quinta-feira, julho 02, 2009

tykwer e nachtergaele



trama internacional *

Esse me incomodou. Para além do esmero no estilo, sobra pouco, muito pouco. A câmera segue os atores (ambos, Clive Owen e Naomi Watts, estão apenas batendo o ponto) em constante movimento e os cortes vêm em grande quantidade. Contudo, estas opções são tão evidenciadas que colocam ruídos na descrição mais objetiva. Talvez essa impressão seja produzida pelo apreço aos macetes do roteiro, ao deslumbramento frente ao muitos recursos estilísticos à disposição do cineasta, aos detalhes sempre por demais sublinhados para causar sensação. Tom Tykwer dirige como se a “A Identidade Bourne” e seus inúmeros genéricos não existissem. Estes funcionam bem como exercícios de cinema de gênero, mas Tykwer parece se levar a sério demais para perceber que o que está na tela não passa de uma fórmula, usada e abusada à exaustão.
a festa da menina morta ***

Gostei do filme do Matheus Nachtergaele. A narrativa é cronológica, porém não no sentido clássico de causa e efeito. “Menina Morta” segue de cena a cena. Como cineasta, Matheus as trabalha quase isoladamente, em textura e intensidade. Ele opta por planos colados aos rostos dos personagens, aposta numa certa animalização de seu gestual e recruta planos-sequências para sublinhar seus atores - todos muito bem. “Menina Morta” propõe uma estética de choque: o sexo entre pai e filho, a matança do porco, os descontroles de Santinho, etc. E o registro é sempre excessivo, dotado de uma carga visual e dramática pra lá de carregada. Com o tempo alongado dos planos, no entanto, a hipervisualidade das cenas perde um pouco de sua força. Mas a impressão que fica é a do desejo pelo cinema.

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