, vídeo>Beta, cor, Doc, 27min)

18h00 - PROGRAMA 1 – La jetée (Chris Marker, França, 1962, 35mm, PB, Fic, 28min) + A.K. Retrato de Akira Kurosawa (A.K Portrait d’Akira Kurosawa, Chris Marker, França, 1985, 35mm, cor, Doc, 75min)

20h00 - PROGRAMA 6 - Nível 5 (Level 5, Chris Marker, França, 1996, Betacam>35mm, cor, 106min)

7 de junho (domingo)

15h00 - PROGRAMA 2 – Junkopia - San Francisco (Chris Marker, França, 1981, 35mm, cor, Doc, 6min) + Sem sol (Sans Soleil, Chris Marker, França, 1982, 35mm, 100min)

17h00 - PROGRAMA 9 – E-CLIP-SE (Chris Marker, 1999, Beta, cor, Doc, 8min) + Slon-Tango (Chris Marker, 1993, Beta, cor, Doc, 4min) + Gato escutando a música (Chat écoutant la musique, 1985-90, vídeo>Beta, cor, Doc, 2min50s) + Chats perchés (Chris Marker, 2004, Beta, cor, Doc, 59min)

19h00 - PROGRAMA 10 – A sexta face do pentágono (La sixiéme face du pentagone, Chris Marker, 1967, 35mm>Beta, PB e cor, 28min) + A embaixada (L’ambassade, Chris Marker, 1974, Super 8>Beta, cor, Doc, 20min) + Balada berlinense (Berliner Ballade, Chirs Marker, 1990, vídeo Hi-8>Beta, cor, Doc, 29min)

sábado, maio 23, 2009

um curta de cronemberg!




Tem legenda em português. É só clicar no triangulozinho que fica na parte de baixo da tela e selecionar essa opção.

sexta-feira, maio 22, 2009

woddy


vicky cristina barcelona ***

Revi “Vicky Cristina Barcelona”. É um filme bem legal. Acho o melhor de Woody Allen em muito tempo. Ele vem traçando um caminho incerto por gêneros variados. E o que se vê é uma metamorfose bem discreta, um cineasta que vem arriscando se desvincular da imagem que seu cinema construiu. É um longa sobre as aparências, assim como “O sonho de Cassandra”, em que tudo já ficava estritamente na superfície das coisas. Mas se “Cassandra” sofria toda vez que Allen se dizia profundo, “Vicky Cristina” é subliteratura assumida. É um moderno romance de folhetim.

Quase tudo neste filme é clichê, estereótipo e ou aparência. A começar pela Barcelona idílica, digna de um cartão-postal. Os personagens não passam de máscaras, tipos de fácil identificação sob rótulos como o artista, o gênio imprevisível, o yuppie caxias e indiferente, a mulher inocente e inexperiente. É retórica tipicamente folhetinesca, em que se destaca um procedimento de adjetivação. A temática, por sua vez, contrapõe os personagens e o que eles representam, com desenvolvimentos capazes de revelar o patético de cada um deles e de refletir sobre o próprio percurso dessas criaturas no cumprimento de um destino cheio de emboscadas. E não esqueçam, é claro, do amor-paixão, que priva os personagens da razão e dá-lhes o motivo das ações em que se envolvem.

Há uma forte dose de pedagogia nesse filme. “Vicky Cristina Barcelona” é marcado pela participação - ou melhor: interferência mesmo - de um autor na matéria narrada; um narrador intervém comentando, esclarecendo, apelando, destacando certas coincidências, espantando-se e por vezes até julgando. É uma pedagogia que faz com que o factual predomine sobre o descritivo, desenvolvendo-se a ação pelo modelo dramático. O que interessa é o nível do factual, das ações diretas e simples. Os personagens "são" apenas quando postos diante de alguma situação.
ps 1: apesar de tanto amor, “Vicky Cristina” é um filme triste pra burro. Os personagens terminam o filme como começaram. Ninguém muda. Alguns ficam até piores do que estavam.

ps 2: Vicky vai para Barcelona para estudar o Catalão, não é? Mas na cidade para onde ela foi só se fala em espanhol... Muito estranho.

domingo, maio 17, 2009

max ophuls!

MAX OPHULS no Fórum de Cultura da UFRJ. A entrada é franca, sempre às 19h. Os filmes:

Segunda, 18 de maio
Carta de uma desconhecida (1948, em inglês com legendas em português).

Terça, 19 de maio
Conflitos de amor (La Ronde, 1950 - áudio em francês com legendas em inglês).

Quarta, 20 de maio
Desejos Proibidos (The Earrings of Madame de..., 1953 - áudio em francês com legendas em inglês).

Quinta, 21 de maio
Lola Montès (Lola Montès, 1955 - áudio em francês com legendas em inglês).

