Amanhã, no MAM, às 18h30, a sessão do Cineclube Tela Brasilis exibirá o raríssimo “Tempo de violência” (1969), um clássico nacional do gênero policial dirigido por Hugo Kusnet, argentino radicado no Brasil. Trata-se de uma atualização do noir no contexto da Ditadura Militar, com influências de Joseph Losey e seu “O criado” (1963).
quarta-feira, julho 30, 2008
a banda, a amante e o sol
a banda ***
Este “A banda” é uma deliciosa surpresa. É uma comédia discreta de narrativa simples, conduzida por cortes doces e muitos silêncios. A música não será o elemento universal a unir os personagens. Não há nem mesmo trilha incidental. Tampouco se verbaliza discursos sobre conflitos e tratados de paz. Eran Kolirin é um cara inteligente e consegue escapar elegantemente de alguns potenciais problemas. Mas o que mais me agrada em “A banda” é o esforço do cineasta e de seus personagens para resistirem à “violência” ou à “solidão” a que suas vidas e o convívio forçado que o filme relata parecem predestinados. Nós aguardamos os conflitos, mas Kolirin aposta, muito delicadamente, em algo mais elementar, em uma espécie de ética da amizade ou do convívio social que ainda sustentem o que restou desta civilização.
a última amante ***
Não conhecia nada do cinema de Catherine Breillat, mas gostei bastante deste “A última amante”. É um filme sobre o poder da carne, sobre a afirmação de uma identidade sexual em meio a um ambiente repressivo. O Pedro Butcher disse muito bem: “os personagens de Breillat não são figurinos recheados de corpos, mas corpos (desajeitadamente) vestidos com roupas de época”. A mise-en-scène é crua e direta. O cinema de Breillat se desmembra em corpos, olhares, e, principalmente, closes – trata-se também de um filme sobre a narrativa, já que grande parte do longa se dá quando Ryno conta a avó de sua futura esposa sobre suas aventuras amorosas.
E em cada close de Asia Argento o filme cresce. “A última amante” é todo Asia Argento. Sucumbir a sua performance é sucumbir ao filme. Argento é mais do que uma presença: é uma aparição. É assim que ela surge, deitada em um divã, nada preocupada em se levantar para o espectador, nos desafiando a acompanhá-la. A atriz sintetiza a representação da sexualidade feminina como um elemento transgressor, promovendo uma espécie de curto-circuito com este gênero “filme de época”. E a cineasta faz um uso incrível da persona ambígua de sua protagonista, ora feia, ora bela; ora primitiva, ora profunda; ora baixa, ora refinada...
o sol ****
Gosto muito dos cantos melancólicos de Aleksandr Sokurov. Gosto muito também deste seu “O sol”. Diferente dos outros longas da tetralogia sobre homens de poder (começada com Hitler em “Moloch” e Lênin em “Taurus”), em “O sol”, como bem diagnosticou o Eduardo Valente, Sokurov parece interessado não pelo mito, mas pelo homem. Em outras palavras, o imperador Hirohito, encarnado brilhantemente por Issei Ogata. Sokurov dilata o tempo e narra com muita paciência e detalhes o encontro do imperador com a sua humanidade. Em belas seqüências, como a em que o protagonista tem de abrir uma porta sozinho pela primeira vez, o filme alcança altos e trágicos decibéis.
As imagens (captadas em HD) emanam um quase sépia esfumaçado (o que passa uma impressão de serem velhas e modernas ao mesmo tempo), desafiam uma certa idéia de harmonia geométrica e se desmembram em rigorosas composições e lentos, porém constantes movimentos de câmera. O cineasta acompanha de perto o cotidiano ritualístico de seu personagem. Mais uma vez, abundam os planos-detalhe: pratos de cerâmica, abotoadeiras, luvas, embalagens de chocolate, etc. No cinema de Sokúrov, há vida em todo lugar. E todos estes elementos se mostram em perfeita sintonia com a trama. Existe uma pertinência estética, afinada com um conceito anterior à forma: um mundo que perdeu suas bases, vagando em uma nebulosa existencial, e um personagem a ponto de cometer um suicídio metafísico.
Este “A banda” é uma deliciosa surpresa. É uma comédia discreta de narrativa simples, conduzida por cortes doces e muitos silêncios. A música não será o elemento universal a unir os personagens. Não há nem mesmo trilha incidental. Tampouco se verbaliza discursos sobre conflitos e tratados de paz. Eran Kolirin é um cara inteligente e consegue escapar elegantemente de alguns potenciais problemas. Mas o que mais me agrada em “A banda” é o esforço do cineasta e de seus personagens para resistirem à “violência” ou à “solidão” a que suas vidas e o convívio forçado que o filme relata parecem predestinados. Nós aguardamos os conflitos, mas Kolirin aposta, muito delicadamente, em algo mais elementar, em uma espécie de ética da amizade ou do convívio social que ainda sustentem o que restou desta civilização.
a última amante ***
Não conhecia nada do cinema de Catherine Breillat, mas gostei bastante deste “A última amante”. É um filme sobre o poder da carne, sobre a afirmação de uma identidade sexual em meio a um ambiente repressivo. O Pedro Butcher disse muito bem: “os personagens de Breillat não são figurinos recheados de corpos, mas corpos (desajeitadamente) vestidos com roupas de época”. A mise-en-scène é crua e direta. O cinema de Breillat se desmembra em corpos, olhares, e, principalmente, closes – trata-se também de um filme sobre a narrativa, já que grande parte do longa se dá quando Ryno conta a avó de sua futura esposa sobre suas aventuras amorosas.
