Fernando Pessoa:
“Falsamente creamos a idéia de uma realidade interna. Realidade então é um conteúdo de termos. A idéia de realidade é coincidente com a de externo. Ao externo a devemos. No externo a vemos. A criança, mal toma consciencia, é do externo que a toma. Ter consciencia de si é semelhança. É translato e ficticio o processo pelo qual nos pensamos existentes. Penso, portanto existo, disse Descartes. Pensa-se, devia dizer. Ao dizer penso, o philosopho faz introduzir absurdamente no pensamento um conhecimento do eu que nenhuma intelligencia faz alli apparecer”.
Álvaro de Campos:
Afinal, a melhor maneira de viajar é sentir.
Sentir tudo de todas as maneiras.
Sentir tudo excessivamente,
Porque todas as coisas são, em verdade, excessivas
E toda a realidade é um excesso, uma violência,
Uma alucinação extraordinariamente nítida
Que vivemos todos em comum com a fúria das almas,
O centro para onde tendem as estranhas forças centrífugas
Que são as psiques humanas no seu acordo de sentidos.
E isso tudo me faz pensar em um certo cinema contemporâneo, que reclama o caos e o infinito que subsiste por trás de toda organização formal. Mais do que isso. Um cinema que admite a necessidade de uma porção formal e narrativa, mas uma forma e uma narrativa que possibilitem o escoamento do caótico, do infinito, que compõem as próprias formas e não param de trabalhá-las por dentro.
segunda-feira, abril 12, 2010
pessoa
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário