domingo, dezembro 29, 2013

azul é a cor mais quente **

Alguns filmes crescem na memória. Outros ficam menores. O novo filme-sensação do franco-argelino Abdellatif Kechiche me parece (cada vez mais) estar no segundo time. É só lembrar de “Azul é a cor mais quente” que eu fico mais e mais incomodado. O filme é eficiente, porém limitado. Nada demais, embora com alguns pontos positivos. Isso já tinha ficado claro. Em um primeiro visionamento, contudo, apeguei-me ao sentido de urgência já característico do cinema Kechiche, e me perguntava durante a sessão se aquilo não era melhor compreendido como uma experiência subjetiva da personagem.

Agora, contudo, o que mais me salta à memória é um desejo de grandeza, uma vontade onipotente de cobrir tudo, absolutamente tudo. “Azul é a cor mais quente” é enorme. Suas cenas quase sempre duram mais do que de fato necessitavam. É curioso como, em um primeiro momento, o filme retira muito de sua força justamente dessa duração. Em um segundo momento, entretanto, o que se sobressai pra mim são alguns esquematismos e simplificações bem complicadas. Vejo um certo determinismo em algumas relações, sobretudo no que diz respeito a Adele e suas amigas de escola. O bar de lésbicas é um crime de tão estereotipado, assim como o mundo artístico da cidade. A própria personagem da Emma, suas motivações e dilemas artísticos e profissionais, parece saída de uma espécie de manual.

Esse desequilíbrio sempre esteve presente no cinema de Kechiche, e isso me faz pensar, com uma convicção cada vez mais forte, que para o franco-argelino, o estilo precede mesmo ao filme: a câmera (multicâmeras, na verdade) na mão hiperativa, quase sempre bem perto dos corpos, muitas vezes em closes, com cortes sucessivos dentro das cenas e muitas elipses. O final aberto me irrita bastante também. É algo recorrente no cinema de Kechiche, embora também esteja presente no cinema de muitos outros. Ela aspira a algo aberto, aberto ao nosso testemunho, como algo que se desenrolou e se desenrolará... A cena ainda dura, mais uma vez, mais do que ela precisava... O que vejo é uma manipulação dramática muito forte e consciente. Quer dizer: Kechiche dá vida aos seus personagens, mas também os asfixia. Às vezes a impressão é a de que os personagens nascem já asfixiados, algo como natimortos. Enfim...

terça-feira, dezembro 17, 2013

doce amianto ****

Que filme bonito. Dói-me vê-lo sair assim do circuito carioca, em apenas duas semanas, como se sequer tivesse entrado em cartaz. Dói-me porque, para além de ser comoventemente belo, é um filme que quer ser visto. Acho mesmo que caso a divulgação fosse mais presente e os exibidores um pouco mais corajosos, “Doce Amianto” encontraria seu público, fiel e apaixonado. Eu mesmo fui vê-lo sozinho pela primeira vez. Depois voltei com minha esposa e minha mãe. Elas indicaram para outras pessoas. O meu primo ouviu, gostou e indicou para os seus. Estes vão ter que esperar pelo DVD...

Amianto é um personagem diferente, afetada como o filme. Amianto é uma certa sensibilidade. Amianto é ela mesma uma espécie de artifício. É vulnerável, porém invencível. É excessiva, mas não precisa de muito. Amianto é um duplo fabular que se propaga, que se dissemina por uma vontade de narratividade, de afirmação e desejo. Amianto busca um lugar para chamar de seu. Este lugar, é preciso construí-lo, a cada fantasia, a cada afeto, a cada encontro, através do cinema. Um lugar que nem por isso deixa de ser real.

É na verdade bem curioso o fato de meu último post ter sido sobre Manoel de Oliveira e seu caso de amor pelo artifício cinematográfico. A riqueza contagiante de “Doce Amianto” é de natureza parecida. O filme exala aquela consciência de seu próprio lugar na história das formas cinematográficas, aquela noção de ter vindo depois. Algo que me lembra o diagnóstico de Alain Bergala, que, nos anos 80, usou o termo “maneirismo” para se referir ao cinema de Lars Von Trier, Win Wenders e Jim Jarmush, entre outros. “Doce Amianto” compartilha essa constatação da idade avançada do cinema e se constitui em uma espécie de inventário de formas cinematográficas. São muitas referências. São muitos artifícios. São muitas “maneiras”. O que é extremamente interessante é que tudo isso é captado na mesma textura, identificáveis, embora indiferenciáveis. Quer dizer: a constatação da idade do cinema e o inventário de formas se fazem sem peso ou dificuldade. É um amor pansexual este que “Doce Amianto” alimenta com o cinema e suas convenções. Através delas, da exploração daquilo que elas podem, busca-se novos vínculos com o mundo.

