terça-feira, novembro 07, 2006

Edmond *


Vi “Edmond” – uma parceria de Stuart Gordon (famoso na década de 80 por filmes de horror B como “Re-Animator”) com o dramaturgo e cineasta David Mamet (a adaptação da peça homônima de Mamet para o roteiro foi feita pelo próprio) – logo após “Síndrome e um século”, o melhor filme que assisti em Sampa. Isso por si só tornou-me ainda mais crítico em relação ao longa de Gordon/Mamet, um completo fiasco, diga-se logo de antemão.

Na trama, Edmond Burke (William H. Macy) é um executivo entediado, que, após uma pequena visita a uma cigana, decide confrontar o vazio de sua vida e de seu casamento. O personagem larga tudo e sai à noite em busca de fortes emoções, adentrando o submundo da prostituição de Nova York, e entrando num processo crescente de loucura.

“Edmond” é uma viagem ao estado de insanidade de seu protagonista, recheado por indisfarçáveis preconceitos e uma visão, no mínimo, ingênua da realidade. William H. Macy é um ótimo ator, mas o protagonista é simplesmente insuportável. Não dá para simpatizar com o personagem, sua dor e sofrimento – que dirá com sua revolta e desilusões. Como de costume, o texto de Mamet rende alguns bons momentos. No entanto, “Edmond” é de uma impressionante preguiça “diretorial”. Gordon deu definitivamente um passo pra trás neste filme, todo ele encenado com uma frieza que nada mais surte no espectador do que total indiferença. As imagens mais parecem muletas, constrangidas em relação ao texto. Aos poucos, “Edmond” vai abandonando o clima de farsa e assume um tom pra lá de ambicioso. O longa parece querer se legitimar com reflexões filosóficas pra lá de artificiais (“Edmond” não é nada mais do que um ácido reducionismo), e para as quais as imagens nada acrescentam.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda não assisti Edmond, mas o ator principal é muito bom. No princípio, achava que William H. Macy seria mais um ator no meio de muitos que só queriam saber de fama (o primeiro filme que vi com ele foi Fargo e não gostei, apesar de adorar a dupla Etahn e Joel Coen). Com o tempo ele foi me conquistando e hoje considero-o um dos melhores da atual geração que está aí. Abraços do crítico da caverna cinematográfica. P.S: uma boa atuação dele pode ser vista no filme Seabiscuit.