sábado, julho 12, 2008

nárnia e joy division


As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian *

É impressionante como o filão de “filmes de fantasia” cresceu depois do enorme sucesso da trilogia do “Senhor dos Anéis”. O triste é que o gênero não mais joga com o infinito da imaginação, não se aventura pela construção de climas e sentimentos. Com a exceção de um ou outro (em especial “Stardust” e "As Crônicas de Spiderwick"), a fantasia se resume basicamente a uma grandiosidade barroca-realista, com efeitos por minuto se sobrepondo à dramaturgia.

Neste universo de suposta magia, ”As Crônicas de Nárnia” é certamente a série que mais me incomoda. O que temos é uma irritante maçaroca de simbolismos. Ao belicismo acrescenta-se todo um arsenal de figuras fabulares/irreais e um discurso reacionário e arrogante de nobreza e bondade. Um conto de fada infantil, um filme de guerra medieval, e uma alegoria do triunfo do cristianismo. Longos, os dois filmes da série jamais conseguem, nem por um instante, nos instalar em um universo supostamente mágico. Tampouco nos permite pensar por nós mesmos, investindo uma compreensão controlada e cheia de maniqueísmos.

O segundo filme da série, ”As Crônicas de Nárnia: Príncipe Caspian”, se afasta um pouco daquela espiritualidade barata que marcava o primeiro filme e se concentra agora em uma shakespeariana sucessão de trono. Investe-se também na ação e em uma violência higiênica – para não atrapalhar a pipoca ou complicar a censura. Aposta-se mais uma vez na grandiosidade do espetáculo. Um espetáculo limitado ao exotismo proporcionado pelos efeitos - os verdadeiros responsáveis pela construção do realismo, já que os atores, a decupagem e o ritmo parecem secundários. “Príncipe Caspian” é de fato mais grandioso que seu antecessor. Mas não ajuda ter tantas seqüências chupadas do “Senhor dos Anéis” (a revolta das árvores, o rio e seus dedos, a fortaleza de pedra, a perseguição a cavalo), onde a expressão da pujança tecnológica-visual-sonora de Hollywood é muito mais hipnotizante.

Joy Division **

Produzido e dirigido por um fã confesso da banda, o documentário “Joy Division” se apresenta como uma espécie de discurso oficial sobre a trajetória deste que é um dos grupos mais importantes do new wave. Grant Gee (diretor de clipes do U2 ao Blur, e realizador do documentário “Meeting People Is Easy”, com base na turnê de “OK Computer”, do Radiohead) não se mostra interessado em revelações bombásticas, em levantar debates, cutucar polêmicas ou mesmo propor novas interpretações ao ideário da banda. A partir de entrevistas e depoimentos de remanescentes da grupo – Bernard Sumner (guitarrista), Peter Hook (baixista) e Stephen Morris (baterista) – e profissionais e amigos como Tony Wilson (produtor e co-fundador da Factory Records, gravadora que prensou os dois únicos álbuns deles), Annik Honoré (amante de Ian Curtis), Pete Shelley (do grupo Buzzcocks), e Anton Corbijn (autor da antológica foto em Manchester Apollo (1979) e diretor do filme “Control”), o que temos é um inventário saudosista, emotivo e “chapa branca”. Apesar de limitar possíveis vôos e experimentações, esta fidelidade ao discurso oficial do Joy Division tem obviamente o seu interesse.

No mais, como bem disse o Cléber Eduardo lá na Cinética, “Joy Division” é um filme frágil em suas escolhas e forte em seus efeitos. Em sua curta, porém fundamental existência, o Joy Division se tornou um dos combos mais inspirados da história do rock. Onde os punks eram luta e destruição, o Joy Division era contemplação e desespero - Tony Wilson descreve brilhantemente essa mudança como uma passagem do “fuck!” para o “I’m fucked!” O resgate de imagens raras de apresentações da banda na Granada TV (1978) e na BBC (1979) valem o ingresso e confirmam o curto circuito poderoso e cativante que o Joy Division trouxe ao rock. Guitarras em timbres estranhos, um baixo alto e distorcido, uma bateria rápida de som “achatado”, intervenções gélidas do teclado, e a voz grave de Curtis cantando pequenos e assustadores contos psicóticos. Poucas bandas encararam com tanta honestidade e sensibilidade sentimentos tão difíceis de serem assimilados e transmitidos.