terça-feira, dezembro 10, 2013

o estranho caso de angélica ****

Vi este filme novamente. Viria mais algumas vezes. “O estranho caso de Angélica” é um grande filme. Manoel de Oliveira faz um cinema que me agrada cada vez mais. Eu tinha uma certa implicância com os seus longas, sobretudo, com o português de Portugal. Uma idiossincrasia minha, difícil de ser superada. O tempo, os anos que ganhei ao longo do tempo, contudo, abriram-me os olhos e os ouvidos. E hoje, me vejo divertindo-me aos montes nos filmes de Oliveira.  

Não foi diferente neste “O estranho caso de Angélica”. É curioso como Oliveira consegue imprimir uma certa indeterminação temporal em seus filmes. As referências temporais confundem um pouco as coordenadas, embora sem jamais chamar atenção pra si ou atrapalhar a compreensão da coias. Quer dizer: ao contrário, a indeterminação faz incrivelmente bem ao jogo cinematográfico um tanto romântico que Oliveira nos propõe neste longa. Ela talvez aumente o alcance do filme. Não sei bem. “O estranho caso de Angélica” é certamente um filme livre e desimpedido.  

É incrível como o varal de fotos do quarto de Isaac (Ricardo Trêpa, um animal oliveiriano) contém o conflito que move o filme. As fotos de Angélica morta, porém, bela e como que sorrindo, são intercaladas com as imagens de um grupo de homens e suas enxadas, arando um campo. A beleza assustadora de Angélica. A brutalidade bela dos trabalhadores. A noite e o dia. O interior e o exterior. A mágica e o documento. O sonho e a realidade. Morte e vida. A sucessão das imagens nos varal faz das fotografias cinema. Oliveira sempre fala de cinema. Espírito, Matéria, Imagem. E cinema, como nenhuma outra arte, é capaz de capturar tudo na mesma textura, em uma dialética ativa entre o atual e o virtual, o interno e o externo, o concreto e abstrato, o sonho e a realidade.

A imagem de Angélica, morta, vem à vida, toma seu “criador” de assalto, torna-se mais real do que o mundo do qual ela foi extraída. Isaac se apega aos trabalhadores, vive em uma espécie de inter-mundo, entre eles e Angélica. Eis que, de repente, em um sonho, Angélica aparece, o abraça, e, juntos, eles voam pela cidade. O voo de Angélica e Isaac é movido a inesperados efeitos especiais, em preto-e-branco. Fala-se em homenagem a George Meliés. Fala-se em um elogio a um tempo, digamos, mais artesanal. Talvez seja tudo isso mesmo. E um pouco mais. Isaac acorda, dá-se conta que estava sonhando, e se pergunta: “seria isto o absoluto pelo qual eu ansiava”?

Caramba! Isaac tem razão. Ele passará o resto do filme esperando por momento absoluto. Eu, enquanto esperava com ele, me perguntava o que isso dizia sobre o cinema de Oliveira. Afinal, ao busca uma imagem do absoluto, o cineasta centenário esculpiu (e o termo não é empregado à toa) uma sequência artificiosa, brincalhona, um tanto irreal, porém também absolutamente realista. Ou não? Não é uma maravilha? O artifício oliveiriano é algo que supera dicotomias que marca o cinema e o pensamento sobre ele. “O estranho caso de Angélica” pode ser sintetizado como uma certa postura do cinema diante do mundo. Oliveira é um cara fascinado pelo poder do cinema, ou melhor, pelas convenções mais disseminadas do cinema.

quarta-feira, dezembro 04, 2013

miklos jancso

Começou na Caixa Cultural uma mostra com alguns filmes do húngaro Milos Jancso! Vejam a programação abaixo. Se tiver que escolher um, vá ver "Os sem esperança" (1966). Dá-lhe plano sequencia.