E em cada close de Asia Argento o filme cresce. “A última amante” é todo Asia Argento. Sucumbir a sua performance é sucumbir ao filme. Argento é mais do que uma presença: é uma aparição. É assim que ela surge, deitada em um divã, nada preocupada em se levantar para o espectador, nos desafiando a acompanhá-la. A atriz sintetiza a representação da sexualidade feminina como um elemento transgressor, promovendo uma espécie de curto-circuito com este gênero “filme de época”. E a cineasta faz um uso incrível da persona ambígua de sua protagonista, ora feia, ora bela; ora primitiva, ora profunda; ora baixa, ora refinada...
o sol ****
Gosto muito dos cantos melancólicos de Aleksandr Sokurov. Gosto muito também deste seu “O sol”. Diferente dos outros longas da tetralogia sobre homens de poder (começada com Hitler em “Moloch” e Lênin em “Taurus”), em “O sol”, como bem diagnosticou o Eduardo Valente, Sokurov parece interessado não pelo mito, mas pelo homem. Em outras palavras, o imperador Hirohito, encarnado brilhantemente por Issei Ogata. Sokurov dilata o tempo e narra com muita paciência e detalhes o encontro do imperador com a sua humanidade. Em belas seqüências, como a em que o protagonista tem de abrir uma porta sozinho pela primeira vez, o filme alcança altos e trágicos decibéis.
As imagens (captadas em HD) emanam um quase sépia esfumaçado (o que passa uma impressão de serem velhas e modernas ao mesmo tempo), desafiam uma certa idéia de harmonia geométrica e se desmembram em rigorosas composições e lentos, porém constantes movimentos de câmera. O cineasta acompanha de perto o cotidiano ritualístico de seu personagem. Mais uma vez, abundam os planos-detalhe: pratos de cerâmica, abotoadeiras, luvas, embalagens de chocolate, etc. No cinema de Sokúrov, há vida em todo lugar. E todos estes elementos se mostram em perfeita sintonia com a trama. Existe uma pertinência estética, afinada com um conceito anterior à forma: um mundo que perdeu suas bases, vagando em uma nebulosa existencial, e um personagem a ponto de cometer um suicídio metafísico.
segunda-feira, julho 21, 2008
dulce veiga, escafandro e cinturão
Onde andará Dulce Veiga ? ***
“Onde andará Dulce Veiga” começa com uma indicação espaço-temporal: “São Paulo, 198...”. O cinema de Guilherme Almeida Prado é plenamente consciente de sua identidade e este seu mais novo longa não foge à regra. Trata-se, por exemplo, mais uma vez, de um prato cheio de citações e homenagens, de Jean-Luc Godard e Jacques Demy à própria obra do cineasta. Ao mesmo tempo em que traz as obsessões e elementos mais identificáveis de seu cinema, “Dulce Veiga?” parece também empreender uma espécie de adaptação para os novos tempos. É a junção do universo “pós-moderno” dos anos 80 com a linguagem da Internet e da computação gráfica. Se por um lado “Dulce Veiga” é uma espécie de prestação de contas de Almeida Prado, uma tentativa de problematização de seu cinema; do outro, também se revela como uma carta de princípios ou uma afirmação daquilo que mais lhe fascina.
Os personagens de “Onde andará Dulce Veiga?” são figuras errantes, conectados pelo passado. Almeida Prado alimenta um clima de decadência, com curiosos rasgos de lirismo que podem por vezes beirar o absurdo. O curioso em relação ao protagonista e sua trajetória é o fato do foco e a evolução dramática do filme estarem sempre reservados às mulheres. A personagem Dulce Veiga, por sua vez, é como um ícone mágico. Ela é real, mas também parece existir apenas na mente de Caio. Almeida Prado sempre foi um cineasta que, acima de tudo, acredita no artifício, e imprime verdade em toda artificialidade. Em “Dulce Veiga”, o cineasta brinca com um artificialismo apoteótico – e, dessa vez, esta “brincadeira” parece intimamente relacionada com o movimento do filme, que trata de personagens repletos de máscaras.
