- John Torres é o cineasta mais intimista. dessa geração filipina. Torres escreve, filma e monta seus longas. São exercícios de imaginação e forte carga emocional, reflexos diretos da personalidade de Torres. É bastante curiosa a indefinição do estatuto desse cinema que adquire ares ora de diário pessoal, ora de ensaio fílmico, ora de documentário, ora de melodrama...
- O que prevalece é o desejo de articular a subjetividade do cineasta com alguma interrogação sobre o mundo. E o que fica não é a resposta a alguma indagação ou a resolução de algum problema. Sempre falta algo para que possamos firmar os pés em um chão seguro. As ações ficam em aberto. Os elementos não se articulam com precisão entre si. As relações de causa e efeito não funcionam. É impossível prever.
- Eu tendo a achar que o cinema de Torres (e também o de Raya Martin) é um campo muito interessante para se pensar o estatuto da imagem digital, que passa do visível ao legível, torna-se calculável, modulável. As imagens de Torres são de natureza incompleta, têm um o poder de renascer perpetuamente em função da interação entre a imagem, o realizador e o espectador. A impressão é de que o que nos é dado a ver é apenas uma parte da imagem, uma de suas formas possíveis.
- “Todo Todo Teros” conta a história de um artista que, num belo dia, acorda e descobre ser um terrorista. Na verdade, o coração do filme é feito de imagens de arquivo, imagens de Olga, uma mulher por quem o terrorista se apaixona - essa Olga existe e parece ter realmente tido um relacionamento com o Torres. O terrorismo é na verdade uma metáfora. Teros combina Terrorismo com Eros. Torres está interessado nessa estranha associação e parece igualar o ciúme e a infidelidade ao terrorismo.
- Este é um filme de uma brutal honestidade, especialmente quando Olga esta em cena. É comovente a humildade do Torres quando confessa trapacear Olga para ouvir ela dizer “Eu te amo” em filipino, quando admite abusar daquilo que ele sabe que a fará rir.
- “Todo todo teros” ainda funciona como uma espécie de crônica de uma certa juventude Filipina. Quase todos esses cineastas contemporâneos de que estamos falando participam do filme, que, muitas vezes, mais parece uma discreta celebração.
- A partir do momento que os contornos da história nos é revelado, quase tudo é permitido: poesias, narração, mensagens de texto, eventos narrativos específicos, registros de concertos de rock, etc. Eles elementos se enriquecem mutuamente, gerando significados que nenhum deles contém isoladamente. Torres preserva o prazer da experimentação, em se sacrificar sentidos mais fechados, num filme cheio de curiosidade que nunca sabe bem pra onde está indo.
- A estrutura narrativa se desdobra em fragmentos e justaposições polifônicas, em um fluxo que quebra a montagem áudio-visual. Apesar de não ter uma história em um sentido mais tradicional de encadeamentos causais de eventos, este documentário é extremamente narrativo. Tudo tem voz e fala. Cada pessoa, objeto, elemento, situação, etc., tudo se apresenta como uma nova possibilidade.
- É curiosa a comparação com Raya Martin. Os filmes de ambos exibem uma consciência muito presente de suas existências como filme. Os longas de Martin seguem pensado seu próprio caminhar. Embora os personagens sejam ingênuos e o ritmo envolvente, Martin quer nos manter consciente do que ele está fazendo. Já as imagens do Torres surgem sempre com uma naturalidade incrível. Seus experimentalismos brotam como que por necessidade, como se não houvesse outra alternativa. Torres filma como se estivesse inventando o cinema.
Uma pequena entrevista de Torres:
- O que prevalece é o desejo de articular a subjetividade do cineasta com alguma interrogação sobre o mundo. E o que fica não é a resposta a alguma indagação ou a resolução de algum problema. Sempre falta algo para que possamos firmar os pés em um chão seguro. As ações ficam em aberto. Os elementos não se articulam com precisão entre si. As relações de causa e efeito não funcionam. É impossível prever.
- Eu tendo a achar que o cinema de Torres (e também o de Raya Martin) é um campo muito interessante para se pensar o estatuto da imagem digital, que passa do visível ao legível, torna-se calculável, modulável. As imagens de Torres são de natureza incompleta, têm um o poder de renascer perpetuamente em função da interação entre a imagem, o realizador e o espectador. A impressão é de que o que nos é dado a ver é apenas uma parte da imagem, uma de suas formas possíveis.
- “Todo Todo Teros” conta a história de um artista que, num belo dia, acorda e descobre ser um terrorista. Na verdade, o coração do filme é feito de imagens de arquivo, imagens de Olga, uma mulher por quem o terrorista se apaixona - essa Olga existe e parece ter realmente tido um relacionamento com o Torres. O terrorismo é na verdade uma metáfora. Teros combina Terrorismo com Eros. Torres está interessado nessa estranha associação e parece igualar o ciúme e a infidelidade ao terrorismo.
- Este é um filme de uma brutal honestidade, especialmente quando Olga esta em cena. É comovente a humildade do Torres quando confessa trapacear Olga para ouvir ela dizer “Eu te amo” em filipino, quando admite abusar daquilo que ele sabe que a fará rir.
- “Todo todo teros” ainda funciona como uma espécie de crônica de uma certa juventude Filipina. Quase todos esses cineastas contemporâneos de que estamos falando participam do filme, que, muitas vezes, mais parece uma discreta celebração.
- A partir do momento que os contornos da história nos é revelado, quase tudo é permitido: poesias, narração, mensagens de texto, eventos narrativos específicos, registros de concertos de rock, etc. Eles elementos se enriquecem mutuamente, gerando significados que nenhum deles contém isoladamente. Torres preserva o prazer da experimentação, em se sacrificar sentidos mais fechados, num filme cheio de curiosidade que nunca sabe bem pra onde está indo.
- A estrutura narrativa se desdobra em fragmentos e justaposições polifônicas, em um fluxo que quebra a montagem áudio-visual. Apesar de não ter uma história em um sentido mais tradicional de encadeamentos causais de eventos, este documentário é extremamente narrativo. Tudo tem voz e fala. Cada pessoa, objeto, elemento, situação, etc., tudo se apresenta como uma nova possibilidade.
- É curiosa a comparação com Raya Martin. Os filmes de ambos exibem uma consciência muito presente de suas existências como filme. Os longas de Martin seguem pensado seu próprio caminhar. Embora os personagens sejam ingênuos e o ritmo envolvente, Martin quer nos manter consciente do que ele está fazendo. Já as imagens do Torres surgem sempre com uma naturalidade incrível. Seus experimentalismos brotam como que por necessidade, como se não houvesse outra alternativa. Torres filma como se estivesse inventando o cinema.
Uma pequena entrevista de Torres:
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