QUARTA-FEIRA, 4 DE DEZEMBRO
14h30 - Rapsódia Húngara (Magyar rapszódia) – 1978, DVD, 103min | Classificação: 16 anos
17h - Allegro Bárbaro (Magyar rapszódia II) – 1979, DVD, 73min | Classificação: 16 anos
19h - Coração Tirano, aliás, Boccaccio na Hungria (A zsarnok szíve, avagy Boccaccio Magyarországon) – 1981, 35mm, 96min | Classificação: 14 anos

QUINTA-FEIRA, 5 DE DEZEMBRO
15h40 - Inverno de Sirocco (Sirokkó) – 1969, DVD, 80min | Classificação: 14 anos
17h40 - Silêncio e Grito (Csend és kiáltás) – 1967, 35mm, 73min | Classificação: 12 anos
19h10 - DEBATE: A ESTÉTICA DE JANCSÓ – com Hernani Heffner, pesquisador e chefe de preservação no MAM-Rio e Ruy Gardnier, fundador da revista de crítica cinematográfica Contracampo e crítico no jornal O Globo.

SEXTA-FEIRA, 6 DE DEZEMBRO
17h - Temporada dos monstros (Szörnyek évadja) – 1987, DVD, 100min | Classificação: 14 anos
19h - Ventos Cintilantes (Fényes Szelek) – 1968, 35mm, 80min | Classificação: 10 anos

SÁBADO, 7 DE DEZEMBRO
15h - Em Budapeste, o Senhor deu uma lanterna em minhas mãos (Nekem lámpást adott kezembe az Úr Pesten) – 1998, 35mm, 103min | Classificação: 12 anos
17h - Coração Tirano, aliás, Boccaccio na Hungria (A zsarnok szíve, avagy Boccaccio Magyarországon) – 1981, 35mm, 96min | Classificação: 14 anos
19h - Os sem-esperança (Szegénylegények) – 1966, 35mm, 90min | Classificação: 12 anos

DOMINGO, 8 DE DEZEMBRO
14h - Temporada dos monstros (Szörnyek évadja) – 1987, DVD, 100min | Classificação: 14 anos
16h - O horóscopo de Jesus Cristo (Jézus Krisztus horoszkópja) - 1988, 35mm, 90min | Classificação: 14 anos
18h - Silêncio e Grito (Csend és kiáltás) – 1967, 35mm, 73min | Classificação: 12 anos

//SEMANA 2

TERÇA-FEIRA, 10 DE DEZEMBRO
15h - Rapsódia Húngara (Magyar rapszódia) – 1978, DVD, 103min | Classificação: 16 anos
17h - Ventos Cintilantes (Fényes Szelek) – 1968, 35mm, 80min | Classificação: 10 anos
19h - DEBATE: HUNGRIA, HISTÓRIA E CINEMA – a confirmar

QUARTA-FEIRA, 11 DE DEZEMBRO
14h - Inverno de Sirocco (Sirokkó) – 1969, DVD, 80min | Classificação: 14 anos
16h - Meu caminho pra casa  (Így jöttem) – 1964, DVD, 109min | Classificação: 12 anos
19h - Vermelhos e Brancos (Csillagosok, katonák) – 1967, 35mm, 90min | Classificação: 12 anos

QUINTA-FEIRA, 12 DE DEZEMBRO
15h - Electra, meu amor (Szerelmem, Elektra) – 1974, 35mm, 70min | Classificação: 14 anos
17h - Salmo Vermelho: O Povo ainda quer mais! (Még kér a nép) – 1971, 35mm, 87min | Classificação: 14 anos
19h - Cantata: dissolução e ligação (Oldás és kötés) – 1963, 35mm, 94min | Classificação: 12 anos

SEXTA-FEIRA, 13 DE DEZEMBRO
17h - Allegro Bárbaro (Magyar rapszódia II) – 1979, DVD, 73min | Classificação: 16 anos
19h - Em Budapeste, o Senhor deu uma lanterna em minhas mãos (Nekem lámpást adott kezembe az Úr Pesten) – 1998, 35mm, 103min | Classificação: 12 anos

SÁBADO, 14 DE DEZEMBRO
15h - O horóscopo de Jesus Cristo (Jézus Krisztus horoszkópja) - 1988, 35mm, 90min | Classificação: 14 anos
17h - Electra, meu amor (Szerelmem, Elektra) – 1974, 35mm, 70min | Classificação: 14 anos
19h - Salmo Vermelho: O Povo ainda quer mais! (Még kér a nép) – 1971, 35mm, 87min | Classificação: 14 anos

DOMINGO, 15 DE DEZEMBRO
15h - Cantata: dissolução e ligação (Oldás és kötés) – 1963, 35mm, 94min | Classificação: 12 anos
17h - Vermelhos e Brancos (Csillagosok, katonák) – 1967, 35mm, 90min | Classificação: 12 anos

quarta-feira, novembro 27, 2013

filmes-carta e naruse

Outras duas mostras bem bacanas. "Filmes-carta: por uma estética do encontro" segue na Caixa Cultural até o dia 1° de dezembro. Vejam a programação no site da mostra.