O escafandro e a borboleta **
A adaptação de Julian Schnabel para o bestseller homônimo de Jean-Dominique Bauby já apontava para um exercício de recriação pela câmera de experiências subjetivas. Em seus primeiros 40 minutos, “O escafandro e a borboleta” se sai muito bem, encarando certos questionamentos a cerca da realização cinematográfica. Optar por um protagonista mudo, paralisado dos pés à cabeça, e cujo único contato visual com o mundo se dá através de apenas um único olho, possibilita a Schnabel e ao fotógrafo Janusz Kaminski uma exploração sobre variadas possibilidades de enquadramento e planos ponto de vista, sobre a profundidade de campo, sobre a narração em off e diversas modalidades de jogo com o extra-campo. O cineasta busca a identificação do espectador e aposta pesado em planos subjetivos, incluindo uma seqüência em que um médico sutura as pálpebras de um dos olhos de Bauby, filmado do ponto de vista do paciente.
Os grandes problemas do filme nascem quando Bauby, ao retomar a possibilidade de conectar-se com o mundo, cria toda uma realidade a partir de suas memórias e imaginação. Schnabel privilegia lembranças banais, uma viajem, um beijo na praia, um ensaio de fotografia. A idéia parece ser a de imprimir uma certa leveza à narrativa, um contraponto à dureza da situação de Bauby. No entanto, apesar de algumas belas seqüências, em especial as em que aparece Max Von Sydow como o pai do protagonista, as imagens de Schnabel nunca encontram a poeticidade que nos prometem. Em algumas passagens, “O escafandro e a borboleta” transpira uma artificialidade, um amadorismo hiper-calculado supostamente poético, com imagens de um “bom gosto” pra lá de duvidoso, cortes e zooms estranhos, variados lugares comuns visuais, e muitos escorregões no sentimentalismo.
O cinturão vermelho **
“O Cinturão Vermelho” é um filme estranho mesmo. Estamos mais uma vez em território mametiano, em uma história de corrupção epidêmica do espírito humano. Pode-se dizer que, com o tempo, Mamet vem se tornando um melhor diretor. Em “Spartan”, por exemplo, sobressaía-se mais sua direção do que seu roteiro. Em “O Cinturão” ficamos talvez no empate, ou, quem sabe, mais uma vez com a direção – apesar do filme começar meio mal, com aquele tiro acidental. Mamet, o diretor de fotografia Robert Elswit ("Magnólia", "Boa Noite e Boa Sorte" e "Syrianna") e o consultor Renato Magno constroem tudo apaixonadamente, com muita tranqüilidade e alguma eficiente secura. Para completar, Chiwetel Ejiofor é um ator realmente incrível e reveste seu personagem com uma densidade impressionante.
Depois que a intriga se estabelece, temos o esboço de uma teoria conspiratória que não se justifica exatamente. Como bem disse o Filipe Furtado, “Cinturão” mescla elementos e arquétipos que não parecem pertencer ao mesmo lugar. Mamet tenta dar conta da complexidade de um enorme número de personagens e suas “razões”, e quanto mais se acredita que o cineasta conseguirá reunir todos este elementos, mais nos deparamos com buracos pela narrativa e, de repente, somos jogados em um clímax previsível apesar de improvável e coerente. Estranho. Muito estranho. Para alguns, ao trabalhar com lacunas, Mamet produz uma sutil subversão. Para outros, “Cinturão” seria um equívoco. Eu não sei... O fato é que Mamet se identifica com a situação de um lutador solidário e carismático preso em um sistema corrupto. Quem ataca o showbusiness, embora se renda ou faça uso dele? “O cinturão vermelho” ou seu personagem? Este curioso e aparente paradoxo está nas entranhas do filme ou é ele uma constatação extra-narrativa?
“Onde andará Dulce Veiga” começa com uma indicação espaço-temporal: “São Paulo, 198...”. O cinema de Guilherme Almeida Prado é plenamente consciente de sua identidade e este seu mais novo longa não foge à regra. Trata-se, por exemplo, mais uma vez, de um prato cheio de citações e homenagens, de Jean-Luc Godard e Jacques Demy à própria obra do cineasta. Ao mesmo tempo em que traz as obsessões e elementos mais identificáveis de seu cinema, “Dulce Veiga?” parece também empreender uma espécie de adaptação para os novos tempos. É a junção do universo “pós-moderno” dos anos 80 com a linguagem da Internet e da computação gráfica. Se por um lado “Dulce Veiga” é uma espécie de prestação de contas de Almeida Prado, uma tentativa de problematização de seu cinema; do outro, também se revela como uma carta de princípios ou uma afirmação daquilo que mais lhe fascina.
Os personagens de “Onde andará Dulce Veiga?” são figuras errantes, conectados pelo passado. Almeida Prado alimenta um clima de decadência, com curiosos rasgos de lirismo que podem por vezes beirar o absurdo. O curioso em relação ao protagonista e sua trajetória é o fato do foco e a evolução dramática do filme estarem sempre reservados às mulheres. A personagem Dulce Veiga, por sua vez, é como um ícone mágico. Ela é real, mas também parece existir apenas na mente de Caio. Almeida Prado sempre foi um cineasta que, acima de tudo, acredita no artifício, e imprime verdade em toda artificialidade. Em “Dulce Veiga”, o cineasta brinca com um artificialismo apoteótico – e, dessa vez, esta “brincadeira” parece intimamente relacionada com o movimento do filme, que trata de personagens repletos de máscaras.
