segunda-feira, dezembro 29, 2014

manakamana ****

Gostei bastante deste filme. Um documentário especulativo? Não sei se gosto muito desta expressão, mas ela me ajuda a descrever a sessão de ver este longa de Stephanie Spray e Pacho Velez. "Manakamana" é certamente uma espécie de documento: um paÌs distante, uma viajem de bonde por sobre a montanha, visitantes e um templo. E a palavra documento deve ser compreendida aqui em uma acepção física mesmo. Ao longo das filmagens, Spray e Velez descobriram algo curioso: um rolo completo de 16 mm correspondia ao tempo que levava um bonde para subir e descer da montanha. Quer dizer: sentimos a realidade física, integral deste documento, desta viajem, daquelas pessoas. Estas sabem que estão sendo filmadas. Parece que foram escolhidas a dedo. A câmera negocia o filme com elas. Isto também é algo palpável, da hesitação inicial ao paulatino desprendimento. A câmera, sempre muito presente, interroga, desafia, e os personagens reagem, reagem, reagem. Eles dizem sim.  E dizer sim para uma câmera é dizer sim para a eternização de um momento. Ao olhar sob o prima da eternidade estes pequenos momentos, algo nos parece estar sendo revelado. Algo que se revela e se esconde. Daí o especulativo.