E, no CCBB, uma retrospectiva com alguns filmes do mestre japonês Mikio Naruse. A programação abaixo. Leiam também o texto de Chris Fujiwara.

>> Dia 27, QUARTA
17h30min – Vida de casado (97’)
19h30min – Chuva repentina (92’)

>> Dia 28, QUINTA
17h30min – Toda a família trabalha (65’)
19h30min – Nuvens de verão (135’)

>> Dia 29, SEXTA
15h30min – Tormento (98’)
17h30min – Atores itinerantes (71’)
19h – Nuvens flutuantes (124’)

>> Dia 30, SÁBADO
18h – A chegada do outono (80’)
19h30min – Quando a mulher sobe a escada (111’)

>> Dia 1º, DOMINGO
17h – Mamãe (98’)
19h – Nuvens dispersas (108’)

>> Dia 02, SEGUNDA
17h30min – Tsuruhachi e Tsurujiro (89’)
19h30min – Correnteza (117’)

>> Dia 4, QUARTA
17h30min – Tormento (98’)
19h30min – Mamãe (98’)

>> Dia 5, QUINTA
17h30min – A chegada do outono (80’)
19h30min – Tsuruhachi e Tsurujiro (89’)

>> Dia 6, SEXTA
15h – Nuvens flutuantes (124’)
17h15min – Nuvens de verão (135’)
20h – Nuvens dispersas (108)

>> Dia 7, SÁBADO
17h30min – Chuva repentina (92’)
19h30min – Vida de casado (97’)

>> Dia 8, DOMINGO
16h30min – Correnteza (117’)
19h – Quando a mulher sobe a escada (111’)

>> Dia 9, SEGUNDA
17h30min – Atores itinerantes (71’)

19h30min – Toda a familia trabalha (65’)

segunda-feira, novembro 25, 2013

recine

Enquanto a Semana dos Realizadores roubas as atenções no Espaço Itaú de Cinema, o Recine tem pelo menos três sessões imperdíveis.

No Arquivo Nacional, a versão restaurada de "Copacabana mon amour" (1970), de Rogério Sganzerla, na terça, 26 de novembro, às 20h.

E "Ladrões de cinema" (1977), de Fernando Coni Campos, na quarta, 27 de novembro, às 20h.

Além disso, no MAM, "Ganga Bruta" (1933), na quinta, 28 de novembro, às 20h.

quinta-feira, novembro 21, 2013

links

Voltando as poucos. Alguns links:

- Alguns ótimos textos na nova edição da "Cinética". Recomendo muitíssimo os de Paulo Santos Lima, Francis Vogner dos Reis e Fábio Andrade.

- Ainda na "Cinética", tem Jean-Claude Brisseau por Luiz Soares Júnior, e uma entrevista incrível de Juliano Gomes com Claire Denis

- Saymon Nascimento em dois posts inspirados. Um sobre "Breaking Bad" e outro sobre "Bling Ring".

- Nova e incrível edição do La Furia Umana

- Uma entrevista com Philippe Garrel na "Lumière".

- Brad Stevens sobre Jess Franco

- Uma conversa entre João Pedro Rodrigues e Alain Guiraudie no CinemaScope

- Vocês já viram a nova edição da "Lola", né?

- Screening the Past em nova edição sob a batuta de Adrian Martin

- Adrian Martin sobre Leos Carax e Marlon Brando

- Nesta página, é possível ver links para alguns dos trabalhos de Tom Gunning.

