domingo, dezembro 18, 2011

garoto da bicicleta ***


Não sei se gosto de “O Garoto de Bicicleta”. Acho que o Francis Vogner dos Reis conseguiu sintetizar a minha sensação com os filmes mais recentes dos Dardenne em sua crítica sobre “O silêncio de Lorna”: o projeto estético-cinematográfico dos belgas anda dando sinais de saturação e não exatamente de esgotamento. É bem por aí mesmo. Ainda é possível maravilhar-se como o garoto (brilhantemente interpretado por Jérémie Renier) nos é revelado enquanto anda em sua bicicleta, como suas vontades e angústias tornam-se em geral evidentes pela maneira como ele pedala. O jogo de gato e rato entre a câmera e o personagem que tanto marca o cinema dos Dardenne também permanece sedutor e energético, assim como a precisão e objetividade narrativa dos irmãos belgas. Agora, contudo, as linhas (e seus pontos de chegada) que conjugam essa negociação entre a câmera e o corpo dos atores e dos espaços e determinadas funções narrativas, me parecem por demais visíveis. É neste sentido que a trilha supostamente bressoneana (como bem disse o Fábio de Andrade lá na Cinética) me incomoda bastante. Ele vem em três momentos do filme, como que a sublinhar viradas e fazer brotar sentimentos por demais esclarecidos, pena, piedade, compaixão. Tudo muito certinho, programático, previsível.

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