segunda-feira, setembro 30, 2013

cinemaison

Em pleno festival, uma sessão dupla imperdível no Cinemaison desta segunda:

Às 18h, Os Excluídos do Bom Deus, de Jean-Claude Brisseau
Às 20h, Coisas Secretas, de Jean-Claude Brisseau

segunda-feira, setembro 23, 2013

festival do rio

O Festival do Rio se aproxima. Embora sinta falta de algumas coisas (os últimos de
João Pedro Rodrigues, Miguel Gomes, Jia Zhangke, Tsai Ming-Liang, etc.), a seleção é uma das melhores dos últimos anos. Fiz uma lista enorme abaixo.  Em itálico os que já têm data de estréia por aqui. Estes três abaixo eu já vi e recomendo muitíssimo:

Todos os outros, de Maren Ade
A garota de lugar nenhum, de Jean-Claude Brisseau
Vic + Flo viram um urso, de Dnis Côtés

Os que mais quero ver:

Um estranho no lago, de Alain Guiraudie
Gravidade, de Alfonso Cuaron
Heli, de Amat Escalante
La paz, de Santiago Loza
Os três filmes (Downhill, O ringue, O inquilino) de Alfred Hitchcock
Dr. Mabuse 1 e 2, de Fritz Lang
Os donos, de Augustin Toscano e Ezequiel Radusky
A princesa das ostras, de Ernst Lubitsch
Viver na RFA, de Harun Farocki
Salvo, de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza
Milius, de Joey Figueroa e Zak Knutson
Seduzido e abandonado – Os bastidores de Cannes, de James Toback
Shampoo, de Hal Ashby
Wrong Cops, de Quentin Dupieux
A dança da realidade, de Alejandro Jodorowsky
A filha de ninguém, de Hong Sang-Soo
Abuso de Vulnerável, de Catherine Breillat
Apenas Deus perdoa, de Nicolas Winding Refn
Até que a loucura nos separe, de Wang Bing
Backwater, de Shinji Aoyama
Bastardos, de Claire Denis
Blind Detective, de Johnnie To
Computer Chess, de Andrew Bujalski
Clear History, de Gregg Mottola
Joe, de David Gordon Green
Quando a noite cai em Bucareste ou Metabolismo, de Corneliu Porumboiu
Manuscritos não queimam, de Mohammad Rasoulof
Outrage Beyond, de Takeshi Kitano
Real, de Kyoshi Kurosawa
Sacro Gra, de Gianfrancesco Rosi
Sozinha, de Wang Bing
Spring Breakers, de Harmony Korine
Night moves, de Kelly Reichardt
Nós somos melhores, de Lukas Moodysson
O imigrante, de James Gray
Our Sunhi, de Hong Sang-Soo
Only lovers left alive, de Jim Jarmusch
Terra prometida, de Gus Van Sant
The canyons, de Paul Schrader
Ilusões satânicas, de Paul Schrader
Mishima, de Paul Schrader
Vivendo na corda bamba, de Paul Schrader
Tip top, de Serge Bozon
O rei da fuga, de de Alain Guiraudie
A imagem que falta, de Rithy Panh
A estação de rádio, de Nicolas Philibert
Em Berkeley, de Frederick Wiseman
O conhecido desconhecido: a era Donald Rumsfeld, de Errol Morris
O último dos injustos, de Claude Lanzmann
Metallica: Through the Never 3-D, de Nimród Antal
Crystal Fairy e o cactus mágico, de Sebastián Silva

Os que quero ver:

A grande beleza, de Paolo Sorrentino
Behind the candelabra, de Steven Soderbergh
Fading Gigolo, de John Turturro
Jovem e bela, de François Ozon
Michael Kohlhaas, de Arnauld des Pallieres
Nebraska, de Alexander Payne
Um time show de bola, de Juan José Campanella
Yella, de Christian Petzold
O verão da minha vida, de Nat Faxon e Jim Rash
Fruitvale Station, de Ryan Coogler
Invadindo Bergman, de Jane Magnusson e Hynek Pallas
A morte lhe cai bem, de Robert Zemeckis
The National: Mistaken for Strangers, de Tom Berninger
Feio, de Anurag Kashyap
Eu e você, de Bernardo Bertolucci
Suspensão da realidade, de Mike Figgs
The zero theorem, de Terry Gillian
Um castelo na Itália, de Valeria Bruni Tedeschi
Os corredores da morte, de Werner Herzog
Marcel Ophuls, um viajante, de Marcel Ophuls
Os fortes não descansam, de Alain Guiraudie

Os que tenho curiosidade:

Blue Jasmine, de Woody Allen
Como não perder essa mulher, de Joseph Gordon-Levitt
O mordomo da casa branca, de Lee Daniels
Obsessão, de Lee Daniels
A cidade abaixo, de Christoph Hochhauser
Dreileben: Algo melhor do que a morte, de Christian Petzold
A segurança interna, de Christian Petzold
As delicias da tarde, de Jill Soloway
O gigante egoísta, de Clio Barnard
Minha doce Pepper Land, de Hiner Saleem
Sophie Calle, sem título, de Victoria Clay Mendoza
Sarah prefere correr, de Chloé Robichaud
Contadores de Imagens, de Noelle Deschamps
Michael Haneke – Profissão: Diretor, de Yves Montmayeur
Os impostores do Hip Hop, de Jeanie Finlay
Sapi, de Brilhante Mendoza
Vosso ventre, de Brilhante Mendoza
Walesa, de Andrzej Wajda
O espírito de 45, de Ken Loach
Moebius, de Kim Ki-Duk




sexta-feira, setembro 20, 2013

cinemaison

Próxima segunda, uma noite imperdível no Cinemaison:

Às 18h, "O desprezo" (1963), de Jean-Luc Godard
Às 20, "A bela da tarde" (1967), de Luis Buñuel

terça-feira, setembro 17, 2013

the bling ring ***

É curiosa, porém compreensível, a decepção algo generalizada que marcou a recepção deste filme, tanto nos EUA quanto no Brasil. Esperava-se uma espécie de raio-x da sociedade contemporânea, seu consumismo, suas celebridades, seu cinismo, etc. Tudo isto está lá. Sofia Coppola, contudo, seria uma cineasta imparcial, sem um ponto de vista mais específico sobre a história. É bem verdade que Coppola se atém aos fatos cinematográficos, às cenas. Ela não simpatiza inteiramente com os personagens, mas tampouco se dispõe a julgá-los de maneira mais incisiva. O filme pode até mesmo parecer um pouco blasé, sobretudo, em seu final.

Quer dizer: muitas destas críticas não são absurdas, embora elas muitas vezes passem por cima da sensibilidade e do ritmo que Coppola imprime a este material. Coppola, como sempre, mostra-se muito mais interessada em delinear um certo estado. O estilo de “The Bling Ring” procura incorporá-lo. Um estilo que ágil, recheado de informações, marcado por colagens, que se contrapõe diretamente ao seu longa anterior. Acho que Kent Jones chegou ao nervo central não somente de “The Bling Ring”, mas do cinema mesmo de Sofia Coppola: seus filmes têm mais uma ambiência, em um sentido musical, do que uma trama. O filme me ganhou aos poucos. De repente, sinto-me seduzido e ao mesmo tempo absolutamente horrorizado. As luzes se ascendem e os sentimentos, ainda a serem conjugados, permanecem. Coppola sabe o que faz.  

sábado, setembro 14, 2013

quarta-feira, setembro 11, 2013

sem dor, sem ganho **

Eu não tenho lá muita paciência com o Michael Bay. Tratava-se, contudo, de uma comédia com Mark Wahlberg, e, sobretudo, Dwayne “The Rock Johnson”. Animei-me e fui ver “Sem dor, sem ganho”. Disse não ter muita paciência, mas tenho achado por demais preguiçoso insistir que os constantes deslocamentos temporais e espaciais que marcam os blockbusters americanos seja fruto de uma espécie de amnésia histórica ou de uma indefensável incompetência. Essa é a forma mais tradicional de criticar Bay: ele não saberia decupar, não teria noções de escala ou ritmo, e seus filmes se moveriam sem direção, graça ou sentido.

Eu gosto cada vez mais do termo cunhado por Steven Shaviro, “post-continuidade”, para designar um cinema em que a preocupação com certos efeitos imediatos triunfa sobre qualquer questão a respeito de uma continuidade mais ampla, seja no nível do plano-a-plano, seja no âmbito narrativo. Bay, por exemplo, não é nenhum pouco ingênuo. Para ele, a continuidade não parece mais ser preponderante para delinear a geografia de uma ação, ancorando-a claramente no tempo e no espaço. A sequência torna-se uma colagem de fragmentos irregulares de ângulos, explosões, lutas, perseguições, e movimentos violentamente acelerados. Não há nenhum sentido de continuidade espaço-temporal. O que importa é entregar uma série contínua de choques para o público.

Talvez a abordagem maximalista e impiedosa de Bay tenha menos a ver com a destruição ou a ignorância em relação a uma certa noção de cinema e mais com a ambição de esboçar um outro cinema. Bay está muito claramente interessado no calor do momento, imprime um tom “impressionista” que alimenta uma relação diversa com as noções de personagem, espaço e trama, e não está lá muito interessado nos valores clássicos da continuidade – embora, é preciso dizer, a continuidade ainda persiste em alguns momentos, sendo respeitada ocasionalmente e de forma oportunista.