- Uma entrevista com Chantal Akerman:



- USA GO HOME no Youtube com legendas em inglês:



- E pra quem ainda não viu:



sexta-feira, novembro 08, 2013

saraceni na caixa

Outra mostra imperdível, Paulo Cezar Saraceni, na Caixa. Vejam a programação abaixo:

8 de novembro de 2013 (sexta-feira)

15h – “Capitu”, de Paulo Cezar Saraceni (1968, 105’, 35 mm, 10 anos, ficção)

17h – “A casa Assassinada”, de Paulo Cezar Saraceni (1971, 103’, 35mm, 16 anos, ficção)

19h – “O Viajante”, de Paulo Cezar Saraceni (1998, 117’, 35mm, 18 anos, ficção)

9 de novembro de 2013 (sábado)

15h – Sessão de Curtas: 1. “Casimiro de Abreu”, de Paulo Cezar Saraceni (1972-1976, 10’, DVD, Livre, documentário) + 2. “Laço de Fita”, de Paulo Cezar Saraceni (1976, 30’, 35mm, Livre, documentário) + 3. “Cinema: como é e como se faz”, de Paulo Cezar Saraceni (1974, 15’, 35mm, Livre, documentário) + 4. “Quadro a Quadro Newton Cavalcanti”, de Paulo Cezar Saraceni (1984, 10’, 35mm, Livre, documentário)

17h – “O Gerente”, de Paulo Cezar Saraceni (2011, 81’, DVD, 10 anos, ficção,)

19h – Debate com o elenco do filme “O Gerente”

10 de novembro de 2013 (domingo)

15h – “Banda de Ipanema”, de Paulo Cezar Saraceni (2002, 86’, 35mm, 12 anos, documentário)

17h – “Natal da Portela”, de Paulo Cezar Saraceni (1988, 85’, 35mm, 14 anos, ficção)

19h – “Amor, Carnaval e Sonhos”, de Paulo Cezar Saraceni (1972, 80’, DVD, 14 anos, ficção)

12 de novembro de 2013 (terça-feira)

14h – “Bahia de Todos os Sambas”, de Paulo Cezar Saraceni (1996, 102’, 35mm, Livre, documentário)

16h – “Memórias de Garrincha”, de Paulo Cezar Saraceni (2001, 100’, DVD, Livre, documentário)

18h – “Anchieta, José do Brasil”, de Paulo Cezar Saraceni (1977, 150’, DVD, 16 anos, ficção)

13 de novembro de 2013 (quarta-feira)

15h – “O Desafio”, de Paulo Cezar Saraceni (1964, 100’, 35mm, 18 anos, ficção)

17h – “Ao Sul do Meu Corpo”, de Paulo Cezar Saraceni (1981, 102’, 16mm, 18 anos, ficção)

19h – “Integração Racial”, de Paulo Cezar Saraceni (1964, 40’, 16mm, Livre, documentário)

14 de Novembro de 2013 (quinta-feira)

15h – “O Gerente”, de Paulo Cezar Saraceni (2011, 81’, DVD, 10 anos, ficção)

17h – “Capitu”, de Paulo Cezar Saraceni (1968, 105’, 35 mm, 10 anos, ficção)

19h – Palestra sobre “O Cinema Novo”. Palestrante: Hernani Heffner. Mediador: João Paulo Saraceni

15 de novembro de 2013 (sexta-feira)

15h– “Porto das Caixas”, de Paulo Cezar Saraceni (1962, 75’, 35mm, 14 anos, ficção).

17h – “A casa Assassinada”, de Paulo Cezar Saraceni (1971, 103’, 35mm, 16 anos, ficção)

19h – “O Viajante”, de Paulo Cezar Saraceni (1998, 117’, 35mm, 18 Anos, ficção)

16 de novembro de 2013 (sábado)

15h – “Natal da Portela”, de Paulo Cezar Saraceni (1988, 85’, 35mm, 14 anos, ficção)

17h – “O Gerente”, de Paulo Cezar Saraceni (2011, 81’, DVD, 10 anos, ficção)

19h – “Bahia de Todos os Sambas”, de Paulo Cezar Saraceni (1996, 102’, 35mm, Livre, documentário)

17 de novembro de 2013 (domingo)

14h – Sessão de Curtas: 1. “Casimiro de Abreu”, de Paulo Cezar Saraceni (1972-1976, 10’, DVD, Livre, documentário) + 2. “Laço de Fita”, de Paulo Cezar Saraceni (1976, 30’, 35mm, Livre, documentário) + 3. “Cinema: como é e como se faz”, de Paulo Cezar Saraceni (1974, 15’, 35mm, Livre, documentário) + 4. “Quadro a Quadro Newton Cavalcanti”, de Paulo Cezar Saraceni (1984, 10’, 35mm, Livre, documentário)