O escafandro e a borboleta **
A adaptação de Julian Schnabel para o bestseller homônimo de Jean-Dominique Bauby já apontava para um exercício de recriação pela câmera de experiências subjetivas. Em seus primeiros 40 minutos, “O escafandro e a borboleta” se sai muito bem, encarando certos questionamentos a cerca da realização cinematográfica. Optar por um protagonista mudo, paralisado dos pés à cabeça, e cujo único contato visual com o mundo se dá através de apenas um único olho, possibilita a Schnabel e ao fotógrafo Janusz Kaminski uma exploração sobre variadas possibilidades de enquadramento e planos ponto de vista, sobre a profundidade de campo, sobre a narração em off e diversas modalidades de jogo com o extra-campo. O cineasta busca a identificação do espectador e aposta pesado em planos subjetivos, incluindo uma seqüência em que um médico sutura as pálpebras de um dos olhos de Bauby, filmado do ponto de vista do paciente.
Os grandes problemas do filme nascem quando Bauby, ao retomar a possibilidade de conectar-se com o mundo, cria toda uma realidade a partir de suas memórias e imaginação. Schnabel privilegia lembranças banais, uma viajem, um beijo na praia, um ensaio de fotografia. A idéia parece ser a de imprimir uma certa leveza à narrativa, um contraponto à dureza da situação de Bauby. No entanto, apesar de algumas belas seqüências, em especial as em que aparece Max Von Sydow como o pai do protagonista, as imagens de Schnabel nunca encontram a poeticidade que nos prometem. Em algumas passagens, “O escafandro e a borboleta” transpira uma artificialidade, um amadorismo hiper-calculado supostamente poético, com imagens de um “bom gosto” pra lá de duvidoso, cortes e zooms estranhos, variados lugares comuns visuais, e muitos escorregões no sentimentalismo.
O cinturão vermelho **
“O Cinturão Vermelho” é um filme estranho mesmo. Estamos mais uma vez em território mametiano, em uma história de corrupção epidêmica do espírito humano. Pode-se dizer que, com o tempo, Mamet vem se tornando um melhor diretor. Em “Spartan”, por exemplo, sobressaía-se mais sua direção do que seu roteiro. Em “O Cinturão” ficamos talvez no empate, ou, quem sabe, mais uma vez com a direção – apesar do filme começar meio mal, com aquele tiro acidental. Mamet, o diretor de fotografia Robert Elswit ("Magnólia", "Boa Noite e Boa Sorte" e "Syrianna") e o consultor Renato Magno constroem tudo apaixonadamente, com muita tranqüilidade e alguma eficiente secura. Para completar, Chiwetel Ejiofor é um ator realmente incrível e reveste seu personagem com uma densidade impressionante.
Depois que a intriga se estabelece, temos o esboço de uma teoria conspiratória que não se justifica exatamente. Como bem disse o Filipe Furtado, “Cinturão” mescla elementos e arquétipos que não parecem pertencer ao mesmo lugar. Mamet tenta dar conta da complexidade de um enorme número de personagens e suas “razões”, e quanto mais se acredita que o cineasta conseguirá reunir todos este elementos, mais nos deparamos com buracos pela narrativa e, de repente, somos jogados em um clímax previsível apesar de improvável e coerente. Estranho. Muito estranho. Para alguns, ao trabalhar com lacunas, Mamet produz uma sutil subversão. Para outros, “Cinturão” seria um equívoco. Eu não sei... O fato é que Mamet se identifica com a situação de um lutador solidário e carismático preso em um sistema corrupto. Quem ataca o showbusiness, embora se renda ou faça uso dele? “O cinturão vermelho” ou seu personagem? Este curioso e aparente paradoxo está nas entranhas do filme ou é ele uma constatação extra-narrativa?
sábado, julho 12, 2008
nárnia e joy division
As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian *
É impressionante como o filão de “filmes de fantasia” cresceu depois do enorme sucesso da trilogia do “Senhor dos Anéis”. O triste é que o gênero não mais joga com o infinito da imaginação, não se aventura pela construção de climas e sentimentos. Com a exceção de um ou outro (em especial “Stardust” e "As Crônicas de Spiderwick"), a fantasia se resume basicamente a uma grandiosidade barroca-realista, com efeitos por minuto se sobrepondo à dramaturgia.
Neste universo de suposta magia, ”As Crônicas de Nárnia” é certamente a série que mais me incomoda. O que temos é uma irritante maçaroca de simbolismos. Ao belicismo acrescenta-se todo um arsenal de figuras fabulares/irreais e um discurso reacionário e arrogante de nobreza e bondade. Um conto de fada infantil, um filme de guerra medieval, e uma alegoria do triunfo do cristianismo. Longos, os dois filmes da série jamais conseguem, nem por um instante, nos instalar em um universo supostamente mágico. Tampouco nos permite pensar por nós mesmos, investindo uma compreensão controlada e cheia de maniqueísmos.