cinearte e scena muda

Repasso aqui outra dica: A biblioteca do Museu Lasar Segall disponibilizou edições digitalizadas das revistas “Cinearte” e “Scena Muda”, marcos do cinema brasileiro. É fácil e de graça. Dêem uma olhada no link.

quarta-feira, julho 09, 2008

young jb

Este prólogo do filme do Tenacious D (banda/dupla de Jack Black e Kyle Gass) é genial.

sexta-feira, julho 04, 2008

lumet, allen e bressane


Antes que o Diabo saiba que você está morto ****

Para Sidney Lumet, “Antes que o Diabo saiba que você está morto”, mais do que um retorno à forma, é quase uma espécie de ressurreição: um melodrama violento e trágico, inventivo nos movimentos, preciso nos planos, e elegante nos enquadramentos. Trata-se de um filme incrivelmente simples, a começar pelo contundente roteiro do estreante Kelly Masterson. “Antes que o diabo” é um melodrama aparentemente clássico em sua estrutura. O drama nasce não exatamente dos personagens, mas da maneira pela qual eles se ajustam às situações apresentadas e justificam suas ações. A narrativa é agressiva e crua. Os eventos se desenrolam sem alarde. Não há tempo para trabalhar o background dos personagens ou para que eles possam acertar as pontas com seus passados. E, definitivamente, não há heróis.

Depois de um começo em tom idílico, entramos direto na trama e o filme já se esboça como a história de um desastre. Aos poucos, este “desastre” parece se expandir de diversas maneiras: da burocracia de uma locadora de veículos a uma fotografia gradativamente mais dura. A narrativa começa a ir e vir no tempo. Lumet parece narrar em camadas. Em cada uma delas, temos pequenas aulas de concisão dramática. Aos poucos estes pedaços vão se somando. O espectador poderá assistir a determinadas cenas em diferentes ângulos e pontos de vista. O drama se multiplica. O mau se instala.

Curiosamente, o cineasta se disse em algumas ocasiões fascinado pelo digital. Filmado em HD, “Antes que o diabo” transpira esse fascínio. Além da elegância formal, o longa demonstra uma enorme vitalidade no trabalho da câmera. Lumet e o fotógrafo Ron Fortunato fazem uso instigante das câmeras digitais em close-ups distorcidos e estourados que mais parecem oriundos de um “Inland Empire”. Ethan Hawke nunca esteve tão bem, sempre com um sorriso nervoso e descontrolado no canto da boca. E Philip Seymour Hoffman constrói um personagem aparentemente desconectado dos horrores à sua volta, perdido como um zumbi. Um filme deliciosamente desagradável.

O sonho de Cassandra **

É recorrente a afirmação de que Woddy Allen não é exatamente um amigo íntimo da mise-en-scène. Ele seria, sobretudo, um roteirista. Ele faria filmes de palavras e de atores, sem muitas preocupações com a imagem. Pois em “O Sonho Cassandra” sinto o contrário. De um lado, o roteiro me parece recheado de muita redundância em suas viradas e dilemas morais. As questões presentes no longa são valorizadas de forma quase telecurso segundo grau por Allen. O tempo todo alguém declama sentenças do tipo "It's funny how life boils down to this", "Life is nothing if not totally ironic", "The whole of human life is about violence", ou "Funny how life has a life of its own".

Por outra lado, Allen parece mais seco, cruel, e interessado em atmosferas. Logo nas primeiras cenas, o cineasta vai direto ao ponto: os irmãos Terry e Ian compram um barco ao som de Philip Glass, em uma cena que dá o tom do filme e sugere (também visualmente) o destino de seus personagens. A impressão é a de que o cineasta prezou mesmo uma eficiência dramatúrgica, com uma mise-en-scène cheia de sugestões e caprichos. E o talento na direção de atores, uma das marcas registradas de Allen, é palpável nas atuações de todo o elenco, em especial a de Colin Farrel.