16h – “Anchieta, José do Brasil”, de Paulo Cezar Saraceni (1977, 150’, DVD, 16 anos, ficção)

19h – “O Gerente”, de Paulo Cezar Saraceni (2011, 81’, DVD, 10 anos, ficção)

terça-feira, novembro 05, 2013

rithy panh

Última semana do Rithy Panh no CCBB:

06/11 – quarta           
15h30 – Bophana, uma tragédia cambojana (1996) – 59’
17h – Duch, o mestre das forjas do inferno (2011) – 110’
19h15 – Debate: Anita Leandro e Carla Maia e Luís Felipe Flores

07/11 – quinta             
15h30 – Tio Rithy (2009) – 94’
17h30 – A terra das almas errantes (2000) – 106’
20h – Papel não embrulha brasas (2007) – 90’

08/11 – sexta
15h30 – Cinco vidas (2010) – 93’
17h30 – Uma barragem contra o Pacífico (2008) – 115’
20h – Os artistas do teatro queimado (2005) – 82’

09/11 – sábado
16h – Por onde eu vou (2012) – 55’
17h30 – O khmer vermelho e o pacifista (2011) – 88’
19h30 – Uma noite após a guerra (1998) – 108’

10/11 – domingo
16h – A terra das almas errantes (2000) – 106’
18h – Casamento vermelho (2013) – 58’
19h15 – A imagem que falta (2013) – 95’

11/11 – segunda
16h – O último refúgio (2013) – 55’
17h30 – O sono de ouro (2011) – 96’
19h30 – Condenados à esperança (1994) – 125’

sexta-feira, outubro 25, 2013

garrel no mam

Sessão dupla de Philippe Garrel no MAM no sábado:

16h – Não ouço mais a guitarra (Je entends plus la guitarre, 1991) 

18h – O nascimento do amor (Le naissance de l’amour, 1993) 

quinta-feira, outubro 17, 2013

segunda-feira, setembro 30, 2013

cinemaison

Em pleno festival, uma sessão dupla imperdível no Cinemaison desta segunda:

Às 18h, Os Excluídos do Bom Deus, de Jean-Claude Brisseau
Às 20h, Coisas Secretas, de Jean-Claude Brisseau

segunda-feira, setembro 23, 2013

festival do rio

O Festival do Rio se aproxima. Embora sinta falta de algumas coisas (os últimos de
João Pedro Rodrigues, Miguel Gomes, Jia Zhangke, Tsai Ming-Liang, etc.), a seleção é uma das melhores dos últimos anos. Fiz uma lista enorme abaixo.  Em itálico os que já têm data de estréia por aqui. Estes três abaixo eu já vi e recomendo muitíssimo:

Todos os outros, de Maren Ade
A garota de lugar nenhum, de Jean-Claude Brisseau
Vic + Flo viram um urso, de Dnis Côtés

Os que mais quero ver:

Um estranho no lago, de Alain Guiraudie
Gravidade, de Alfonso Cuaron
Heli, de Amat Escalante
La paz, de Santiago Loza
Os três filmes (Downhill, O ringue, O inquilino) de Alfred Hitchcock
Dr. Mabuse 1 e 2, de Fritz Lang
Os donos, de Augustin Toscano e Ezequiel Radusky
A princesa das ostras, de Ernst Lubitsch
Viver na RFA, de Harun Farocki
Salvo, de Fabio Grassadonia e Antonio Piazza
Milius, de Joey Figueroa e Zak Knutson
Seduzido e abandonado – Os bastidores de Cannes, de James Toback
Shampoo, de Hal Ashby
Wrong Cops, de Quentin Dupieux
A dança da realidade, de Alejandro Jodorowsky
A filha de ninguém, de Hong Sang-Soo
Abuso de Vulnerável, de Catherine Breillat
Apenas Deus perdoa, de Nicolas Winding Refn
Até que a loucura nos separe, de Wang Bing
Backwater, de Shinji Aoyama
Bastardos, de Claire Denis
Blind Detective, de Johnnie To
Computer Chess, de Andrew Bujalski
Clear History, de Gregg Mottola
Joe, de David Gordon Green
Quando a noite cai em Bucareste ou Metabolismo, de Corneliu Porumboiu
Manuscritos não queimam, de Mohammad Rasoulof
Outrage Beyond, de Takeshi Kitano
Real, de Kyoshi Kurosawa
Sacro Gra, de Gianfrancesco Rosi
Sozinha, de Wang Bing
Spring Breakers, de Harmony Korine
Night moves, de Kelly Reichardt
Nós somos melhores, de Lukas Moodysson
O imigrante, de James Gray
Our Sunhi, de Hong Sang-Soo
Only lovers left alive, de Jim Jarmusch
Terra prometida, de Gus Van Sant
The canyons, de Paul Schrader
Ilusões satânicas, de Paul Schrader
Mishima, de Paul Schrader
Vivendo na corda bamba, de Paul Schrader
Tip top, de Serge Bozon
O rei da fuga, de de Alain Guiraudie
A imagem que falta, de Rithy Panh
A estação de rádio, de Nicolas Philibert
Em Berkeley, de Frederick Wiseman
O conhecido desconhecido: a era Donald Rumsfeld, de Errol Morris
O último dos injustos, de Claude Lanzmann
Metallica: Through the Never 3-D, de Nimród Antal
Crystal Fairy e o cactus mágico, de Sebastián Silva