O segundo filme da série, ”As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian”, se afasta um pouco daquela espiritualidade barata que marcava o primeiro filme e se concentra agora em uma shakespeariana sucessão de trono. Investe-se também na ação e em uma violência higiênica – para não atrapalhar a pipoca ou complicar a censura. Aposta-se mais uma vez na grandiosidade do espetáculo. Um espetáculo limitado ao exotismo proporcionado pelos efeitos - os verdadeiros responsáveis pela construção do realismo, já que os atores, a decupagem e o ritmo parecem secundários. “Príncipe Caspian” é de fato mais grandioso que seu antecessor. Mas não ajuda ter tantas seqüências chupadas do “Senhor dos Anéis” (a revolta das árvores, o rio e seus dedos, a fortaleza de pedra, a perseguição a cavalo), onde a expressão da pujança tecnológica-visual-sonora de Hollywood é muito mais hipnotizante.
Joy Division **
Produzido e dirigido por um fã confesso da banda, o documentário “Joy Division” se apresenta como uma espécie de discurso oficial sobre a trajetória deste que é um dos grupos mais importantes do new wave. Grant Gee (diretor de clipes do U2 ao Blur, e realizador do documentário “Meeting People Is Easy”, com base na turnê de “OK Computer”, do Radiohead) não se mostra interessado em revelações bombásticas, em levantar debates, cutucar polêmicas ou mesmo propor novas interpretações ao ideário da banda. A partir de entrevistas e depoimentos de remanescentes da grupo – Bernard Sumner (guitarrista), Peter Hook (baixista) e Stephen Morris (baterista) – e profissionais e amigos como Tony Wilson (produtor e co-fundador da Factory Records, gravadora que prensou os dois únicos álbuns deles), Annik Honoré (amante de Ian Curtis), Pete Shelley (do grupo Buzzcocks), e Anton Corbijn (autor da antológica foto em Manchester Apollo (1979) e diretor do filme “Control”), o que temos é um inventário saudosista, emotivo e “chapa branca”. Apesar de limitar possíveis vôos e experimentações, esta fidelidade ao discurso oficial do Joy Division tem obviamente o seu interesse.
No mais, como bem disse o Cléber Eduardo lá na Cinética, “Joy Division” é um filme frágil em suas escolhas e forte em seus efeitos. Em sua curta, porém fundamental existência, o Joy Division se tornou um dos combos mais inspirados da história do rock. Onde os punks eram luta e destruição, o Joy Division era contemplação e desespero - Tony Wilson descreve brilhantemente essa mudança como uma passagem do “fuck!” para o “I’m fucked!” O resgate de imagens raras de apresentações da banda na Granada TV (1978) e na BBC (1979) valem o ingresso e confirmam o curto circuito poderoso e cativante que o Joy Division trouxe ao rock. Guitarras em timbres estranhos, um baixo alto e distorcido, uma bateria rápida de som “achatado”, intervenções gélidas do teclado, e a voz grave de Curtis cantando pequenos e assustadores contos psicóticos. Poucas bandas encararam com tanta honestidade e sensibilidade sentimentos tão difíceis de serem assimilados e transmitidos.
É impressionante como o filão de “filmes de fantasia” cresceu depois do enorme sucesso da trilogia do “Senhor dos Anéis”. O triste é que o gênero não mais joga com o infinito da imaginação, não se aventura pela construção de climas e sentimentos. Com a exceção de um ou outro (em especial “Stardust” e "As Crônicas de Spiderwick"), a fantasia se resume basicamente a uma grandiosidade barroca-realista, com efeitos por minuto se sobrepondo à dramaturgia.
Neste universo de suposta magia, ”As Crônicas de Nárnia” é certamente a série que mais me incomoda. O que temos é uma irritante maçaroca de simbolismos. Ao belicismo acrescenta-se todo um arsenal de figuras fabulares/irreais e um discurso reacionário e arrogante de nobreza e bondade. Um conto de fada infantil, um filme de guerra medieval, e uma alegoria do triunfo do cristianismo. Longos, os dois filmes da série jamais conseguem, nem por um instante, nos instalar em um universo supostamente mágico. Tampouco nos permite pensar por nós mesmos, investindo uma compreensão controlada e cheia de maniqueísmos.
O segundo filme da série, ”As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian”, se afasta um pouco daquela espiritualidade barata que marcava o primeiro filme e se concentra agora em uma shakespeariana sucessão de trono. Investe-se também na ação e em uma violência higiênica – para não atrapalhar a pipoca ou complicar a censura. Aposta-se mais uma vez na grandiosidade do espetáculo. Um espetáculo limitado ao exotismo proporcionado pelos efeitos - os verdadeiros responsáveis pela construção do realismo, já que os atores, a decupagem e o ritmo parecem secundários. “Príncipe Caspian” é de fato mais grandioso que seu antecessor. Mas não ajuda ter tantas seqüências chupadas do “Senhor dos Anéis” (a revolta das árvores, o rio e seus dedos, a fortaleza de pedra, a perseguição a cavalo), onde a expressão da pujança tecnológica-visual-sonora de Hollywood é muito mais hipnotizante.
Joy Division **
Produzido e dirigido por um fã confesso da banda, o documentário “Joy Division” se apresenta como uma espécie de discurso oficial sobre a trajetória deste que é um dos grupos mais importantes do new wave. Grant Gee (diretor de clipes do U2 ao Blur, e realizador do documentário “Meeting People Is Easy”, com base na turnê de “OK Computer”, do Radiohead) não se mostra interessado em revelações bombásticas, em levantar debates, cutucar polêmicas ou mesmo propor novas interpretações ao ideário da banda. A partir de entrevistas e depoimentos de remanescentes da grupo – Bernard Sumner (guitarrista), Peter Hook (baixista) e Stephen Morris (baterista) – e profissionais e amigos como Tony Wilson (produtor e co-fundador da Factory Records, gravadora que prensou os dois únicos álbuns deles), Annik Honoré (amante de Ian Curtis), Pete Shelley (do grupo Buzzcocks), e Anton Corbijn (autor da antológica foto em Manchester Apollo (1979) e diretor do filme “Control”), o que temos é um inventário saudosista, emotivo e “chapa branca”. Apesar de limitar possíveis vôos e experimentações, esta fidelidade ao discurso oficial do Joy Division tem obviamente o seu interesse.
No mais, como bem disse o Cléber Eduardo lá na Cinética, “Joy Division” é um filme frágil em suas escolhas e forte em seus efeitos. Em sua curta, porém fundamental existência, o Joy Division se tornou um dos combos mais inspirados da história do rock. Onde os punks eram luta e destruição, o Joy Division era contemplação e desespero - Tony Wilson descreve brilhantemente essa mudança como uma passagem do “fuck!” para o “I’m fucked!” O resgate de imagens raras de apresentações da banda na Granada TV (1978) e na BBC (1979) valem o ingresso e confirmam o curto circuito poderoso e cativante que o Joy Division trouxe ao rock. Guitarras em timbres estranhos, um baixo alto e distorcido, uma bateria rápida de som “achatado”, intervenções gélidas do teclado, e a voz grave de Curtis cantando pequenos e assustadores contos psicóticos. Poucas bandas encararam com tanta honestidade e sensibilidade sentimentos tão difíceis de serem assimilados e transmitidos.
cinearte e scena muda
Repasso aqui outra dica: A biblioteca do Museu Lasar Segall disponibilizou edições digitalizadas das revistas “Cinearte” e “Scena Muda”, marcos do cinema brasileiro. É fácil e de graça. Dêem uma olhada no link.
quarta-feira, julho 09, 2008
sexta-feira, julho 04, 2008
lumet, allen e bressane
Antes que o Diabo saiba que você está morto ****
Para Sidney Lumet, “Antes que o Diabo saiba que você está morto”, mais do que um retorno à forma, é quase uma espécie de ressurreição: um melodrama violento e trágico, inventivo nos movimentos, preciso nos planos, e elegante nos enquadramentos. Trata-se de um filme incrivelmente simples, a começar pelo contundente roteiro do estreante Kelly Masterson. “Antes que o diabo” é um melodrama aparentemente clássico em sua estrutura. O drama nasce não exatamente dos personagens, mas da maneira pela qual eles se ajustam às situações apresentadas e justificam suas ações. A narrativa é agressiva e crua. Os eventos se desenrolam sem alarde. Não há tempo para trabalhar o background dos personagens ou para que eles possam acertar as pontas com seus passados. E, definitivamente, não há heróis.
Depois de um começo em tom idílico, entramos direto na trama e o filme já se esboça como a história de um desastre. Aos poucos, este “desastre” parece se expandir de diversas maneiras: da burocracia de uma locadora de veículos a uma fotografia gradativamente mais dura. A narrativa começa a ir e vir no tempo. Lumet parece narrar em camadas. Em cada uma delas, temos pequenas aulas de concisão dramática. Aos poucos estes pedaços vão se somando. O espectador poderá assistir a determinadas cenas em diferentes ângulos e pontos de vista. O drama se multiplica. O mau se instala.
Curiosamente, o cineasta se disse em algumas ocasiões fascinado pelo digital. Filmado em HD, “Antes que o diabo” transpira esse fascínio. Além da elegância formal, o longa demonstra uma enorme vitalidade no trabalho da câmera. Lumet e o fotógrafo Ron Fortunato fazem uso instigante das câmeras digitais em close-ups distorcidos e estourados que mais parecem oriundos de um “Inland Empire”. Ethan Hawke nunca esteve tão bem, sempre com um sorriso nervoso e descontrolado no canto da boca. E Philip Seymour Hoffman constrói um personagem aparentemente desconectado dos horrores à sua volta, perdido como um zumbi. Um filme deliciosamente desagradável.
O sonho de Cassandra **
É recorrente a afirmação de que Woddy Allen não é exatamente um amigo íntimo da mise-en-scène. Ele seria, sobretudo, um roteirista. Ele faria filmes de palavras e de atores, sem muitas preocupações com a imagem. Pois em “O Sonho Cassandra” sinto o contrário. De um lado, o roteiro me parece recheado de muita redundância em suas viradas e dilemas morais. As questões presentes no longa são valorizadas de forma quase telecurso segundo grau por Allen. O tempo todo alguém declama sentenças do tipo "It's funny how life boils down to this", "Life is nothing if not totally ironic", "The whole of human life is about violence", ou "Funny how life has a life of its own".
Por outra lado, Allen parece mais seco, cruel, e interessado em atmosferas. Logo nas primeiras cenas, o cineasta vai direto ao ponto: os irmãos Terry e Ian compram um barco ao som de Philip Glass, em uma cena que dá o tom do filme e sugere (também visualmente) o destino de seus personagens. A impressão é a de que o cineasta prezou mesmo uma eficiência dramatúrgica, com uma mise-en-scène cheia de sugestões e caprichos. E o talento na direção de atores, uma das marcas registradas de Allen, é palpável nas atuações de todo o elenco, em especial a de Colin Farrel.
Apesar de gostar mais deste do que dos outros “Match Point” e “Scoop”, “Cassandra” cai um pouco no fim, quando Allen pisa no acelerador e as coisas começam a se precipitar. E é bem verdade que vez ou outra é evidente uma certa falta de rigor nos cortes e nos enquadramentos de algumas cenas. Os últimos filmes de Woody Allen me passam esta impressão aparentemente paradoxal. São filmes esquemáticos e previsíveis, mas ao mesmo tempo um tanto frouxos.
Cleópatra ***
Em “Cleópatra”, Julio Bressane investiga esta personagem mitológica cheia de faces e facetas e a põe na roda, a coloca em cheque, constatando a total impossibilidade do cinema de produzir quaisquer revelações a respeito de sua persona “real”. E nada disso forma um enredo. Os personagens não se constroem, a intriga não se arma nunca. O mito prevalece. Engrandece. O cinema do Bressane pressupõe a busca de um universo próprio. O cineasta parece por vezes brincar com uma certa autonomia dos planos. Sua narrativa parece se sustentar em sua capacidade de criar vida através da soma de um sem-número de pequenos detalhes. É preciso, então, estar aberto a este acúmulo de referências, imagens, sons e músicas.
“Cleópatra” me parece por vezes buscar talvez um certo equilíbrio entre uma idéia de formalismo e outra de expressividade. Cada plano tem uma idéia. Não parece fazer questão de ser percebida como raciocínio, mas acho que se impõe como tal. Bressane não nos permite reduzir sua protagonista a significados. O filme quer despir estes significados, busca a valorização da plasticidade e o efeito sensorial. O que me incomoda é que estes procedimentos me parecem às vezes chamar muita para si mesmos. Não sei. Em miúdos: seja na experiência sensorial ou mesmo nesta minha reflexão mais distanciada, o filme realmente não colou em mim.
Para Sidney Lumet, “Antes que o Diabo saiba que você está morto”, mais do que um retorno à forma, é quase uma espécie de ressurreição: um melodrama violento e trágico, inventivo nos movimentos, preciso nos planos, e elegante nos enquadramentos. Trata-se de um filme incrivelmente simples, a começar pelo contundente roteiro do estreante Kelly Masterson. “Antes que o diabo” é um melodrama aparentemente clássico em sua estrutura. O drama nasce não exatamente dos personagens, mas da maneira pela qual eles se ajustam às situações apresentadas e justificam suas ações. A narrativa é agressiva e crua. Os eventos se desenrolam sem alarde. Não há tempo para trabalhar o background dos personagens ou para que eles possam acertar as pontas com seus passados. E, definitivamente, não há heróis.
Depois de um começo em tom idílico, entramos direto na trama e o filme já se esboça como a história de um desastre. Aos poucos, este “desastre” parece se expandir de diversas maneiras: da burocracia de uma locadora de veículos a uma fotografia gradativamente mais dura. A narrativa começa a ir e vir no tempo. Lumet parece narrar em camadas. Em cada uma delas, temos pequenas aulas de concisão dramática. Aos poucos estes pedaços vão se somando. O espectador poderá assistir a determinadas cenas em diferentes ângulos e pontos de vista. O drama se multiplica. O mau se instala.
Curiosamente, o cineasta se disse em algumas ocasiões fascinado pelo digital. Filmado em HD, “Antes que o diabo” transpira esse fascínio. Além da elegância formal, o longa demonstra uma enorme vitalidade no trabalho da câmera. Lumet e o fotógrafo Ron Fortunato fazem uso instigante das câmeras digitais em close-ups distorcidos e estourados que mais parecem oriundos de um “Inland Empire”. Ethan Hawke nunca esteve tão bem, sempre com um sorriso nervoso e descontrolado no canto da boca. E Philip Seymour Hoffman constrói um personagem aparentemente desconectado dos horrores à sua volta, perdido como um zumbi. Um filme deliciosamente desagradável.
O sonho de Cassandra **
É recorrente a afirmação de que Woddy Allen não é exatamente um amigo íntimo da mise-en-scène. Ele seria, sobretudo, um roteirista. Ele faria filmes de palavras e de atores, sem muitas preocupações com a imagem. Pois em “O Sonho Cassandra” sinto o contrário. De um lado, o roteiro me parece recheado de muita redundância em suas viradas e dilemas morais. As questões presentes no longa são valorizadas de forma quase telecurso segundo grau por Allen. O tempo todo alguém declama sentenças do tipo "It's funny how life boils down to this", "Life is nothing if not totally ironic", "The whole of human life is about violence", ou "Funny how life has a life of its own".
Por outra lado, Allen parece mais seco, cruel, e interessado em atmosferas. Logo nas primeiras cenas, o cineasta vai direto ao ponto: os irmãos Terry e Ian compram um barco ao som de Philip Glass, em uma cena que dá o tom do filme e sugere (também visualmente) o destino de seus personagens. A impressão é a de que o cineasta prezou mesmo uma eficiência dramatúrgica, com uma mise-en-scène cheia de sugestões e caprichos. E o talento na direção de atores, uma das marcas registradas de Allen, é palpável nas atuações de todo o elenco, em especial a de Colin Farrel.
Apesar de gostar mais deste do que dos outros “Match Point” e “Scoop”, “Cassandra” cai um pouco no fim, quando Allen pisa no acelerador e as coisas começam a se precipitar. E é bem verdade que vez ou outra é evidente uma certa falta de rigor nos cortes e nos enquadramentos de algumas cenas. Os últimos filmes de Woody Allen me passam esta impressão aparentemente paradoxal. São filmes esquemáticos e previsíveis, mas ao mesmo tempo um tanto frouxos.
Cleópatra ***
Em “Cleópatra”, Julio Bressane investiga esta personagem mitológica cheia de faces e facetas e a põe na roda, a coloca em cheque, constatando a total impossibilidade do cinema de produzir quaisquer revelações a respeito de sua persona “real”. E nada disso forma um enredo. Os personagens não se constroem, a intriga não se arma nunca. O mito prevalece. Engrandece. O cinema do Bressane pressupõe a busca de um universo próprio. O cineasta parece por vezes brincar com uma certa autonomia dos planos. Sua narrativa parece se sustentar em sua capacidade de criar vida através da soma de um sem-número de pequenos detalhes. É preciso, então, estar aberto a este acúmulo de referências, imagens, sons e músicas.
“Cleópatra” me parece por vezes buscar talvez um certo equilíbrio entre uma idéia de formalismo e outra de expressividade. Cada plano tem uma idéia. Não parece fazer questão de ser percebida como raciocínio, mas acho que se impõe como tal. Bressane não nos permite reduzir sua protagonista a significados. O filme quer despir estes significados, busca a valorização da plasticidade e o efeito sensorial. O que me incomoda é que estes procedimentos me parecem às vezes chamar muita para si mesmos. Não sei. Em miúdos: seja na experiência sensorial ou mesmo nesta minha reflexão mais distanciada, o filme realmente não colou em mim.
quinta-feira, julho 03, 2008
cinemateca do mam
No sábado, a Cinemateca do MAM exibe duas obras-primas seguidas:
16h - "Aurora" (1927), de F. W. Murnau.
18h - "A Regra do Jogo" (1939), de Jean Renoir.
E na sexta, dia 11, às 18h30, teremos o imperdível "Ouro e maldição" (1924), do grande Joseph von Stroheim.
16h - "Aurora" (1927), de F. W. Murnau.
18h - "A Regra do Jogo" (1939), de Jean Renoir.
E na sexta, dia 11, às 18h30, teremos o imperdível "Ouro e maldição" (1924), do grande Joseph von Stroheim.
quarta-feira, julho 02, 2008
terça-feira, julho 01, 2008
blogs, site e caixa cultural
Ricardo calil retomou seu blog
E enquanto o Cinemascopio não volta, Kléber Mendonça Filho vem postando seus textos neste blog
Confiram também o Moving Image Source, site novo editado pelo Dennis Lim. Tem gente muita boa escrevendo.
Por fim, depois de celebrar os 100 anos da morte de Machado de Assis com a mostra "Memórias Cinematográficas de Machado de Assis", a Caixa Cultural vem abrigando uma nova mostra para comemorar os 100 anos do nascimento de Guimarães Rosa.
A mostra exibe “A hora e a vez de Augusto Matraga” (1965) e “Deus e o Diabo na terra do sol” (1964), dois dos meus filmes preferidos, além de um par de filmes (“Noites do sertão” e “Cabaré mineiro”) de um cineasta que dizem interessante, mas que confesso por hora desconhecer, Carlos Alberto Prates Corrêa. A programação.
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