quarta-feira, agosto 27, 2014

grandrieux

Para que servem? Que real é capaz de animá-las? Philippe Grandrieux, em entrevista a Nicole Brenez, fala de uma certa exigência, de uma dinâmica que busca voltar às fontes mais profundas e obscuras do desejo de representação. Ele diz:

"O que buscamos, desde os primeiros traços de mãos impressas em rochas, na longa e alucinada perambulação dos homens através do tempo, o que tentamos alcançar tão febrilmente, com obstinação e sofrimento, por meio da representação, através de imagens, senão abrir a noite do corpo, sua massa opaca, a carne com a qual pensamos - e apresentá-lo à luz, à nossa cara, o enigma de nossas vidas".

A imagem sem valor de face aparente, que preserva um tipo de fascinação que o cinema não via há algum tempo e que nos demanda uma postura diferenciada. Antes de compreender, é preciso ver. Não se trata de uma decifração. Um filme deve ganhar uma consistência de ser, que insiste em si mesmo, abre-se, expõe-se e produz uma vida, anterior e adiante, que fissura o tempo presente, justifica-o e dinamiza-o. É uma certa opacidade do pensamento da visão que está em jogo: experiência irredutível à generalização, que, justamente por situar-se além de nossas possibilidades, força a pensar.

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