quinta-feira, agosto 05, 2010

ponyo ***


É chegada a hora de ver mais um Miyazaki: “Ponyo: uma amizade que veio do mar”! O filme é livremente inspirado no clássico “A pequena sereia”, de Hans Christian – o próprio Miyazaki confirmou que a idéia do filme surgiu depois que ele assistiu o longa homônimo da Disney. Curioso: assim como em seu último filme, “Castelo animado” (2004), o cineasta recorre mais uma vez a uma fonte ocidental. “Ponyo” é mais simples e direto do que seus antecessores, o que, na verdade, nos ajuda a compreender melhor a originalidade das fábulas de Miyazaki. O filme se desenrola com uma naturalidade espantosa. Ao longo do caminho, vislumbramos pequenas tristezas e angústias (o caso do pai marinheiro de Sosuke, a história das senhoras que vivem aos cuidados da mãe do menino, etc.), apesar destes momentos jamais tomarem à frente. Os dilemas se desdobram, multiplicam-se sem muitas explicações em um mundo complicadíssimo. Para resolvê-los, os personagens terão de aprender a conviver, a aceitar quem são. Em Miyazaki, o importante é ser o que se é. Essa era a história de Chihiro (que não devia jamais esquecer seu nome) e será também a da amizade entre Sosuke e Ponyo. Esta talvez seja a criatura mais encantadora do cineasta. Ponyo tem cabelos vermelhos e um sorriso desconcertante. Ela é inconseqüente e poderosa, inocente e gulosa. Miyazaki esbanja uma maneira delicada e lírica para dar-lhe vida. E não se trata exatamente de uma antropomorfização. O cineasta não humaniza o personagem. Ponyo será sempre um pouco peixe. E Sosuke terá de entendê-lo.

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