sexta-feira, julho 06, 2012

a febre do rato **


Ainda não me decidi a respeito deste filme. Na verdade, não sei bem se gosto ou não dos filmes de Cláudio Assis. É um cineasta dividido entre a necessidade de denunciar, diagnosticar, representar uma dada realidade, e o desejo de afirmar uma maneira de olhar para essa realidade. E este olhar nunca parece no mesmo nível dos personagens, não se liga aos seus corpos, ao contrário, afirma-se sempre como uma outra instância. Assume-se o aspecto formalista do cinema, e, consequentemente, produz-se distanciamentos. Distanciamentos que vão muitas vezes contra os próprios filmes. É bem verdade que essa busca por uma marca, visível em cada plano, é realizada com um tesão contagiante. E isto me faz ver seus filmes com certa simpatia.

Este “A febre do rato”, contudo, me incomodou bastante. Talvez tenha mesmo a ver com a escolha pelo preto e branco estilizado. Não sei... Eu me senti distante daquele universo. Muito distante. E os personagens deste filme não parecem ter vida própria. Não são gente de carne, osso e desejos. Isto talvez já existisse lá em “Amarelo Manga” e “Baixio das Bestas”. Talvez... Acho especialmente estranho não se falar em dinheiro em “A febre do rato”. De que sobrevive o poeta? Não me parece haver muito conflito neste filme. Até que, de repente, Zizo é preso e assassinado. Assis, no entanto, continua com o mesmo tesão, mas é como se o filme não fechasse.  

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