sexta-feira, julho 27, 2012

martha marcy may marlene **


Não gostei muito deste “Martha Marcy May Marlene” (2011), longa de estreia de Sean Durkin muito bem recebido pela crítica internacional. Nele, uma jovem mulher sofre delírios e paranoias ao voltar para a casa da irmã depois de um período vivendo em um estranho culto. As primeiras sequencias já imprimem o tom entre o mistério e a ansiedade que perpassa o filme, além de estabelecer sua base formal: a alternância entre a desorientação silenciosa da vida em família e a loucura sedutora do culto.  O que me incomoda é como esta estrutura e tema (além do cenário) me parecem recorrentes no chamado cinema independente americano, mais um pré-requisito do que matéria-prima, menos uma realidade realmente vivida, do que um cenário e mise-scène já prontas.   Pra mim, “Martha” não diz ao que veio. Ainda assim, devo dizer que John Hawkes é um grande ator, e, por causa dele, na pele do loucamente esclarecido líder do culto, algumas imagens ainda permanecem rondando minhas memórias.

quarta-feira, julho 25, 2012

links

- Uma nova revista online: Laika!

- Texto de Nicole Brenez sobre Renoir.

- Mais um novo texto na Lola, uma conversa sobre os filmes presentes no último festival de Rotterdam.

E Bresson:

domingo, julho 22, 2012

fausto**


“Fausto” é mais uma elegia do cineasta russo Alexander Sokurov, um conto melancólico, uma composição poética e musical consagrada aos tropeços do homem como condutor da história. O filme começa e somos já introduzidos ao universo absolutamente inconfundível do realizador: a recusa ao naturalismo, a força da paisagem na caracterização dos personagens, o talento plástico e de composição do quadro, a dilatação do tempo, as anamorfoses, as lentes deformantes, os variados filtros, o trabalho refinado de uma imagem mais expressionista.

A história do homem que vendeu a alma ao diabo é material farto para Sokurov. A princípio, “Fausto” é uma nova adaptação do celebrado poema de Goethe, sobre o ambicioso Dr. Fausto que, ávido por conhecimento, faz um pacto com o demônio para superar a técnica e o progresso de seu próprio tempo. Na interpretação de Sokurov, no entanto, Fausto (Johannes Zeiler) é absolutamente desprovido de qualquer característica romântica. Ele é cínico e utilitarista, disposto a passar por cima de qualquer um para alcançar seu objetivo. O tratamento dado ao personagem é cômico, beirando o pastelão, com toques escatológicos e diálogos intermináveis. Mefistófeles, conhecido no filme como o agiota (Anton Adasinskiy), diferentemente da maioria de suas incorporações literárias, não é um demônio encantador. Muito pelo contrário. É uma figura desajeitada e um tanto grotesca.

Com “Fausto”, Sokurov fecha sua tetralogia sobre o poder, formada ainda por “Moloch” (1999), sobre Hitler, “Taurus” (2001), sobre Lenin, e “O Sol” (2005), sobre o imperador japonês Hirohito. Dessa vez, estamos diante de um personagem ficcional que, diferente dos tiranos dos filmes anteriores, que se viam como representantes de Deus na Terra e são levados à desagradável constatação de que são apenas humanos, Fausto se transforma em algo “superior” já no fim do longa e sua jornada nos é apenas introduzida. Se os outros personagens eram confrontados com a morte, Fausto sai de quadro para enfim tornar-se o que sempre quis. Hitler, Lênin e Hiroito são enquadrados em um processo de desmistificação que, no caso dos dois primeiros, os retirava mais ou menos do contexto Histórico no qual estavam inseridos. Fausto, por sua vez, é como a história definitiva do Homem com H maiúsculo.

Isto porque os seres humanos no cinema de Sokurov jamais operam somente sob a dimensão do indivíduo. São sempre, sobretudo, reflexos da condição humana ou sintomas de um determinado fluxo histórico. Se para Goeth, Fausto seria a representação do humano em seu sentimento mais profundo de impotência diante da natureza e da inexorabilidade da morte, para o cineasta russo, o desejo insaciável do personagem por conhecimento e poder é como que a fonte de todo o mal do século XX, terreno comum sob qual surgiriam Hitler, Lênin e Hiroito. E se nos filmes anteriores havia uma certa piedade em relação ao humano, dessa vez a palavra mais adequada talvez seja mesmo cinismo. Resta então a Sokurov uma única salvação, uma busca também insaciável por transcendência através do cinema.  

quinta-feira, julho 19, 2012

links

- o MAM do Rio exibe em película alguns filmes do Carlão Reichenbach: “Audácia – a fúria dos desejos”  (dom 22, às 18h), “Bens confiscados” (qui 26, às 18h30), “As libertinas” (sex 27, às 18h30), “Amor, palavra prostituta” (sab 28, às 18h).


- dois textos bem legais na Cinética. Um do guru Hernani Heffner e outro de Andrea Ormond sobre Sérgio Mallandro e Mr. Catra.

- uma entrevista com Apichatpong Weerasethakul.

- nova edição da "La Furia Umana".

- textos novos na "Lola".

- dossiê Maurice Pialat na Interlúdio.

- Inácio Araújo sobre "Na estrada".

terça-feira, julho 17, 2012

bellamy ***


Eu me diverti muito vendo este filme, o último de Claude Chabrol. O cineasta é de uma elegância ímpar. O espaço é seu campo de trabalho. Jamais um personagem se encontra a direita do quadro de maneira indiferente. Muito pelo contrário. “Bellamy” (2009) é uma espécie de suspense psicológico, mais um capítulo da filmografia deste cineasta, um dos maiores caricaturistas da classe média francesa. Nele, Gerard Depardieu vive o Inspetor Paul Bellamy. Em plenas férias, ele é procurado por um homem que se diz responsável pela morte de outro homem. Enquanto isso, Bellamy recebe a vista de seu irmão. Françoise é como seu oposto: inseguro, mau caráter, mal sucedido...

Aos poucos, vemos uma sucessão de duplos não somente do protagonista (seu irmão), como também do homem que o procurou. E o duplo não é visto como um outro, mas como uma espécie de modalidade de sua própria existência. Compreende-se então que, mais importante do que a resolução do caso de assassinato, é reconhecer que Bellamy poderia estar do outro lado desta história, poderia ser ele o assassino. Jean Douchet disse certa vez que a grande questão do cinema de Chabrol é a do ser e ter. O que o personagem quer ter para poder ser? E o problema é que quanto mais ele quer ter, menos ele é. Ao fim, em geral, o personagem é como um monstro, completamente embriagado pelo ter. E consciente disto. Bellamy, contudo, talvez seja diferente. Não sabemos.

quarta-feira, julho 11, 2012

ricky gervais


"I’m not one of those people who think that comedy is your conscience taking a day off. My conscience never takes a day off and I can justify everything I do. There’s no line to be drawn in comedy in the sense that there are things you should never joke about. There’s nothing that you should never joke about, but it depends what that joke is. Comedy comes from a good or a bad place. The subject of a joke isn’t necessarily the target of the joke. You can make jokes about race without any race being the butt of the joke. Racism itself can be the butt, for example. When dealing with a so-called taboo subject, the angst and discomfort of the audience is what’s under the microscope. Our own preconceptions and prejudices are often what are being challenged. I don’t like racist jokes. Not because they are offensive. I don’t like them because they’re not funny. And they’re not funny because they’re not true. They are almost always based on a falsehood somewhere along the way, which ruins the gag for me. Comedy is an intellectual pursuit. Not a platform".

sexta-feira, julho 06, 2012

a febre do rato **


Ainda não me decidi a respeito deste filme. Na verdade, não sei bem se gosto ou não dos filmes de Cláudio Assis. É um cineasta dividido entre a necessidade de denunciar, diagnosticar, representar uma dada realidade, e o desejo de afirmar uma maneira de olhar para essa realidade. E este olhar nunca parece no mesmo nível dos personagens, não se liga aos seus corpos, ao contrário, afirma-se sempre como uma outra instância. Assume-se o aspecto formalista do cinema, e, consequentemente, produz-se distanciamentos. Distanciamentos que vão muitas vezes contra os próprios filmes. É bem verdade que essa busca por uma marca, visível em cada plano, é realizada com um tesão contagiante. E isto me faz ver seus filmes com certa simpatia.

Este “A febre do rato”, contudo, me incomodou bastante. Talvez tenha mesmo a ver com a escolha pelo preto e branco estilizado. Não sei... Eu me senti distante daquele universo. Muito distante. E os personagens deste filme não parecem ter vida própria. Não são gente de carne, osso e desejos. Isto talvez já existisse lá em “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas”. Talvez... Acho especialmente estranho não se falar em dinheiro em “A febre do rato”. De que sobrevive o poeta? Não me parece haver muito conflito neste filme. Até que, de repente, Zizo é preso e assassinado. Assis, no entanto, continua com o mesmo tesão, mas é como se o filme não fechasse.  

terça-feira, julho 03, 2012

top30


Como sabem, semana passada, pude ver dois dos meus filmes preferidos (“Imitação da vida” e “O medo devora a alma”). Isto acabou me levando a fazer uma lista com os filmes que mais gosto. Foi difícil chegar a 30, mas eles seguem aí abaixo. Não são necessariamente os que mais importantes ou mesmo melhores.... São, isto sim, os que mais me divertem, os que vi mais vezes... 

Aurora (1927) - F.W. Murnau
A cadela (1931) - Jean Renoir
O diabo a quatro (1933) - Leo McCarey
O Gato Preto (1934) - Edgar G. Ulmer
Stromboli (1950) - Roberto Rossellini
As Férias do Sr. Hulot (1953) - Jacques Tati
Rastros de ódio (1956) - John Ford
Delírio de loucura (1956) - Nicholas Ray
A Marca da Maldade (1958) - Orson Welles
A imitação da vida (1959) - Douglas Sirk
Crônica de um verão (1960) - Jean Renoir e Edgar Morin
Hatari (1962) - Howard Hawks
O leopardo (1963) - Luchino Visconti
O desprezo (1963) – Jean-Luc Godard
Mouchette (1967) / O dinheiro (1983) – Robert Bresson (1967)
Terra em Transe (1967) - Glauber Rocha
Husbands (1970) - John Cassavetes
Nathalie Grander (1972) - Marguerite Duras
O medo devora a alma (1974) - Rainer W. Fassbiner
Apocalypse Now (1979) - Francis Ford Coppola
Aos nossos amores (1982) - Maurice Pialat
Cão branco (1982) - Samuel Fuller
Vídeodrome (1983) - David Cronenberg
Bad lieutenant (1992) - Abel Ferrara
Jovens, loucos e rebeldes (1993) - Richard Linklater
Dead Man (1995) - Jim Jarmusch
Millennium Mambo (2001) - Hou Hsiao-hsien
O Intruso (2004) - Claire Denis
Síndromes e um século (2006) - Apichatpong Weerasethakul
Os donos da noite (2007) - James Gray

domingo, julho 01, 2012

relato sobre o último edital do minc


Pequeno relato de Dácia Ibiapina, em 19/06/2012.

Aceitei participar desta comissão atendendo a um convite da Secretária Ana Paula Santana. Estava fora de Brasília quando recebi o telefonema e aceitei, como dever de ofício, sem saber quem eram os outros integrantes. Posteriormente recebi as instruções: cada integrante deveria ler todos os projetos (253) e indicar apenas 03 para serem discutidos em uma reunião dos cinco membros da comissão.

Não foi solicitado parecer dos membros da comissão para cada um dos projetos. Foi solicitado que pontuássemos com notas de 0 a 10 quatro critérios de seleção conforme abaixo:

1) Excelência criativa

2) Coerência do roteiro ou argumento com a proposta de produção e de direção da obra

3) Originalidade na abordagem e/ou ações de pesquisa do tema

4) Exeqüibilidade orçamentária da obra nos termos do edital.

Com estas notas os técnicos do MinC fizeram a tabulaçã e daí saiu a lista de 12 filmes a serem debatidos na reunião da comissão de seleção. Dos quais 05 foram contemplados e outros 03 ficaram na suplência. O número de 12 filmes e não de 15 é porque algumas indicações coincidiram.

A comissão de seleção foi formada por:

1) Denise Correia da Fontoura – do Rio de Janeiro – trabalha com roteiro, consultoria de roteiro, produção. Foi casada com Antonio Carlos Fontoura.

2) Dácia Ibiapina – DF, documentarista

3) Elisa Tomelli – SP, produtora

4) Selma Cristina Nunes – SP, Diretora de Negócios e conteúdo audiovisual Teleimage/Casablanca

5) Wilson Feitosa – SP, Distribuidor, Diretor Geral da Unifilmes Distribuidora

A reunião estava prevista para acontecer aqui em Brasília, no MinC. Foi transferida de última hora para um hotel no Rio. Ao chegar lá, fiquei conhecendo pessoalmente os colegas de comissão.

Foi uma reunião difícil para mim. Estava duplamente em minoria: única de fora do eixo RJ/SP e única diretora de documentários. O tom do debate sobre os filmes foi pautado no chamado “negócio do cinema”. Quem vai querer ver um filme como esse? Quem vai querer exibir? Quem vai querer distribuir? Quem vai querer comprar? Sobre a questão de contemplar filmes de fora do eixo Rio/SP para descentralizar a produção, fui voto vencido com base em dois argumanetos: 1) o edital não prevê cotas regionais; 2) a maioria esmagadora dos projetos era do Rio ou de São Paulo. Os colegas também insistiram muito na questão dos nomes consagrados como garantia de que os filmes terão qualidade e espaço de exibição. O mesmo aconteceu na comissão do edital de roteiros, que se reuniu no dia anterior. A novidade neste sentido é que alguns projetos gaúchos foram contemplados nos dois editais. Principalmente o pessoal que foi ou é da Casa de Cinema, já consagrados.

Aproveito para lembrar aqui que alguns diretores de fora do eixo Rio/SP concorreram por produtoras do Rio ou de São Paulo. São profissionais que hoje residem e trabalham naquelas cidades; ou ainda diretores que não encontraram produtora em seus estados de origem dispostas a entrar com seu projeto.

Não quero entrar aqui na discussão sobre os filmes contemplados ou não. Não acho ético. Também não pretendo aqui me justificar. Cumpri o edital, li e analisei com atenção todos os 253 projetos, fiz anotações e, ao final, pude indicar apenas 03 projetos para debate. Uma decisão cruel. Passei o mês de maio inteiro fazendo este trabalho. O edital não previa qualquer tipo de cota, seja regional ou para estreante. E este é o motivo pelo qual faço aqui este relato. Acho que esta questão é de interesse coletivo. Não previa também cota regional para a comissão de seleção. Sinto-me desobrigada com relação a questões pessoais, afinal eu também já tive, por inúmeras vezes, projetos e filmes preteridos em editais, bem como em comissões de seleção e júris de festivais e mostras de cinema. Nem por isso fui pedir explicações aos colegas ou pressioná-los. Nestes casos, infelizmente, ser contemplado é a exceção. A regra é não ser contemplado. No caso do edital longa doc a concorrência era de 50 projetos para 01 contemplado.

Porque participar e o que aprendi

Pude ler os projetos e me informar sobre quem está querendo fazer documentários, que tipo de documentários, sobre quais temas, de que forma e com quais objetivos. Para mim que faço documentários e estudo o tema, é importante ter este panorama.
Pude constatar que hoje é difícil pensar sobre o que é e o que não é documentário. A esmagadora maioria dos projetos caberia perfeitamente na categoria documentário para televisão. Dos 253 projetos, 60 eram filmes sobre personalidades. O que me remeteu ao projeto DocTV, que poderia perfeitamente acolher parte dos projetos e estes poderiam ser feitos com até 200 mil reais, em vez de pleitearem neste edital 625 mil reais, sendo 125 mil de contrapartida e 500 mil do edital. A idéia de exigir contrapartida não funcionou a contento. A maioria colocou como contrapartida cachês de pesquisa, roteiro, direção; além de uso sem custo dos equipamentos da produtora. Coloquei esta questão do DocTV para Ana Paula Santana, que passou rapidamente na reunião. Estava a caminho da Rio+20. Ela disse que o DocTV não acabou. Está sendo reformulado porque o “modelo de negócios” se revelou falho. Revelou, para minha surpresa, que nem a TV Brasil, nem a TV Cultura, estão interessadas no DocTV. Disse que ainda este ano o MinC pretende lançar ainda editais de telefilmes e teledocumentários. Que também não sei bem se é o que a gente gostaria. Contra o doctv, alguém argumentou: o pessoal pegava a grana do doctv já pensando em fazer um doc pra cinema e não um doctv, tanto é que muitos doctvs tiveram também versão pra cinema. Depois fiquei pensando: se a Globo pode pegar seus programas e transformar em filme pra cinema, porque os documentaristas não podem fazer o mesmo? São as famosas multiplataformas. Por que não?

Ainda sobre os 253 projetos, observei que tinha vários que foram claramente formatados para outros editais e reformulados para este. Editais como EtnoDoc, Histórias que ficam e, pasmem, para editais de filmes de ficção, que foram transformados em projetos de documentário. Nada contra: apenas um dado que chamou minha atenção. Observei também que tinham muitos “ficcionistas” concorrendo neste edital. Observei também que tinha muitos filmes que permitem à equipe técnica viajar pelo Brasil e por outros países, tipo doc “on the Road”. Havia também muitos projetos de produtores e diretores de televisão. Havia também projetos que já estão em produção.

Dever de casa para nós, em minha modesta opinião

1) Nós, de fora do eixo RJ/SP, precisamos apresentar mais e melhores projetos. Assim, talvez, fique mais fácil fazer frente à quantidade avassaladora de projetos do Rio e de São Paulo. Por outro lado: que estímulo temos se quase nunca somos contemplados?

2) Se acreditamos em descentralização da produção audiovisual, especialmente de cinema para exibição em salas, precisamos voltar a pressionar o MinC por cotas regionais, não só nos editais, mas também nas comissões de seleção.

3) Se acreditamos que uma parte dos recursos públicos deva ser investida em formar mão de obra fora do eixo Rio/SP e em diretores estreantes; temos que voltar a pressionar o MinC para estabelecer cotas para estreantes também. Tudo que conquistamos nesse sentido em gestões anteriores, foi por água abaixo nesta gestão. Observei que o discurso dos colegas do Rio e de São Paulo é: não podemos tirar oportunidade de realização de diretores consagrados para dar para diretores estreantes. Não podemos tirar o emprego de profissionais experientes para dar para gente que está aprendendo a ser profissional. À pergunta: e então, como vamos renovar e democratizar o cinema e o audiovisual brasileiro? Eles respondem: isso é problema do MinC. Ele que vá ensinar esse pessoal a trabalhar. Ensinar a fazer orçamento. Que vá fazer editais com pouca grana para estreantes e que deixe os editais maiores para quem sabe fazer filme. É o mesmo discurso que foi feito pela Associação Nacional de Roteiristas tempos atrás. Com este discurso eles conseguiram retirar a cota de estreante deste último edital de roteiros. O MinC aproveitou para acabar com a política de cotas para estreantes e de cotas regionais em todos os editais. Qual é nossa posição em relação a este tema?

Conclusão pessoal: fiquei desanimada para concorrer nos próximos editais do MinC. Após analisar 253 projetos, só pude indicar para debate 03; em um debate onde 03 colegas eram de SP, uma do Rio e eu de Brasília. Onde 04 eram do chamado “negócio do cinema” e apenas eu diretora de documentários. É uma escolha cruel. As chances de ser contemplado em um edital desses é pequena. É tipo: muita burocracia por nada. Entretanto, a política de editais ainda é, em minha opinião, a mais democrática que temos. Só nos resta seguir tentando.