segunda-feira, janeiro 30, 2012
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sexta-feira, janeiro 27, 2012
quinta-feira, janeiro 26, 2012
compramos um zoológico **
O que me parece ser o grande projeto de Cameron Crowe é nos convencer de que a vida pode dar certo como um filme hollywoodiano. Por isso ele trabalha tão perto de uma variedade enorme de clichês e imagens consagradas, usadas e abusadas no cinema. “Compramos um zoológico” é um desfile de tipos, diálogos e situações industrializadas, digamos assim, sem pré-julgamentos. Crowe tenta redimir, reinvestir, recalibrar todos isto. Este é o seu desafio: produzir momentos epifânicos de dentro da cultura pop e de consumo. E talvez ele até consiga em um ou outro momento, seja através de uma música, da atuação de um ator (Crowe costuma tirar boas interpretações de seus intérpretes), ou do jogo de identificação por meio do qual um clichê consegue por vezes nos ganhar.
Agora, a minha sensação é a de que Crowe se esforça demais. Talvez seja um dos cineastas mais chantagistas e carentes do cinema americano hoje. “Compramos um zoológico”, como “Elizabethown” (2005), penúltimo filme do cineasta, é uma metralhadora programada para atirar momentos epifânicos por todos os lados. E isto é como uma contradição. Veja bem: “Compramos um zoológico” é um misto de comédia romântica, de comédia de costumes, de temas de redenção e realização pessoal. E o nosso protagonista vai à luta depois de perder a jovem mulher, o emprego e o apreço do filho mais velho. Como pode, contudo, ele encontrar uma vida tão pré-roteirizada?