terça-feira, fevereiro 25, 2014

harold ramis e algo mais

Harold Ramis se foi. A mídia noticia. Noticia, mas desinforma. "Ator de 'Ghostbusters'", dizem. Ramis foi muito mais do que isso. Até mesmo em "Ghostbusters" ele foi muito mais do que um ator. Ramis é uma espécie de catalizador de uma certa comédia americana. Sem ele... Não sei. Por Ramis passaram Dan Aykroyd, Chevy Chase, Bill Murray... Comédia com sentimento. Um cara como Judd Apatow sempre lhe faz as devidas referências. A participação especial de Ramis em "Ligeiramente grávidos" é uma espécie de atestado de filiação. Enfim... Ouçam este incrível podcast.

Alguns links:

- Entrevistas com Kurt Russel, Dennis Lavant e Abel Ferrara!

- Entrevista com Nicole Brenez e texto dela na Cinética!

- Ótimo texto de Steven Shaviro sobre o "Ela" de Spike Jonze.

- David Bordwell e James Agee.

E, pra fechar, um curta de Gus Van Sant:

quarta-feira, fevereiro 19, 2014

a imagem que falta ****

Esta aí um belíssimo, doído filme. Leiam a crítica de Fábio de Andrade na “Cinética”. Ele tem toda razão. Os melhores filmes de Rithy Panh são movidos por perguntas como: Por que encenar? O que significa filmar? E encenar e filmar para Panh é uma necessidade. Estamos falando do Camboja. Estamos falando de um cineasta que viu todos (absolutamente todos) seus parentes e amigos desaparecem ou perecerem em meio ao regime de Pol Pot. Panh não tem imagens deste passado. As imagens que faltam, contudo, insistem. O contrário da existência não é a inexistência, mas a insistência. O que não existe continua a insistir, como se lutasse para passar a existir. O cinema, portanto, é uma oportunidade ética crucial que Panh não pode deixar passar. Seu cinema nos lembra que a verdadeira escolha com relação a um trauma histórico não está entre lembrar-se ou esquecer-se dele. Afinal, os traumas que não queremos ou não somos capazes de relembrar assombram-nos com mais força. Ou seja: para superar um acontecimento traumático, é preciso antes criar forças para lembrá-lo.

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

nicolas klotz na caixa cultural

TERÇA-FEIRA – 18 de FEVEREIRO

CINEMA 1

 15h - PARIA (2000) – 125min – 35mm

 18h - A QUESTÃO HUMANA (2007) – 143min – 35mm

CINEMA 2

 16h - DIÁLOGOS CLANDESTINOS 2013 : CEREMONY BRAZZA (52min) + POUR SE FRAYER UN CHEMIN DANS LA JUNGLE, IL EST BON DE FRAPPER AVEC UN BATON POUR ÉCARTER LES DANGERS INVISIBLES(25min)

 19h - BRAD MEHLDAU (56min) + JAMES CARTER (56min)


QUARTA-FEIRA – 19 de FEVEREIRO

CINEMA 1

15h – LES AMANTS CINEMA (65min)  +  JEUNESSE D'HAMLET (9min – 35mm) + LA CONSOLATION (9min – 35mm)

18h - LOW LIFE (2011) – 134min – 35mm

CINEMA 2

16h -MADEMOISELLE JULIE (2011) – 101min

18h30 - LE VENT SOUFFLE DANS LA COUR D'HONNEUR (2013) – 101min


QUINTA-FEIRA – 20 de FEVEREIRO

CINEMA 1

15h – A FERIDA (2004) – 163min – 35mm

18h - DEBATE – NICOLAS KLOTZ e ELISABETH PERCEVAL (roteirista dos filmes) + MEDIAÇÃO LEONARDO LUIZ FERREIRA (curador da mostra)

CINEMA 2

16h - BRAD MEHLDAU (56min) + JAMES CARTER (56min)


SEXTA-FEIRA – 21 de FEVEREIRO

CINEMA 1

15h - LOW LIFE (2011) – 134min – 35mm

18h30 - PARIA (2000) – 125min – 35mm

CINEMA 2

16h  -  LE VENT SOUFFLE DANS LA COUR D'HONNEUR (2013) – 101min

19h - MADEMOISELLE JULIE (101min)


SABADO – 22 de FEVEREIRO

CINEMA 1

13h15 - LES AMANTS CINEMA (65min)  +  JEUNESSE D'HAMLET (9min – 35mm) + LA CONSOLATION (9min – 35mm)

15h - A QUESTÃO HUMANA (2007) – 143min – 35mm

18h – A FERIDA (2004) – 163min – 35mm

CINEMA 2

11h – MASTER CLASS – NICOLAS KLOTZ + MEDIAÇÃO RUY GARDNIER (CRÍTICO DE CINEMA)

16h –DIÁLOGOS CLANDESTINOS 2013 : CEREMONY BRAZZA (52min) + POUR SE FRAYER UN CHEMIN DANS LA JUNGLE, IL EST BON DE FRAPPER AVEC UN BATON POUR ÉCARTER LES DANGERS INVISIBLES (25min)

quinta-feira, fevereiro 06, 2014

eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida

Não cheguei ao fim. Sequer sinto-me apto a dar-lhe estrelinhas. Fiquei realmente nervoso, irritado mesmo, com este filme. “Apenas o fim” (2008) já havia causado uma reação parecida. Eu, contudo, otimista, resolvi ver este “Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida”. Saí da sessão depois de uns quarenta minutos, e, já na rua, em Copacabana, fiquei pensando sobre o que me incomoda tanto nestes filmes. E devo dizer, logo de cara, que não se trata da encenação limitada, um pouco preguiçosa e bem comportada de Matheus Souza. É mais do que isso.

Souza investe em um humor descolado, supostamente inteligente, porém totalmente desconectado com os sentimentos dos personagens. Coisas como: “Você tem cada de quem mora em casa” ou “Acredito que existe um lugar para onde vão todas as tampas de canetas”. E então, quando os sentimentos veem para o primeiro plano, fica muito difícil levá-los a sério. Os personagens estão todos em uma espécie de competição de performances (até mesmo os personagens reais que aparecem no projeto documental da protagonista). Estamos diante de um filme muito mais preocupado em exteriorizar um certo número de referências, de gracejos e tiradas verbais, do que na observação e nos sentimentos. Quer dizer: são subjetividades exteriorizadas onde vigoram a projeção e a antecipação. Uma subjetividade que se constitui na própria exterioridade, no processo mesmo de se projetar e de se fazer visível a outrem. É difícil solidarizar com estes personagens. Eles se filiam a qualquer gosto. São muito mais um estilo do que qualquer outra coisa.

O filme se afirma como uma história de autoconhecimento. Ok. Mas estes personagens são tão conscientes de si mesmos, de seus sonhos, de seus fracassos, da natureza das relações que mantém com seus familiares e (ex)amantes. E “Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida” fala sem parar, mas nunca ouve, ninguém. É tudo tão... falso. Por isso, sinto-me muito incomodado quando ouço dizerem que se trata de um retrato geracional, de uma juventude da era da internet e do consumismo. Acho esta visão absolutamente míope e distorcida. Estes jovens são tão formatados, enquadrados, limitados (por roteiro, referências mil e uma certa visão de mundo), como os de “Malhação”.  

Eu não conhecia até bem pouco tempo atrás ninguém que gostasse realmente ou abertamente dos filmes de Souza. Os meus amigos sequer veem seus filmes. Os meus primos mais jovens tampouco se dizem fãs de “Apenas o fim” ou “Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida”. Como então Souza conseguiu fazer tanto (coluna em jornal, dois longas, peças de teatro, etc)? Não conseguia entender isso. Outro dia, contudo, ao ver o pôster de um de seus filmes na rua, minha afilhada de onze anos ficou animada. Ela gostou de “Apenas o fim” e queria muito ver “Eu não faço a menor ideia do que eu tô fazendo com a minha vida”. Nada contra ter fãs de onze anos. Mas isso não é no mínimo estranho? Souza tem seus vinte e tantos anos. Faz filmes sobre personagens com a mesma idade que ele. Contudo, quem se identifica com eles, quem gosta dos longas, têm uma década a menos.

terça-feira, fevereiro 04, 2014

caché ***

Acho mesmo que um cineasta deve ser responsabilizado pelo mundo e pelas criaturas que ele põe em movimento. Neste sentido, Michael Haneke é uma espécie de Dr. Mabuse do cinema contemporâneo. É uma espécie de gênio do mal. Reconheço seu enorme talento, mas tenho um profundo desprezo pelo mundo que ele constitui em filme. Revi “Caché” (2005) outro dia. E aqui o projeto cinematográfico de Haneke atinge seu ápice de manipulação. Entre as muitas questões que o filme levanta, eu me vi nessa revisão pensando no processo de identificação com o imaginário representado na tela e mais propriamente na maneira pela qual europeus e argelinos convivem na mise-en-scène de Haneke. Destacaria ainda para uma análise mais sistemática do longa a pergunta pela autoria das imagens de vigilância (uma pergunta, na minha opinião, mais do válida), e o tipo de identificação que o filme alimenta entre o aparato cinematográfico e o espectador.

Acho cada vez mais que “Caché” desfila um multiculturalismo um tanto míope. Se o discurso nacionalista dos anos 60 traçava linhas demarcatórias bastante nítidas entre o Primeiro e o Terceiro Mundos, entre opressor e oprimido, o discurso pós-colonial e multiculturalista substitui esses dualismos binaristas por um espectro mais nuançado de sutis diferenciações. Mas em “Caché” não há  ambiguidades. Há toda uma vitimização do personagem argelino, enquanto Georges é acusado de todos os males do filme. Apesar de não podermos falar numa pureza na representação destas identidades, os paradigmas permanecem rígidos, não se contaminam.

Neste sentido, parece-me haver por vezes uma certa nostalgia pelo retorno a uma política bem definida de oposições binárias, em que, teoricamente, se podia distinguir com maior clareza os bonzinhos dos malvados. Eu fico por fim com a suspeita de um narcisismo europeu às avessas - “Caché”, então, se aproximaria estranhamente de uma cada vez mais vasta produção hollywoodiana empenhada em “compreender” o problema da África (“Diamante de sangue”, “O senhor das armas”, “Jardineiro fiel”, entre outros). Haneke parece situar a Europa como fonte de todos os males sociais do mundo. Uma perspectiva que não deixa de ser eurocêntrica, reduzindo a vida fora da Europa a uma resposta passiva/patológica à “invasão” ocidental.

domingo, fevereiro 02, 2014

maurice pialat

Quem passa de vez em quando por aqui já sabe. Maurice Pialat!

Agora, no CCBB:

Dia 01 de fevereiro | sábado
17h – Nós não envelheceremos juntos | 115min | 35mm | 18 anos
19h – Polícia | 113min | 35mm | 14 anos

Dia 02 de fevereiro | domingo
17h – Loulou | 110min | 35mm | 14 anos
19h - Infância nua | 83min | 35mm | 12 anos

Dia 03 de fevereiro | segunda-feira
14h30 – Van Gogh | 158min | 35mm | 14 anos
17h30 - Nós não envelheceremos juntos | 115min | 35mm | 18 anos
19h30 – Antes passe no vestibular | 86min | DVD | 14 anos

Dia 05 de fevereiro | quarta-feira
15h30 – Sob o sol de satã | 93 min | 35mm | 16 anos
17h30 - Polícia | 113min | 35mm | 14 anos
19h30 – Sessão Curtas-metragens Turcos | O Mestre Galip, Bizâncio, Pehlivan- os lutadores turcos, Istambul, O Chifre de Ouro, O Estreito de Bósforo | 74min | 35mm | 12 anos

Dia 06 de fevereiro | quinta-feira
15h30 – Infância nua | 83min | 35mm | 12 anos
17h30 - O garoto | 102 min | 35mm | 12 anos
19h30 – A ferida aberta | 82min | DVD | 16 anos

Dia 07 de fevereiro | sexta-feira
15h30 - Antes passe no vestibular | 86min | DVD | 14 anos
17h30 - Loulou | 110min | 35mm | 14 anos
19h30 - Nós não envelheceremos juntos | 115min | 35mm | 18 anos

Dia 08 de fevereiro | sábado
17h - Sob o sol de satã | 93 min | 35mm | 16 anos
19h – Aos nossos amores | 95min | 35mm | 14 anos

Dia 09 de fevereiro | domingo
17h - Sessão Curtas-metragens Turcos | O Mestre Galip, Bizâncio, Pehlivan- os lutadores turcos, Istambul, O Chifre de Ouro, O Estreito de Bósforo | 74min | 35mm | 12 anos
18h30 - Van Gogh | 158min | 35mm | 14 anos

Dia 10 de fevereiro | segunda-feira
15h30 - Polícia | 113min | 35mm | 14 anos
17h30 - Aos nossos amores | 95min | 35mm | 14 anos
19h30 - O garoto | 102 min | 35mm | 12 anos