“Sem dor, sem ganho” não curou minha impaciência, devo dizer. Mas é um filme de questões extremamente importantes. Lugo é um personagem que acredita ser antipatriótico “not go for it”. Que dizer: com esforço e perseverança suficientes devemos nos tornar “super-homens” e viver no luxo. O filme, por sua vez, bate várias vezes na tecla de que o que estamos vendo de fato aconteceu. Bay não julga exatamente seus personagens. “Sem dor, sem ganho” conspira a favor de seus protagonistas. O que não quer dizer que suas ações sejam legitimadas. Algo diferente se passa. O desconforto que algumas situações geram no espectador é logo em seguida diluído em nome de uma certa noção de prazer. Talvez haja cinismo nisso tudo, embora eu tenha minhas dúvidas. Certeza mesmo é a de que Bay é um dos cineastas mais representativos do tempo em que vivemos e do cinema de nossa época.

domingo, setembro 08, 2013

denis e assayas

Eu ainda não conhecia esses vídeos. Pelo que entendi, o Walker Art Cente, em Minneapolis, organiza algumas retrospectivas e convida críticos/teóricos para gravar entrevistas com cineastas. Ainda não pude ver todos, mas gostei bastante destes dois:

Olivier Assayas e Kent Jones:



Claire Denis e Eric Hynes:



sexta-feira, setembro 06, 2013

prova de amor ****

Gosto bastante deste filme. Já o vi algumas vezes. Gosto dos atores, sobretudo, Paul Schneider. Gosto dos diálogos: “Você já viu a natureza cometendo um erro”? Esta me parece uma das linhas mais sensacionais do cinema. Gosto da simbologia heraclitiana que o longa evoca. Gosto da fluência que o filme busca o tempo todo. O longa é também esta tentativa por uma representação sensualista, que muito apontou-se como sendo influência de Terrence Malick. Gosto da maneira como a relação entre eu, espectador, e o filme parece intermediada por afetos e sensações. Gosto como a separação do casal se dá sem culpas. Neste sentido, é uma aposta que o filme nos convida a fazer. Uma coisa bonita, parece-me.

Da última vez que vi “Prova de amor” (2002), esta semana, dei uma olhada nos extras do DVD. David Gordon Green, em entrevista, diz que tinha que fazer aquele filme o mais rápido possível, que era preciso fazê-lo como uma equipe jovem, que era imprescindível colocar-se à altura daquele mundo constituído em filme. É interessante ver ele falando desta urgência, algo que “Prova amor” dissemina desde o primeiro plano. Aliás, um plano em especial, o do cachorro aleijado, me fez lembrar do final de “Stroszek” (1976), de Herzog, quando uma galinha dança por alguns minutos. Tentamos agregar algum sentido ao que vemos. Mas é inútil esforçar-se para ser convincente. O mundo não é tão racional, nem irracional. É irracionável, nada mais do que isso. A razão constata os seus limites e nega a si mesma. Isso diz muito sobre os dois longas. Curioso. De repente, peguei-me pensando a letra de uma música de Jeff Buckley, “Lover, You Should've Come Over”:

I feel too young to hold on
I'm much too old to break free and run

Maybe I'm too young
To keep good love from going wrong

Tudo ver a ver. Escutem a música:

terça-feira, setembro 03, 2013

frances ha ***

Eu gostei deste filme. Talvez tenha gostado mais da crítica do Calil (abaixo) do que do filme propriamente dito... Não sei... “Frances Ha” é fofo como sua protagonista, e isto é ótimo. Eu, contudo, assistindo o filme como um brasileiro, carioca, às voltas com aluguéis altíssimos, com uma enorme desigualdade social, altos índices de criminalidade, com parcas oportunidades de trabalho, péssimos serviços e salários, não consigo deixar de ver um pouco de falsidade nas aventuras e desventuras de Frances. Talvez falsidade não seja a palavra certa. O que sinto é uma distância tão grande daquela realidade que, por vezes, me impede de empatizar com a personagem.


RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA

É preciso estar de mal com a vida, ter o coração de pedra, ser ruim da cabeça ou doente do pé para resistir à cena de "Frances Ha" em que a protagonista sai correndo e dançando pelas ruas de Nova York ao som de "Modern Love", de David Bowie.

Não deixa de ser um golpe baixo (garota encantadora e desengonçada + clássico absoluto de Bowie).

Mas é um golpe baixo ansiosamente aguardado: aquele que vai libertar o cinema independente americano de anos de pretensão e cinismo para oferecer um momento de prazer fugaz, frugal.

"Frances Ha" é filho bastardo da primeira nouvelle vague (do Godard que disse que tudo de que se precisa para fazer um filme é uma arma e uma garota) com o mumblecore (o subgênero de baixo custo, diálogos naturalistas e personagens balbuciantes).

Não por acaso, "Frances Ha" tem na trilha músicas de Georges Delerue (o compositor "oficial" da nouvelle vague) e é escrito e protagonizado por Greta Gerwig, musa do mumblecore. Frances, sua personagem, se aproxima dos 30 anos assolada pela falta de perspectivas.

Ela é assistente em uma companhia de dança, mas não é boa o suficiente para virar bailarina.

Como uma moderna Cabíria (a esperançosa personagem de Giulietta Masina em "Noites de Cabíria", de Fellini), Frances enfrenta cada revés com otimismo incorrigível "" o mesmo que, diante de uma pequena vitória, a leva a dançar pelas ruas.

Com "Frances Ha", o diretor Noah Baumbach confirma o talento demonstrado em "A Lula e a Baleia" (2005) e se livra de certos maneirismos do passado.

De quebra, oferece um retrato preciso sobre aquela fase da vida em que não sabemos exatamente que rumo tomar, o que fazer da vida "" uma fase que, em alguns casos, teima em durar para sempre.