sábado, junho 01, 2013

o que se move ***

Gostei bastante deste filme - apesar da péssima projeção digital da vergonhosa sala 2 do Estação. É possível perceber o valor dado a uma certa ideia de presença do mundo, à noção de que as significações em uma narrativa devem surgir como “expressão natural das coisas”. Caetano Gotardo, contudo, se afirma na necessidade de uma mediação formalista. É ela que permite que o real se torne elemento de sua própria fabulação. Eu me lembro da famosa citação de Jean Mitry, para quem um filme era um mundo organizado em narração.


O Inácio Araújo disse que era preciso seguir atrás de “O que se move”. Esta ideia me agrada bastante. Gotardo está sempre atrás de um certo estado, de um certo plano, onde os sentimentos esforçam-se em uma tentativa de ganhar nome. “O que se move” é ele mesmo esta busca. É curioso: ver filmes é por vezes como conhecer uma pessoa. Isto não diz respeito apenas a figura do autor, embora a presença sentida de um cineasta seja na minha opinião, o fundamento, de qualquer experiência estética. “O que se move” é uma experiência estética, a nos empurrar para o plano pantanoso, todo ele regrado, porém de possibilidade infinitas, da nossa faculdade de sentir. O que este filme nos proporciona é uma certa sensibilidade para com a realidade. Uma sensibilidade, devo dizer, que se avizinha a minha: os planos sobre o tempo, o bebê e o presente, o canto... Bom, a questão da tragédia me incomoda um pouco. Não sei ainda muito bem dizer por quê. Queria ver o filme novamente. 

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