sábado, julho 30, 2011
serbian film
terça-feira, julho 26, 2011
domingo, julho 24, 2011
singularidades de uma rapariga loura ***
É delicioso este filme de Manoel de Oliveira. “Singularidades de uma Rapariga Loura” é uma história amor, um conto sobre os enganos de uma imagem. Um filme cuja tensão nasce entre o que se mostra e o que se esconde, nas entrelinhas. Eu acho bem interessante a maneira como o cineasta sublinha o fato de cada um dos personagens verem o mundo de uma maneira diferente. Gosto muito da interação entre os personagens no trem. Os olhares enviesados dos atores. Ela aos poucos olha mais e mais nos olhos do estranho ao seu lado. É engraçado: é como se este filme fosse a conquista de um olhar, do olhar desta mulher que, como nós, é convidada a entrar na brincadeira.
Manoel de Oliveira não provoca sentimentos ou sensações. É algo de diferente ordem. É bem curioso. Vejamos a cena em que o casal se beija e a câmera corta docemente para o pé da rapariga que então se levanta para trás. Este movimento da perna da rapariga é a materialização de sentimento. É um signo. O cineasta isola o signo em seu sentido. E para fazê-lo, ele vai despindo, através das composições frontais, das atuações estilizadas, da cenografia, os excessos dramáticos ou narrativos. É um trabalho de subtração. E o que fica, curiosamente, é o artifício (e as camadas pelas quais o realizador passou para chegar até ali).
Manoel de Oliveira é um velhinho completamente fascinado por algumas das mais sedimentadas convenções da linguagem do cinema. Como disse uma vez Tag Gallagher a respeito dos Straub, o que me impressiona em algumas passagens deste filme (e do cinema todo de Manoel de Oliveira) não é a subversão às convenções consagradas, mas sua autenticidade. Parece mero jogo de palavras, mas não é. Acho importante por vezes distinguir uma coisa da outra. Manoel de Oliveira, como os Straub, não são cineastas anti-convencionais. Muito pelo contrário. Eles estão a todo momento dialogando com as maias variadas referências, algumas delas consagradas. Seus filmes são
sexta-feira, julho 22, 2011
filmes pela cidade e um link
segunda-feira, julho 18, 2011
sábado, julho 16, 2011
o corpo
quarta-feira, julho 13, 2011
o intruso ****
terça-feira, julho 12, 2011
vers nancy****
domingo, julho 10, 2011
quinta-feira, julho 07, 2011
bamako *****
“Bamako” também discorre sobre o conceito de “pós-colonialismo”. Adotado no final dos anos 80, o termo foi sendo talvez confusamente universalizado, ferido por certos descuidos e homogeneizações. Em “Crítica da imagem eurocentrica”, Robert Stam e Ella Shohat falam muito bem sobre isso no recorte cinematográfico, afirmando que, dependo do uso que você faz do termo, “o pós-colonial” se torna uma sacanagem conceitual. De certa maneira, é disso também que fala Sissako. O pós-colonial pode evaporar algumas relações de perspectiva, pode obscurecer a presença do colonialismo no presente. Enquanto os meios de comunicação parecem tratar o multiculturalismo como um fenômeno recente, desligado do colonialismo, Sissako baseia o discurso de seu filme em uma longa história de múltiplas opressões específicas.
Mas ao mesmo tempo em que desconfia do termo, “Bamako” parece a ele se referir como uma resposta a uma necessidade genuína de se superar a crise de compreensão produzida pela incapacidade das velhas categorias de explicar o mundo. E, na verdade, o “pós-colonial” não sinaliza apenas uma simples sucessão cronológica do tipo antes/depois. O “pós-colonial” marca a passagem de uma configuração ou conjuntura histórica de poder para outra. Problemas como a dependência, o subdesenvolvimento e a marginalização persistem hoje, mas sob uma nova configuração. O “colonial” não terminou, mas não consegue mais explicar ou entender uma política de cowboys brancos e negros. Como dizem Stuart Hall e Peter Hulme, o termo “pós-colonial” não é avaliativo, mas descritivo.
segunda-feira, julho 04, 2011
denis e coleman
sábado, julho 02, 2011
sexta-feira, julho 01, 2011
borat ****
Eu revi pedaços de "Borat" outro dia. Para quem não lembra, Borat é um repórter da TV estatal do Casaquistão, machista, anti-semita, e hiper-sexualizado. Enviado aos Estados Unidos para uma série de reportagens sobre o modo de vida daquele rico e poderoso país. “Borat” registra as andanças do repórter Cazaque pelos Estados Unidos. Ele aterriza em Nova York, deixa um frango escapar no metrô, pensa que o elevador do hotel é o seu quarto, lava roupa no Central Park, inferniza a vida de algumas feministas, e, por fim, se apaixona por Pamela Anderson. Com medo que os judeus repitam o ataque de 11 de setembro, o repórter convence o produtor Azamat a alugar um pequeno caminhão de sorvete e partir para a Califórnia.
Nas filmagens, Baron Cohen se apresenta como Borat aos entrevistados, convence-os a assinar autorizações para uso de imagens e faz perguntas constrangedoras (“as mulheres devem ser educadas?”, “Qual a melhor arma para se matar um judeu?”). Mas o curioso é que quando Borat despeja um comentário estúpido sobre mulheres, deficientes mentais, e/ou judeus, seus entrevistados tentam ser compreensivos. Afinal, trata-se de um pobre jornalista Cazaque, que se masturba diante de uma vitrine da Victoria Secret, mantém relações sexuais freqüentes com sua irmã, etc.. É como se os entrevistados se sentissem conclamados a orientarem o pobre jornalista Cazaque, ensinando-o a respeito, por exemplo, da etiqueta americana. Porém, aos poucos, o jornalista consegue sem muito esforço declarações a favor da escravidão, do encarceramento de homosexuais, do extermínio de judeus.
Em determinado momento, uma mulher que recebia Borat em sua casa diz que apesar das diferenças culturais, não seria muito difícil americanizar o repórter. Cohen fala então de uma tolerância repressiva, concebida agora como “tolerância” do Outro em sua forma asséptica e benigna. Em “Borat”, multiculturalismo é uma espécie de versão invertida e alto-referencial dos mais variados preconceitos. Quando, por exemplo, Borat ri da idéia de que alguém pode ser contra a crueldade com animais, o que Baron Cohen parece querer nos dizer é que não há como controlar legalmente nossos preconceitos, que dirá exterminá-los. Eles estão aí para serem discutidos. É preciso aceitar o caráter radicalmente antagônico e político da vida social, e admitir a necessidade de se “tomar partido”.