terça-feira, outubro 25, 2011

links

- a nova edição da La Furia Umana está no ar.

- algumas homenagens a Raul Ruiz.

- Rafael de Luna acaba de colocar no ar o site Viva Cine – Portal História Viva do Cinema Brasileiro, uma iniciativa da Associação Cidadela e do Tela Brasilis voltada para a reflexão e discussão sobre a história do cinema brasileiro.

sexta-feira, outubro 21, 2011

cineclube cinética

Hoje tem Cineclube Cinética lá no IMS. Serão exibidos, às 17h30, "O Atalante" (1934), de Jean Vigo, e, às 19h45, "Após a Reconciliação" (2000), de Anne-Marie Miéville.

terça-feira, outubro 18, 2011

canções

É um privilégio ver um filme de Eduardo Coutinho. Talvez ele nunca esteve tão feliz fazendo um documentário quanto neste “As canções”. E algo desta felicidade imprimi no filme. Um palco, uma cadeira, uma cortina, e pessoas conversando sobre suas vidas e canções preferidas. Coutinho é de uma simplicidade meio punk. Ao mesmo tempo, o jogo entre fato, lembrança, ficção e relato é de uma sofisticação desconcertante. Nada disso, contudo, parece realmente importante quando “experienciamos” um filme de Coutinho. “Canções” é como um presente. Vê-lo é como ganhar um presente.

domingo, outubro 16, 2011

festival

Este Festival do Rio é uma bagunça. Agora mesmo cancelaram a exibição do filme do Abel Ferrara. Não consegui ver “Drive”, que disseram que não ia mais passar, mas acabou passando. Os longas de Monte Hellman e Chantal Akerman ainda não começaram a vender. E, pelo amor de Deus, quem faz a seleção dos curtas deste festival?

terça-feira, outubro 11, 2011

francesco

Esta cena de Francesco (1950), de Rossellini, é incrível. É um cinema que vislumbra uma espécie de pedagogia. Rossellini acredita na capacidade do cinema de revelar uma verdade (espiritual) a partir da literalidade das coisas e, por conseguinte, tocar as pessoas.

Lembro de “Lettre sur Rossellini”, artigo em que Jacques Rivette compara os filmes do cineasta italiano a ensaios atravessados por parábolas, suaves e precisas, que o crítico associava aos traços de Matisse. "Cada cena, cada episódio voltarão à sua memória, não como uma sucessão de planos e de enquadramentos, uma seqüência mais ou menos brilhante, mas como uma grande frase melódica, um arabesco contínuo, um só traço implacável que conduz seguramente os seres para o que ainda ignoram e encerra na sua trajetória um universo palpitante e definitivo; seja um fragmento de Paisà, um episódio de ‘Francisco, arauto de Deus’, ‘Europa 51’, ou o todo de seus filmes, a sinfonia em três movimentos de ‘Alemanha, ano zero’, a linha ascendente e obstinada de ‘Stromboli’ -, sempre o olhar incansável da câmera representa o papel do lápis, um desenho temporal prossegue sob nossos olhos; seguimos seu progresso até o esvaecimento final, até que ele se perca na duração, tal como surgira da brancura da tela".

domingo, outubro 09, 2011

elvis & madona

“Elvis & Madona” é um filme bem sedutor atraente e ao mesmo muito fácil de se desgostar. Se a temática é ousada, sua condução poderia até ser classificada como conservadora. O amor de Elvis e Madona acaba sendo reconvertido em uma relação heterossexual, e, por vezes, as noções pré-concebidas a respeito destes tipos parecem falar mais alto do que os personagens em cena. Se a montagem é truncada e a encenação um tanto limitada (algumas piadas não têm timing, perde-se o ritmo interno em certas cenas, alguns conflitos são resolvidos com pressa, e alguns atores rendem menos do que os protagonistas), “Elvis & Madona” transpira vez ou outra um amadorismo no bom sentido, um filme que deseja produzir imagens que se imponham.

