terça-feira, novembro 11, 2014
godard arquiteto
O mestre John Ford disse certa vez que um cineasta não era um autor, que estaria mais para um arquiteto. Eu, contudo, confesso, nunca havia pensado muito sobre o assunto. Quer dizer, achava esse comentário algo curioso, mas essa curiosidade não me levava a nenhum lugar. Pois bem. Outro dia estava revendo algumas cenas de "Filme Socialismo" (2010), de Jean-Luc Godard, e, de repente, peguei-me pensando em ruínas. Devo dizer: esta é uma associação (Godard e suas ruínas) já levantada em diversos momentos. Afinal, Godard é o cineasta da construção-descontrução-explosão. Ok. Eu, no entanto, ainda não tinha pensando em "Filme Socialismo" como uma estrutura, digamos, fantasma. Talvez fantasma não seja o termo mais apropriado. Godard arquiteta uma planta em que diversas portas são deliberadamente apagadas. Algumas sequer existiram. Estas ausências têm vida. Elas crescem, crescem, crescem. É interessante: as pessoas em geral não tentam descrever os filmes mais novos de Godard - isso, claro, quando não os rechaçam veementemente. Costumam explicá-los, interpretá-los, decodificá-los. Descrevê-los talvez seja mais proveitoso. Porque não? E aí, embora este post esteja longe de cumprir este desafio, arquitetura e ruínas serão noções em tanto.
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