quarta-feira, fevereiro 19, 2014

a imagem que falta ****

Esta aí um belíssimo, doído filme. Leiam a crítica de Fábio de Andrade na “Cinética”. Ele tem toda razão. Os melhores filmes de Rithy Panh são movidos por perguntas como: Por que encenar? O que significa filmar? E encenar e filmar para Panh é uma necessidade. Estamos falando do Camboja. Estamos falando de um cineasta que viu todos (absolutamente todos) seus parentes e amigos desaparecem ou perecerem em meio ao regime de Pol Pot. Panh não tem imagens deste passado. As imagens que faltam, contudo, insistem. O contrário da existência não é a inexistência, mas a insistência. O que não existe continua a insistir, como se lutasse para passar a existir. O cinema, portanto, é uma oportunidade ética crucial que Panh não pode deixar passar. Seu cinema nos lembra que a verdadeira escolha com relação a um trauma histórico não está entre lembrar-se ou esquecer-se dele. Afinal, os traumas que não queremos ou não somos capazes de relembrar assombram-nos com mais força. Ou seja: para superar um acontecimento traumático, é preciso antes criar forças para lembrá-lo.

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