Apesar de gostar mais deste do que dos outros “Match Point” e “Scoop”, “Cassandra” cai um pouco no fim, quando Allen pisa no acelerador e as coisas começam a se precipitar. E é bem verdade que vez ou outra é evidente uma certa falta de rigor nos cortes e nos enquadramentos de algumas cenas. Os últimos filmes de Woody Allen me passam esta impressão aparentemente paradoxal. São filmes esquemáticos e previsíveis, mas ao mesmo tempo um tanto frouxos.

Cleópatra ***

Em “Cleópatra”, Julio Bressane investiga esta personagem mitológica cheia de faces e facetas e a põe na roda, a coloca em cheque, constatando a total impossibilidade do cinema de produzir quaisquer revelações a respeito de sua persona “real”. E nada disso forma um enredo. Os personagens não se constroem, a intriga não se arma nunca. O mito prevalece. Engrandece. O cinema do Bressane pressupõe a busca de um universo próprio. O cineasta parece por vezes brincar com uma certa autonomia dos planos. Sua narrativa parece se sustentar em sua capacidade de criar vida através da soma de um sem-número de pequenos detalhes. É preciso, então, estar aberto a este acúmulo de referências, imagens, sons e músicas.

“Cleópatra” me parece por vezes buscar talvez um certo equilíbrio entre uma idéia de formalismo e outra de expressividade. Cada plano tem uma idéia. Não parece fazer questão de ser percebida como raciocínio, mas acho que se impõe como tal. Bressane não nos permite reduzir sua protagonista a significados. O filme quer despir estes significados, busca a valorização da plasticidade e o efeito sensorial. O que me incomoda é que estes procedimentos me parecem às vezes chamar muita para si mesmos. Não sei. Em miúdos: seja na experiência sensorial ou mesmo nesta minha reflexão mais distanciada, o filme realmente não colou em mim.

quinta-feira, julho 03, 2008

cinemateca do mam

No sábado, a Cinemateca do MAM exibe duas obras-primas seguidas:

16h - "Aurora" (1927), de F. W. Murnau.
18h - "A Regra do Jogo" (1939), de Jean Renoir.

E na sexta, dia 11, às 18h30, teremos o imperdível "Ouro e maldição" (1924), do grande Joseph von Stroheim.

quarta-feira, julho 02, 2008

terça-feira, julho 01, 2008

blogs, site e caixa cultural

Ricardo calil retomou seu blog
E enquanto o Cinemascopio não volta, Kléber Mendonça Filho vem postando seus textos neste blog
Outros links:

- blog de Daniel Caetano
- blog de Renata Gomes
- blog de Jean-Claude Bernardet
- blog de Fábio Andrade
- blog Éloge de l’amour
- blog Outrocine

Confiram também o Moving Image Source, site novo editado pelo Dennis Lim. Tem gente muita boa escrevendo.

Por fim, depois de celebrar os 100 anos da morte de Machado de Assis com a mostra "Memórias Cinematográficas de Machado de Assis", a Caixa Cultural vem abrigando uma nova mostra para comemorar os 100 anos do nascimento de Guimarães Rosa.

A mostra exibe “A hora e a vez de Augusto Matraga” (1965) e “Deus e o Diabo na terra do sol” (1964), dois dos meus filmes preferidos, além de um par de filmes (“Noites do sertão” e “Cabaré mineiro”) de um cineasta que dizem interessante, mas que confesso por hora desconhecer, Carlos Alberto Prates Corrêa. A programação.

segunda-feira, junho 30, 2008

para quem não conhece

Soube não faz muito tempo da morte do destemido George Carlin, um dos grandes mestres do stand up. Vejam.

sexta-feira, junho 27, 2008

indiana, bodas, apenas uma vez


Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal **

É preciso dizer: tenho uma relação afetiva com a trilogia do Indiana Jones. Acho que fui ao cinema sozinho pela primeira vez aos oito anos para ver “A última cruzada” em um daqueles cinemas da Saens Peña. Lembro de estufar o peito e andar na ponta dos pés para enganar a bilhetera e burlar a censura de 12 anos.

Neste sentido, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal” funciona razoavelmente bem. Confesso que me senti em casa logo no início, com a introdução de Indy por uma sombra no carro e notas do tema clássico de John Williams. Passaram-se 20 anos, mas o que vemos é aquela mesma composição no quadro, a mesma luz, o mesmo ritmo nos cortes, as tiradas, o clima, o espírito das velhas matinês de aventura da Hollywood clássica. Spielberg nos mostra como sabe trabalhar e valorizar os ícones e marcas construídos ao longo de sua carreira, desarmando e seduzindo o espectador nessa aventura nostálgica.

O problema é que não tenho mais oito anos. Não basta, por mais genuíno que seja, aquele entusiasmo lúdico que as improváveis (como nunca) aventuras de Indy me inspiram. O roteiro é de uma complexidade meio boba, e o conflito, quando estabelecido, se desenvolve de maneira esquemática, pontuado por diversas reviravoltas um tanto forçadas. Alguns personagens também me pareceram talvez um pouco mal construídos... em especial o do Ray Winstone. Depois da sedução inicial, até a enciclopédia de citações à trilogia da série funciona muito mais como pequenas piadas. Talvez falte vida a este filme. Ou então sou que estou ficando velho.

Bodas de papel *

Em “Bodas de Papel”, estamos certamente em território romântico, com forte tendência às lágrimas. O filme opera a partir de algumas variações em torno dos códigos preestabelecidos (em sua maioria, muito previsíveis) deste gênero. Os personagens não são exatamente práticos nessa história de amores, e costumam encontrar no destino uma força um tanto irônica ou perversa. Sturm até ensaia uma investigação sobre este destino e o que fazer com ele, sobre a insensatez em boa parte dos que amam, mas não segue estas promessas adiante.

O filme transpira melancolia. O bolero na trilha - que, aliás, em alguns momentos, lembra um fado – e as cenas de memórias (flashbacks ou não) passam uma idéia de que tudo poderia ter sido diferente (quem sabe, melhor). O título original das histórias de "Serendipity" (que o avô conta para Nina) vem de uma palavra sem tradução para o português que significa algo como "talento para a sorte", uma capacidade de viver belas coincidências por acaso. Mas em “Bodas de Papel”, os personagens não têm sorte, são sempre obrigados a recomeçar tudo de novo. Estranho.

“Bodas de Papel” segue em um ritmo talvez descuidado, e, apesar de recorrer algumas vezes a um sentimentalismo um tanto rasteiro, gera e inspira poucos sentimentos. O grande problema é que o cineasta e o fotógrafo Fábio Cabral muitas vezes dificultam o envolvimento do espectador. O filme rejeita o plano/contraplano em nome de uma câmera que não sabe muito bem para onde ir, que passeia desgovernada de um lado para outro e chama demais atenção para si mesma. E a montagem de Cristina Amaral parece por vezes dispensar muito pouco tempo a seqüências cruciais para o desenvolvimento da relação dos protagonistas.


Apenas uma vez ****

“Apenas uma vez” foi uma grata surpresa pra mim. É um filme simples, barato, pequeno, recheado de gestos e olhares minúsculos e cheios de sentimento. O diretor John Carney narra o encontro e a criação de cumplicidade entre um músico amador (Glen Hansard) e uma imigrante tcheca (Markéta Irglová). Este encontro se transforma em uma espécie de celebração dos mais variados sentimentos através da música.

Ambos os atores (em especial, é verdade, Glen Hansard) são de um magnetismo fascinante e difícil de ser explicado. Não há como passar imune à força de suas presenças no quadro. Carney demonstra um olhar sensível na construção dos espaços e das relações entre pai e filho, mãe e filha, além da curiosa comunidade de imigrantes. “Apenas uma vez” também se mostra um filme aberto, cheio entradas para o pensamento. Os personagens não têm nome. Informações como o país de origem dela surgem sem alarde, no seu tempo. Em determinado momento, ele pergunta para ela se ainda ama seu marido. Ela responde em tcheco e o filme não traduz.

Carney não é intimo da mise-en-scène, não parece muito preocupado com a imagem, com o posicionamento da câmera, com a composição da cena. O cineasta faz uma aposta perigosa, mas que dá certo. Em “Apenas uma vez”, estilos, técnicas ou efeitos não podem se sobrepor à musica. É uma aposta na qualidade das canções, na força encantatória das interpretações dos músicos, e na capacidade delas para sedimentar um canal afetivo e inquebrantável com o expectador. Funcionou maravilhosamente comigo.

sexta-feira, junho 20, 2008

roda viva

Repasso aqui uma dica bem legal: neste site encontram-se transcritas todas as entrevistas da história do “Roda Vida”. Vale a pena dar uma olhada. Tem muita coisa boa.

quinta-feira, junho 19, 2008

mais stewie

Ando meio longe. Desculpem.