sexta-feira, outubro 07, 2011

festival do rio

Algumas (poucas) dicas (os dois primeiros estreiam ainda em outubro):

Inquietos, de Gus Van Sant
L'Apollonide, de Bertrand Bonello
Chantrapas, de Otar Iosseliani
Drive, de Nicolas Winding Refn
4:44 Last Day on Earth, de Abel Ferrara
Tabloide, de Errol Morris
Um método perigoso, de David Cronenberg
Take Shelter, de Jeff Nichols
Boys meets girl, de Leo Carax
Loucura de Almayer, de Chantal Akerman
Uma longa viagem, de Monte Hellman
Terraferma, de Emanuele Crialese
Sangue do meu sangue, João Canijo
We Need to Talk About Kevin, de Lynne Ramsay
George Harrison, de Martin Scorsese

Além das retrospectivas de Bela Tárr e Dario Argento

terça-feira, outubro 04, 2011

aula magna com roberto farias

Esta quinta (dia 6) a UFF recebe Roberto Farias no Auditório da Faculdade de Direito para uma Aula Magna, às 10h. Quem quiser, é só chegar.

Endereço: Rua Presidente Pedreira 62, Ingá, Niterói.

segunda-feira, outubro 03, 2011

assombro



Uma performance assombrosa de Klaus Nomi, contra-tenor alemão, que morreu de Aids em 1983, aos 39 anos. Ele canta uma ária do século XVII escrita por Henry parcell, morto em decorrência da tuberculose, aos 36 anos. A ária chama-se "The Cold Song":

What power art thou, who from below
Hast made me rise unwillingly and slow
From beds of everlasting snow
See’st thou not ( how stiff )2) and wondrous old
Far unfit to bear the bitter cold,
I ( can scarcely move or draw my breath )2)
Let me, let me freeze again to death.3)

sábado, outubro 01, 2011

riscado e casa de sandro

- “Riscado” busca uma espécie de simplicidade sofisticada. Várias texturas compõem o longa, do HDV (para a história principal) ao 16 mm (para os momentos íntimos), passando pelo super-16 (quando vemos o filme dentro do filme). A idéia, me parece, era embaralhar estas instâncias, costurar um longa camada por camada, em um movimento circular pra frente. E isto, definitivamente, traz um certo frescor a “Riscado”, um filme entusiasmado com as possibilidades que se lhe apresentam a partir desta estrutura. É também um filme entusiasmaste no que diz respeito à personagem Bianca Ventura, que sobrevive fazendo bicos até que um dia surge o papel de protagonista em um longa.

O final de “Riscado”, no entanto, me incomoda. Bianca (quem não viu o filme deve parar por aqui) é desligada de maneira grosseira do filme que estava fazendo. Por que ela não poderia seguir no filme? Por que “Riscado” termina com uma derrota? Acho que este é um problema meu mesmo. Não desmereço o filme por isto, embora não possa negar que aquele final me desagrada. “Riscado” tinha o poder de dar aquela vitória, talvez a grande primeira vitória de Bianca. Eu gosto de finais felizes. Gosto de filmes felizes. “Riscado” é um filme ensolarado (recheado, é verdade, de muita mesquinharia e pequenezas) que no fim me parece duro demais com Bianca.


- "Casa de Sandro” nos desafia com uma câmera insistentemente fixa, por vezes como uma intrusa à espreita, noutras como uma convidada silenciosa. È curiosa esta dupla função. Pois somos convocados a contemplar um mundo que parece se constituir muitas vezes através desta mesma contemplação. Neste sentido, é mesmo muito legal a primeira cena de “Casa de Sandro”. Fábio Andrade falou dela lá na Cinética. “Casa de Sandro” se afirma como um exercício do olhar. Este exercício, no entanto, é a todo o momento reiterado e valorizado pelo filme. E aos poucos, a relação que o filme estabelece com o que filma esfria-se. A impressão em alguns momentos é a de que o filme já estava pronto antes de ser filmado.