Sexta, 22 de maio
O Prazer (Le Plaisir, 1952 - falado em francês com legendas em inglês).

sexta-feira, maio 15, 2009

kaufman


sinédoque, nova york **

O filme começa como uma crônica familiar, acompanhando carinhosamente as idiossincrasias de seus personagens. Caden Cotard (Philip Seymour Hoffman), no entanto, entra em decadência criativa, existencial e física. O protagonista encontra todos os sinais de que sua vida vai se encaminhando para o final, sem que ele tenha conseguido fazer muito de importante dela. E assim, aos poucos, somos retirados do cotidiano banal dessa família. Charly Kaufman nos joga em um clima mais, digamos, “surrealista”. O espectador se vê preso a uma estrutura de labirintos. A cada seqüência, uma nova porta narrativa se abre. O ritmo interno do quadro se acelera. Elipses enormes tomam conta do filme. “Sinédoque, Nova York” começa a correr em direções tão inesperadas que o filme ameaça a desabar sob o peso da sua própria originalidade. Originalidade?

Talvez a palavra mais correta seja ambição. Pois o que se vê na tela é um monstro de camadas, cenas e desdobramentos que se repetem e se multiplicam na mais variadas representações. Cada seqüência, nos chega abarrotada de idéias sobre a vida, a arte - “é sobre tudo”, diz um personagem num certo momento. Os personagens e as locações vão se sucedendo de maneira impressionante. Caden contrata um ator para interpretá-lo. Cenas mais tarde, é o ator que precisa de um intérprete. Em nome de uma "verdade brutal", os sets ganham uma "quarta parede", e, antes que você perceba, haverá um estúdio no interior do estúdio. Caden se move sempre para fora, em espirais cada vez maiores, até ver sua própria identidade engolida. Não há limites para os espelhos de Kaufman. Eles parecem ainda mais importantes do que os dramas humanos apresentados.

segunda-feira, maio 11, 2009

beijo na boca não

beijo na boca não *****

Revi pela terceira vez "Beijo na boca não". Que filme grande! Dizem que parece teatro filmado. Mas como, se quando Azéma está na cozinha e ouve o nome Eric Thomson, ela passa mal, e cai em sua cama? Ah… as elipses de Resnais, o tom que nunca se perde, a mise en scène impecável, o elenco admirável. O filme se aproxima sim do teatro, mas nunca deixa de ser cinema. "Beijo na boca não" é uma ode ao amor e às confusões amorosas. A música proclama a tenacidade do desejo. Mas todos aqui querem um parceiro. Resnais nunca foi tão Lubitsch, procurando no artifício a verdade humana. Ele cria uma misteriosa distância entre nós e a ação, mas também leva-nos diretamente ao coração dos sentimentos. Os personagens são marionetes, embora as suas emoções sejam reais. O velhinho continua em grande forma.

segunda-feira, maio 04, 2009

animação


valsa com Bashir ***

Gostei bastante de “Valsa com Bashir”. Fazendo da narrativa uma espécie de cine-diário-animado, Ari Folman se concentra em torno do massacre de Sabra e Shatila, no Líbano, em 1982. Acompanhamos sua busca pessoal ao longo do filme. E essa missão, como bem diz um de seus primeiros entrevistados, se aproxima da ficção. A memória é feita de lacunas, construções imaginárias, projeções de sonhos e pesadelos. A animação se justifica. Ela é a representação direta do processo documental (as conversas e algumas reencenações incorporadas pelo discurso do filme) e das criações livres e poéticas evocadas pelos personagens (um belo exemplo é a cena da valsa em meio a um forte tiroteio que dá nome ao filme).

Através dessa abstração que é o desenho, Folman nos propõe uma interrogação sobre a memória e sobre as imagens que a preenchem, instâncias mediadoras entre nós e o mundo. Embora seu objetivo seja o de recuperar a concretude de fatos esquecidos, o cineasta não se contenta apenas com a observação ou a mera reencenação do real. Os desenhos funcionam então como uma espécie de interventores, para resgatar as subjetividades que se perderam no discurso oficial da guerra e tornar tudo um pouco mais “verdadeiro”. E assim, as falas são sempre problematizadas e as opções estéticas justificadas. Aos poucos, Folman constrói um estado de perplexidade e selvageria. A culpa mal resolvida do realizador não é apenas pessoal e intransferível, mas também um sintoma social. “Valsa com Bashir” nos deixa entrever um subtexto histórico e cultural do povo israelense, num ciclo violento e vicioso. Em respeito a Auschwitz, por onde passaram os pais de Folman, o amigo do cineasta afirma: “o massacre sempre esteve com você, desde dos seus seis anos de idade”.

O desfecho do filme, no entanto, guarda uma complicada surpresa: “Valsa com Bashir” parte para imagens jornalísticas do massacre. Esse movimento na direção dessas imagens que habitam nossa memória coletiva faz todo sentido. Mas o que se percebe, para além do aspecto catártico um tanto rasteiro, seja talvez uma estranha mudança de tom, marcada pelo depoimento mais, digamos, formal de um jornalista que cobriu a guerra. Ora, o próprio Folman já não havia admitido que uma câmera poderia tanto nos mostrar sofrimento como nos proteger dele? Além disso, porque essas imagens jornalísticas seriam mais “verdadeiras” dos que as animações que compõem o filme. No fim, Folman atira em seu próprio pé.