Para comemorar as 10 mil visitas do Kinos, segue aqui mais um Stewie. Dessa vez, ele ataca Matthew McConaughey. Não tem o vídeo, apenas o áudio. Mas é o suficiente. Escutem.

terça-feira, junho 10, 2008

anos 2000

Segue minha lista dos 20 melhores filmes dos anos 2000, enviada para o ranking da Liga dos Blogues Cinematográficos.

Mal dos Trópicos (2004), Apichatpong Weerasethakul
Elefante (2003), Gus Van Sant
Dez (2002), Abbas Kiarostami
Plataforma (2000), Jia Zhang-ke
Vou Para Casa (2001), Manoel de Oliveira
Fale com Ela (2002), Pedro Almodóvar
Vai e vem (2003), João César Monteiro
O intruso (2004), Claire Denis
Os Amantes Constantes (2005), Philippe Garrel
Eureka (2000), Shinji Aoyama
Juventude em marcha (2006), Pedro Costa
O Invasor (2001), Beto Brant
Millennium Mambo (2001), Hou Hsiao-hsien
Cidade dos sonhos (2001), David Lynch
Kill Bill Vol. 2 (2004), Quentin Tarantino
Reis e Rainha (2004), Arnaud Desplechin
A Morte do Sr. Lazarescu (2005), Cristi Puiu
Amor a flor da Pele (2000), Wong Kar Wai
George Washington (2000), David Gordon Green
Medos Privados em Lugares Públicos (2006), Alain Resnais

Abaixo, uma lista enorme dos filmes mais importantes da década. Ano por Ano. Alguns eu infelizmente ainda não vi. Estão na lista por serem fortes recomendações de amigos ou por estarem em rankings de uma ou outra revista/crítico que gosto.


2000
Chunhyang - Amor Proibido(Im Kwon-taek)
George Washington (David Gordon Green)
Os catadores e eu (Varda)
O coração do mundo (Guy Maddin)
Amor a flor da Pele (Wong Kar Wai)
Mysterious Object at Noon (Apichatpong Weerasethakul)
Plataforma (Jia Zhang-ke)
Esther Kahn (Arnaud Desplechin)
A Prisioneira (Chantal Akerman)
O Mundo de Andy (Milos Forman)
Missão: Marte (Brian De Palma)
As Coisas Simples da Vida (Edward Yang)
Conte comigo (Kenneth Lonergan)
Palavra e utopia (Manoel de Oliveira)
Dançando no Escuro (Lars Von Trier)
Werkmeister Harmonies (Bela Tarr)
The House of Mirth (Terence Davies)
O tigre e o dragão (Ang Lee)
O círculo (Jafar Panahi)
Eureka (Shinji Aoyama)
O Tempo e a Maré (Tsui Hark)
Brother (Takeshi Kitano)
A Cidade Está Tranquila (Robert Guédiguian)
Teia do Chocolate (Claude Chabrol)
O Dia do Perdão (Amos Gitai)
A Virgem Desnudada por Seus Celibatários (Hong Sang-Soo)
No quarto e Vanda (Pedro Costa)
O fantasma (João Pedro Rodrigues)


