ninho vazio *
O que aconteceu com Daniel Burman? A pergunta não me sai da cabeça, desde os primeiros minutos de “Ninho vazio”. A trama está centrada em um casal de meia-idade à beira de uma crise matrimonial deflagrada pela saída dos filhos de casa – os jovens são figuras coadjuvantes ou ausentes. Em uma estrutura episódica, Bruman privilegia os atores e a palavra como condutora dos climas e da percepção do protagonista. Seu estilo elegante e descompromissado se faz presente e ainda tem a sua força. Quando se atem às pequenas poesias da convivência familiar, o filme funciona, embora o timimg cômico esteja completamente errado e tudo pareça sempre muito certinho em termos de mise-en-scène (todo o suposto caso extraconjugal) e/ou “super artístico” (o que são aquelas seqüências do elevador subindo e descendo?). No mais, Burman desfila uma enorme quantidade de clichês associados ao homem de meia-idade. “Ninho vazio” não parte deles para atingir algo original. Aqui o clichê está dado, se parte dele e se encaminha ao seu encontro. Mais o que mais me incomoda é a tentativa despropositada de confundir nossa percepção a partir de desconstruções paulatinas do que vemos e ouvimos. E no fim das contas, o filme ainda vomita um truque de roteirista fácil...
Gostei de “Titãs - A vida até parece uma festa”. O filme de Branco Mello e Oscar Rodrigues Alves começa em um ritmo siderado. Entre imagens capturadas pelo vocalista e co-diretor Branco Mello (que comprou uma câmera nos anos 80 e passou a registrar o dia-a-dia dos Titãs) e gravações de amigos tiradas do fundo do baú (como as de shows undergrounds, além de entrevistas e apresentações em diversos canais de TV), a montagem põe em paralelo os anos de 1982 e 2002, o VHS e a película, o projeto musical entre amigos e o fenômeno de público e mídia, o show em um bar mitzvah e o Rock In Rio 2. Tudo isso em questão de poucos cortes, e sem nenhum depoimento, narração ou qualquer informação mais, digamos, objetiva. Aos poucos, no entanto, “Titãs” perde grande parte de suas forças. O ritmo muda, assim como aquele entusiasmo inicial. O filme esgarça um pouco pela duração, e, ao fim, o que se vê é um extenso videoclipe. Ainda assim, “Titãs” mostra que, com um pouco de vontade, dá para tirar o documentário biográfico (incluindo aí os sobre bandas) da mesmice dominante.
Agora, é interessante observar: a saída do Nando Reis parece ter sido bem mais amarga do que a do Arnaldo Antunes. Outro ponto curioso: pela enorme quantidade de músicas que ouvimos durante o filme, “Titãs” nos confirma (talvez a contragosto e por linhas tortas) que os últimos dez anos da banda são mesmo muito aquém do que ela já foi capaz de criar, em estúdio e ao vivo.
Agora, é interessante observar: a saída do Nando Reis parece ter sido bem mais amarga do que a do Arnaldo Antunes. Outro ponto curioso: pela enorme quantidade de músicas que ouvimos durante o filme, “Titãs” nos confirma (talvez a contragosto e por linhas tortas) que os últimos dez anos da banda são mesmo muito aquém do que ela já foi capaz de criar, em estúdio e ao vivo.
2 comentários:
fala julio, ainda nao vi o filme mas vo ver, o vc poderia recomendar alguns filmes pra asistir no ¨e tudo verdade¨ que acho ta ja quasi començando acho, e isso cara, abraço.
rapaz, o é tudo verdade mudou esse ano. dizem que teremos a competição brasileira agora e a internacional no meio do ano. com isso, serão poucos os filme exibidos agora. recomendo os novos de José Padilha, Eduardo Coutinho e Avi Mograbi. se vir outro brasileiro legal, aviso aqui.
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