segunda-feira, março 30, 2009

pedro costa no fórum da ufrj

O Fórum de Cultura da UFRJ exibe esta semana filmes do português Pedro Costa. As sessões começam sempre às 19h. A entrada é franca.

segunda, 30 de março
casa de lava (1994)

terça, 31 de março
no quarto de vanda (2000)

quarta, 1º de abril
juventude em marcha (2006)

quinta, 2° de abril
ossos (1997)
sexta, 3° de abril
onde jaz o teu sorriso? (2001)

terça-feira, março 24, 2009

burman e titãs


ninho vazio *

O que aconteceu com Daniel Burman? A pergunta não me sai da cabeça, desde os primeiros minutos de “Ninho vazio”. A trama está centrada em um casal de meia-idade à beira de uma crise matrimonial deflagrada pela saída dos filhos de casa – os jovens são figuras coadjuvantes ou ausentes. Em uma estrutura episódica, Bruman privilegia os atores e a palavra como condutora dos climas e da percepção do protagonista. Seu estilo elegante e descompromissado se faz presente e ainda tem a sua força. Quando se atem às pequenas poesias da convivência familiar, o filme funciona, embora o timimg cômico esteja completamente errado e tudo pareça sempre muito certinho em termos de mise-en-scène (todo o suposto caso extraconjugal) e/ou “super artístico” (o que são aquelas seqüências do elevador subindo e descendo?). No mais, Burman desfila uma enorme quantidade de clichês associados ao homem de meia-idade. “Ninho vazio” não parte deles para atingir algo original. Aqui o clichê está dado, se parte dele e se encaminha ao seu encontro. Mais o que mais me incomoda é a tentativa despropositada de confundir nossa percepção a partir de desconstruções paulatinas do que vemos e ouvimos. E no fim das contas, o filme ainda vomita um truque de roteirista fácil...

titãs - a vida até parece uma festa **

Gostei de “Titãs - A vida até parece uma festa”. O filme de Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves começa em um ritmo siderado. Entre imagens capturadas pelo vocalista e co-diretor Branco Mello (que comprou uma câmera nos anos 80 e passou a registrar o dia-a-dia dos Titãs) e gravações de amigos tiradas do fundo do baú (como as de shows undergrounds, além de entrevistas e apresentações em diversos canais de TV), a montagem põe em paralelo os anos de 1982 e 2002, o VHS e a película, o projeto musical entre amigos e o fenômeno de público e mídia, o show em um bar mitzvah e o Rock In Rio 2. Tudo isso em questão de poucos cortes, e sem nenhum depoimento, narração ou qualquer informação mais, digamos, objetiva. Aos poucos, no entanto, “Titãs” perde grande parte de suas forças. O ritmo muda, assim como aquele entusiasmo inicial. O filme esgarça um pouco pela duração, e, ao fim, o que se vê é um extenso videoclipe. Ainda assim, “Titãs” mostra que, com um pouco de vontade, dá para tirar o documentário biográfico (incluindo aí os sobre bandas) da mesmice dominante.

Agora, é interessante observar: a saída do Nando Reis parece ter sido bem mais amarga do que a do Arnaldo Antunes. Outro ponto curioso: pela enorme quantidade de músicas que ouvimos durante o filme, “Titãs” nos confirma (talvez a contragosto e por linhas tortas) que os últimos dez anos da banda são mesmo muito aquém do que ela já foi capaz de criar, em estúdio e ao vivo.

terça-feira, março 10, 2009

dois

foi apenas um sonho *

O filme começa com uma desastrosa produção amadora de teatro. April (Kate Winslet) é a protagonista. A peça é um fracasso. E os Wheelers abraçam o fracasso, bebem nele, são por ele preenchidos. Num piscar de olhos, o que não passava de pequeno embaraço público, se transforma numa afirmação de seu mútuo desprezo e repugnância. Frank (Leonardo Di Caprio) e April acreditam serem melhores do que a banalidade exasperante em que caíram. Ele fantasia sobre o que chama de seu "próprio mérito excepcional", uma ilusão a qual eles se agarram, num movimento que registra uma certa neurose e uma espécie de sintoma de um mal social pra lá de vago.

Mendes transforma seus personagens em caricaturas histéricas e garante o “overdone” de cada cena. Para tanto, existe até o personagem porta-voz do roteiro: o louco John (Michael Shannon), sempre a nos explicar tudo o que nós já estávamos entendendo sobre o casal. E o é que aquele mar cinza de chapéus... Tudo aqui soa falso e impostado, teatralizado em excesso. Assim como em “Beleza Americana” (1999), “Foi apenas um sonho” parece por vezes reproduzir em suas estratégicas estéticas e dramáticas os mesmos métodos que busca denunciar na mediocridade de Frank e April.

Os personagens não têm muita simpatia por si. Eu tampouco. Talvez o grande problema seja o fato do envolvimento de Mendes ser meramente profissional. O cineasta mantém uma certa distância, uma frieza de quem traça um diagnóstico. E assim, o sentimento que seus personagens despertam é apenas pena. No mais, onde estão as questões para além de dois seres humanos egoístas que não foram honestos consigo próprios ou uns aos outros? Mendes não parece interessado na origem social ou histórica dos problemas vividos por Frank e April. Estamos em pleno anos 50. Mas para Mendes, isso não parece fazer nenhuma diferença. Será que em outros tempos, April e Frank (e muitos outros) teriam melhores condições para encontrar uma saída? A aproximação de Mendes é ahistórica, e seu filme, no fim das contas, dá sua bênção ao conformismo e à resignação.

dúvida *



“Dúvida” é um filme “sério” e "artístico", desses que empolam a Hollywood desses últimos anos – vide a triste safra do Oscar deste ano. O diretor e dramaturgo John Patrick Shanley surpreende pelos diálogos, pelas metáforas que seu texto suscita. Mas seus achados são sempre excessivamente sublinhados, reiterados, seja pela música, seja pela câmera, seja por suas previsíveis soluções visuais e dramáticas (as persianas se abrem como se acendesse uma luz de interrogatório, o toque insistente do telefone para elevar a carga de tensão, etc.). A impressão é a de que Shanley se esforçou para fazer de “Dúvida” mais do que uma simples adaptação de sua peça para o cinema. E assim, o filme segue pontuado por desastradas tentativas de desteatralizar tudo, com quadros na mais variadas angulações. Sofrem também as atuações. Sabemos que a atuação do ator cinematográfico exige a mediação de todo um mecanismo. E aqui ele cisma em prejudicar Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams e Viola Davis, cortado-os pra lá e pra cá.

De qualquer maneira, o que mais me incomoda é o fato da questão sobre o possível abuso sexual ser menos importante para Shanley do que o dilema da irmã Aloysius, da justeza de sua investigação e dos procedimentos de sua investigação. São tantas as vezes que a câmera vagueia até o céu, que o filme nos parece dizer que apenas o Todo-Poderoso poderia nos responder ao certo sobre a relação entre o Padre e o menino. Ora, ou o Padre abusou ou não. Shanley, no entanto, empurra um certo relativismo moral até o fim. Ele se recusa a satisfazer nosso desejo de saber o que realmente aconteceu. Tudo bem: é verdade que não podemos saber tudo com certeza. Mas uma Dúvida pode ser tão absoluta quanto uma Certeza. Ter certeza é sempre prejudicial? A dúvida é importante em todos os casos? O ceticismo mais radical não me parece ser receita para nada, exceto para se preservar o status quo. No fim das contas, não seria isso que vemos em “Dúvida”?

quinta-feira, março 05, 2009

mostras por todos os lados

Antes de voltar a postar textos por aqui, alguns avisos importantes! Mostras pipocam pela cidade. Olhem aí:
No MAM: clássicos do cinema japonês, Fernando Coni Campos e Stroheim com acompanhamento musical!

sex 06
18h30 Harakiri (1962), de Masaki Kobayahi

sab 07
16h A rotina tem seu encanto (1962), de Yasujiro Ozu
18h O segredo de uma esposa - Desejo profano (1964), de Shohei Imamura

dom 08
16h De onde se avistam as chaminés (1953), de Heinosuke Gosho
18h O idiota (1951), de Akira Kurosawa

sex 13
18h30 O império dos sentidos (1976), de Nagisha Oshima

sab 14
16h Esposas ingênuas (1922), de Erich von Stroheim. Sessão com acompanhamento de piano ao vivo por Cadu.
18h O portal do inferno (1953), de Teinosuki Kinugasa

dom 15
16h Vida de casado (1951), de Mikio Naruse
18h O Império da Paixão (1978), de Nagisa Oshima

sex 20
18h30 Contos da lua vaga (1953), de Kenji Mizoguchi

sab 21
16h Época de garoto (1990), de Masahiro Shinoda
18h Era uma vez em Tóquio (1953), de Yasugiro Ozu

dom 22
16h Não lamento a minha juventude (1946), de Akira Kirosawa
18h Sonatine (1993), de Takeshi Kitano

qui 26
18h30 O Mágico e o delegado (1983), de Fernando Coni Campos

sex 27
18h30 Os amantes crucificados (1954), de Kenji Mizoguchi

sab 28
16h Filho único (1936), de Yasujiro Ozu
18h Oharu (1952), de Kenji Mizoguchi

dom 29
16h A Mulher de Areia (1964), de Hiroshi Teshigahara
18h Dersu Uzala (1975), de Akira Kurosawa

Na Caixa Cultural: uma pequena mostra com trabalhos da grande Maya Deren!

Os filmes exibidos:

Meshes of the afternoon (1944)
At Land (1944)
A study in choreography for camera (1945)
Ritual in transfigured time (1945-1946)
Meditation on violence (1948)
The very eye of the night (1952-59)

Horário das sessões: 14h, 15h30, 17h, 18h30 e 20h (cada uma com todos os 05 curtas da mostra). Sessões especiais no dia 13, sexta: 18h30 - Sessão com música ao vivo – DJ Hisato

Por fim, no CCBB: Chantal Akerman!

10 de março – terça-feira
19h30 - Do leste

11 de março – quarta-feira
17h30 - Do outro lado
19h30 - Histórias da América: Comida, Família e Filosofia

12 de março – quinta-feira
15h30 - Do leste
17h30 - Retrato de uma garota do fim dos anos 60 em Bruxelas
19h30 - Carta de uma cineasta: Chantal Akerman + O homem da mala

13 de março – sexta-feira
15h30 - Lá
17h30 - Histórias da América: Comida, Família e Filosofia
19h30 - A prisioneira

14 de março – sábado
17h30 - Chantal Akerman por Chantal Akerman
19h30 - UMA CONVERSA COM CHANTAL AKERMAN

15 de março – domingo
15h30 - Carta de uma cineasta: Chantal Akerman + O homem da mala
17h30 - Lá
19h30 - A prisioneira

17 de março - terça-feira
17h30 Toda uma noite
19h30 Chantal Akerman por Chantal Akerman

18 de março – quarta-feira
16h - Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles
19h30 - PALESTRA: RITOS DO DIA-A-DIA por Ivone Margulies

19 de março – quinta-feira
17h30 - Tenho fome, tenho frio + Os anos 80
19h30 - Golden Eighties

20 de março – sexta-feira
17h30 - Noite e Dia
19h30 - Toda uma noite

21 de março – sábado
16h - Hotel Monterey
17h30 - Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, 1080 Bruxelles

22 de março – domingo
15h30 - Os anos 80
17h30 - Golden Eighties
19h30 - Noite e dia

24 de março – terça-feira
15h30 - Notícias de casa
17h30 - Do outro lado
19h30 - PALESTRA: Chantal Akerman e o documentário por César Guimarães

25 de março – quarta-feira
15h30 - Hotel Monterey
17h30 - Exploda minha cidade + Eu Tu Ele Ela
19h30 - Os encontros de Ana

26 de março – quinta-feira
15h30 - Os encontros de Ana
17h30 - Notícias de casa
19h30 - Exploda minha cidade + Eu Tu Ele Ela