Os que quero ver:

A grande beleza, de Paolo Sorrentino
Behind the candelabra, de Steven Soderbergh
Fading Gigolo, de John Turturro
Jovem e bela, de François Ozon
Michael Kohlhaas, de Arnauld des Pallieres
Nebraska, de Alexander Payne
Um time show de bola, de Juan José Campanella
Yella, de Christian Petzold
O verão da minha vida, de Nat Faxon e Jim Rash
Fruitvale Station, de Ryan Coogler
Invadindo Bergman, de Jane Magnusson e Hynek Pallas
A morte lhe cai bem, de Robert Zemeckis
The National: Mistaken for Strangers, de Tom Berninger
Feio, de Anurag Kashyap
Eu e você, de Bernardo Bertolucci
Suspensão da realidade, de Mike Figgs
The zero theorem, de Terry Gillian
Um castelo na Itália, de Valeria Bruni Tedeschi
Os corredores da morte, de Werner Herzog
Marcel Ophuls, um viajante, de Marcel Ophuls
Os fortes não descansam, de Alain Guiraudie

Os que tenho curiosidade:

Blue Jasmine, de Woody Allen
Como não perder essa mulher, de Joseph Gordon-Levitt
O mordomo da casa branca, de Lee Daniels
Obsessão, de Lee Daniels
A cidade abaixo, de Christoph Hochhauser
Dreileben: Algo melhor do que a morte, de Christian Petzold
A segurança interna, de Christian Petzold
As delicias da tarde, de Jill Soloway
O gigante egoísta, de Clio Barnard
Minha doce Pepper Land, de Hiner Saleem
Sophie Calle, sem título, de Victoria Clay Mendoza
Sarah prefere correr, de Chloé Robichaud
Contadores de Imagens, de Noelle Deschamps
Michael Haneke – Profissão: Diretor, de Yves Montmayeur
Os impostores do Hip Hop, de Jeanie Finlay
Sapi, de Brilhante Mendoza
Vosso ventre, de Brilhante Mendoza
Walesa, de Andrzej Wajda
O espírito de 45, de Ken Loach
Moebius, de Kim Ki-Duk




sexta-feira, setembro 20, 2013

cinemaison

Próxima segunda, uma noite imperdível no Cinemaison:

Às 18h, "O desprezo" (1963), de Jean-Luc Godard
Às 20, "A bela da tarde" (1967), de Luis Buñuel

terça-feira, setembro 17, 2013

the bling ring ***

É curiosa, porém compreensível, a decepção algo generalizada que marcou a recepção deste filme, tanto nos EUA quanto no Brasil. Esperava-se uma espécie de raio-x da sociedade contemporânea, seu consumismo, suas celebridades, seu cinismo, etc. Tudo isto está lá. Sofia Coppola, contudo, seria uma cineasta imparcial, sem um ponto de vista mais específico sobre a história. É bem verdade que Coppola se atém aos fatos cinematográficos, às cenas. Ela não simpatiza inteiramente com os personagens, mas tampouco se dispõe a julgá-los de maneira mais incisiva. O filme pode até mesmo parecer um pouco blasé, sobretudo, em seu final.

