Eita filme afetado. Queriam mesmo fazer de “Insolação” um filme de arte! Fotografia bonita. Diálogos profundos. Desconstrução narrativa. Dramas mudos do cotidiano. Não julgamento dos personagens e das situações em que se envolvem. O corpo em detrimento da psicologia. Personagens inspirados em Tolstoi. Tolstoi? Não consegui ver isso. Os personagens de Tolstoi são sempre pessoas simples, dessas que conhecemos aos montes, boas, porém incapazes de fazer o bem. E em “Insolação”? O Fábio Andrade lá na Cinética lembrou de Antonioni como uma referência incontornável. Ele tem razão. Lá estão os corpos cansados, o embate figura x fundo, a solidão e a incomunicabilidade como característicos da miséria do mundo moderno. Antonioni, no entanto, não critica o mundo moderno. Muito elo contrário. Ele acredita em suas possibilidades. O corpo se mostra cansado, mas o cérebro parece vislumbrar esperanças. Desespero e esperança fazem parte do cinema de Antonioni. E em “Insolação”, um filme que opera a nível cerebral e intelectual, jamais a nível nervoso? O que falta pra mim mais uma vez é sensação, sentimento (= verdade).
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