Ainda não me decidi a respeito deste filme. Na verdade, não
sei bem se gosto ou não dos filmes de Cláudio Assis. É um cineasta dividido
entre a necessidade de denunciar, diagnosticar, representar uma dada realidade,
e o desejo de afirmar uma maneira de olhar para essa realidade. E este olhar
nunca parece no mesmo nível dos personagens, não se liga aos seus corpos, ao
contrário, afirma-se sempre como uma outra instância. Assume-se o aspecto
formalista do cinema, e, consequentemente, produz-se distanciamentos.
Distanciamentos que vão muitas vezes contra os próprios filmes. É bem verdade
que essa busca por uma marca, visível em cada plano, é realizada com um tesão
contagiante. E isto me faz ver seus filmes com certa simpatia.
Este “A febre do rato”, contudo, me incomodou bastante.
Talvez tenha mesmo a ver com a escolha pelo preto e branco estilizado. Não
sei... Eu me senti distante daquele universo. Muito distante. E os personagens
deste filme não parecem ter vida própria. Não são gente de carne, osso e desejos.
Isto talvez já existisse lá em “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas”. Talvez...
Acho especialmente estranho não se falar em dinheiro em “A febre do rato”. De
que sobrevive o poeta? Não me parece haver muito conflito neste filme. Até que,
de repente, Zizo é preso e assassinado. Assis, no entanto, continua com o mesmo
tesão, mas é como se o filme não fechasse.
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