Quer dizer: muitas destas críticas não são absurdas, embora elas muitas vezes passem por cima da sensibilidade e do ritmo que Coppola imprime a este material. Coppola, como sempre, mostra-se muito mais interessada em delinear um certo estado. O estilo de “The Bling Ring” procura incorporá-lo. Um estilo que ágil, recheado de informações, marcado por colagens, que se contrapõe diretamente ao seu longa anterior. Acho que Kent Jones chegou ao nervo central não somente de “The Bling Ring”, mas do cinema mesmo de Sofia Coppola: seus filmes têm mais uma ambiência, em um sentido musical, do que uma trama. O filme me ganhou aos poucos. De repente, sinto-me seduzido e ao mesmo tempo absolutamente horrorizado. As luzes se ascendem e os sentimentos, ainda a serem conjugados, permanecem. Coppola sabe o que faz.  

sábado, setembro 14, 2013

daney

O filme "Serge Daney - Itinéraire d'un ciné-fils" (1992) com legendas em inglês:







quarta-feira, setembro 11, 2013

sem dor, sem ganho **

Eu não tenho lá muita paciência com o Michael Bay. Tratava-se, contudo, de uma comédia com Mark Wahlberg, e, sobretudo, Dwayne “The Rock Johnson”. Animei-me e fui ver “Sem dor, sem ganho”. Disse não ter muita paciência, mas tenho achado por demais preguiçoso insistir que os constantes deslocamentos temporais e espaciais que marcam os blockbusters americanos seja fruto de uma espécie de amnésia histórica ou de uma indefensável incompetência. Essa é a forma mais tradicional de criticar Bay: ele não saberia decupar, não teria noções de escala ou ritmo, e seus filmes se moveriam sem direção, graça ou sentido.

Eu gosto cada vez mais do termo cunhado por Steven Shaviro, “post-continuidade”, para designar um cinema em que a preocupação com certos efeitos imediatos triunfa sobre qualquer questão a respeito de uma continuidade mais ampla, seja no nível do plano-a-plano, seja no âmbito narrativo. Bay, por exemplo, não é nenhum pouco ingênuo. Para ele, a continuidade não parece mais ser preponderante para delinear a geografia de uma ação, ancorando-a claramente no tempo e no espaço. A sequência torna-se uma colagem de fragmentos irregulares de ângulos, explosões, lutas, perseguições, e movimentos violentamente acelerados. Não há nenhum sentido de continuidade espaço-temporal. O que importa é entregar uma série contínua de choques para o público.

Talvez a abordagem maximalista e impiedosa de Bay tenha menos a ver com a destruição ou a ignorância em relação a uma certa noção de cinema e mais com a ambição de esboçar um outro cinema. Bay está muito claramente interessado no calor do momento, imprime um tom “impressionista” que alimenta uma relação diversa com as noções de personagem, espaço e trama, e não está lá muito interessado nos valores clássicos da continuidade – embora, é preciso dizer, a continuidade ainda persiste em alguns momentos, sendo respeitada ocasionalmente e de forma oportunista.

“Sem dor, sem ganho” não curou minha impaciência, devo dizer. Mas é um filme de questões extremamente importantes. Lugo é um personagem que acredita ser antipatriótico “not go for it”. Que dizer: com esforço e perseverança suficientes devemos nos tornar “super-homens” e viver no luxo. O filme, por sua vez, bate várias vezes na tecla de que o que estamos vendo de fato aconteceu. Bay não julga exatamente seus personagens. “Sem dor, sem ganho” conspira a favor de seus protagonistas. O que não quer dizer que suas ações sejam legitimadas. Algo diferente se passa. O desconforto que algumas situações geram no espectador é logo em seguida diluído em nome de uma certa noção de prazer. Talvez haja cinismo nisso tudo, embora eu tenha minhas dúvidas. Certeza mesmo é a de que Bay é um dos cineastas mais representativos do tempo em que vivemos e do cinema de nossa época.

domingo, setembro 08, 2013

denis e assayas

Eu ainda não conhecia esses vídeos. Pelo que entendi, o Walker Art Cente, em Minneapolis, organiza algumas retrospectivas e convida críticos/teóricos para gravar entrevistas com cineastas. Ainda não pude ver todos, mas gostei bastante destes dois:

Olivier Assayas e Kent Jones:



Claire Denis e Eric Hynes: