Simon Curtis (formado na escola da televisão britânica) mostra-se um bom diretor de atores (Williams e Branagh, ambos indicados ao Oscar deste ano, estão estupendos) e o longa funciona melhor nessa disputa entre dois atores e seus métodos. O cineasta se esforça para fazer um filme simpático e pouco afeito ao conflito. O que se vê é um cinema, digamos, de “qualidade”, onde tudo está certo, funcionando, leve e bonito. Um tanto rápido, também, é preciso dizer. “Sete dias com Marilyn” imprimi um ritmo acelerado aos acontecimentos, mais preocupado em registrá-los do que construí-los. Curtis aposta ainda em citar e manter Marilyn Monroe em poses famosas, seja nua, com os cabelos desgrenhados ou cantando. Uma estratégia que, embora nos mostre como a atriz era consciente de sua imagem e poder, prejudica algumas vezes o movimento no qual o filme se baseia, do mito à pessoa.
O maior problema talvez esteja no roteiro de Adrian Hodges. A narrativa se alterna entre a experiência pessoal e o amadurecimento de Colin e o dilema de Marilyn, uma mulher que depende e ao mesmo sofre da imagem que o mundo faz dela. Mas “Sete dias com Marilyn” nunca abandona o ponto de vista do rapaz – embora quase todos os demais personagens tenham mais presença e carisma do que ele. Ele abre e fecha o filme com narrações em off e frases do tipo "Eu tinha tudo para provar a minha família ... mas mais para mim mesmo”, e Hodges insiste em fazê-lo presente para entreouvir todos os momentos dramáticos da história. É bem verdade que, por vezes, vislumbra-se a possibilidade de “Sete dias com Marilyn” ter sido mais do que um filme simpático, porém demasiadamente convencional (especialmente no que concerne as interpretações e as situações e os personagens da trama), mas falou mais alto o desejo por um “cinema de qualidade”, funcional, perecível, sem conflito.
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