2001
A.I. (Steven pielberg)
Vou Para Casa (Manoel de Oliveira)
The Mad Songs of Fernanda Hussein (John Gianvito)
Operarios, camponeses (Straub / Huillet)
Jean Marie Straub, Danielle Hulliet, Cineastas ¿ Onde Jaz Seu Sorriso? (Pedro Costa)
Pistol Opera (Seijun Suzuki)
Waking Life (Linklater)
Que Horas São Ai? (Tsai Ming Liang)
A Inglesa e o Duque (Eric Rohmer)
Millennium Mambo (Hou Hsiao-hsien)
Sauvage innocence (Philippe Garrel)
Sobibor, 14 octobre 1943, 16 heures (Claude Lanzmann)
O Quarto do Filho (Nanni Moretti)
A Viagem de Chihiro (Hayao Miyazaki)
E sua mãe também (Alfonso Cuarón)
Shrek (Andrew Adamson)
Cidade dos sonhos (David Lynch)
Os Excêntricos Tenenbaums (Wes Anderson)
O Miado do Gato (Peter Bogdanovich)
O Invasor (Beto Brant)
Lúcia e o Sexo (Julio Medem)
A Agenda (Laurent Cantet)
Elogio ao Amor (Jean-Luc Godard)
Fantasmas de Marte (John Carpenter)
Quem Sabe? (Jacques Rivette)
O Pântano (Lucrecia Martel)
Desejo e Obsessão, de Claire Denis
Sobre Meus Lábios (Jacques Audiard)
Onde jaz o seu sorriso? (Pedro Costa)
Lavoura Arcaica (Luiz Fernando Carvalho)
Toutes les nuits (Eugène Green)
En construcción (Jose Luis Guerin)
Pulse (Kiyoshi Kurosawa)
Ichi - O Assassino (Takashi Miike)

2002
Femme Fatale (Brian de Palma)
Arca Russa (Alexander Sokurov)
Spider (David Cronenberg)
Springtime in a Small Town (Tian Zhuangzhuang)
A Ultima Noite (Spike Lee)
Coisas Secretas (Jean-Claude Brisseau)
Dez (Abbas Kiarostami)
Eternamente Sua (Apichatpong Weerasethakul)
De l'autre côté (Chantal Akerman)
O Princípio da Incerteza (Manoel de Oliveira)
A Hora da Religião (Marco Bellocchio)
Fale com Ela (Pedro Almodóvar)
Gerry (Gus Van Sant)
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (Peter Jackson)
Longe do Paraíso (Todd Haynes)
As horas (Stephen Daldry)
Embriagado de amor (Paul Thomas Anderson)
Gangues de Nova York (Martin Scorsese)
Cidade de Deus (Kátia Lund e Fernando Meirelles)
Edifício Master (Eduardo Coutinho)
Madame Satã (Karim Aïnouz)
Rocha Que Voa (Eryk Rocha)
Marie-Jo e seus Dois Amores (Robert Guédiguian)
O Homem Sem Passado (Aki Kaurismäki)
Dolls (Takeshi Kitano)
O Homem Que Copiava (Jorge Furtado)
O Pianista (Roman Polanski)
O Filho (Luc e Jean-Pierre Dardenne)
Adaptação (Spike Jonze)
Outro Lado da Lei (Pablo Trapero)
Intervenção Divina (Elia Suleiman)
Sexta-feira à noite (Claire Denis)
Conflitos Internos (Andrew Lau e Alan Mak)
Japão (Carlos Reygadas)
Irreversível (Gaspar Noé)
A Flor do Mal (Claude Chabrol)


2003
Ouro Carmim (Jafar Panahi)
Abaixo ao Amor (Peyton Reed)
Elefante (Gus Van Sant)
Go Further (Ron Mann)
Adeus, Dragon Inn (Tsai Ming Liang)
The Same River Twice (Rob Moss)
Sob a névoa da Guerra (Errol Morris)
Encontros e desencontros (Sofia Coppola)
Kill Bill Vol. 1 (Quentin Tarantino)
Sobre Meninos e Lobos (Clint Eastwood)
O Exterminador do Futuro 3 – A Revolta das Máquinas (Jonathan Mostow)
Zatoichi (Takeshi Kitano)
Looney Tunes: De Volta à Ação (Joe Dante)
A História de Marie e Julien (Jacques Rivette)
Hulk (Ang Lee)
Nelson Freire (João Moreira Salles)
Era uma Vez no México (Robert Rodriguez)
West of the Tracks (Wang Bing)
S-21 - A Máquina de Morte do Khmer Vermelho (Rithy Panh)
The Brown Bunny (Vincent Gallo)
Shara (Naomi Kawase)
Café Lumière (Hou Hsiao-hsien)
O Prisioneiro da Grade de Ferro (Paulo Sacramento)
Ligado em Você (Peter e Bobby Farrelly)
Filme de Amor (Julio Bressane)
Um Filme Falado (Manoel de Oliveira)
Bom Dia, Noite (Marco Bellochio)
Oldboy (Park Chan-wook)
A melhor juventude (Marco Tullio Giordana)
Vai e vem (João César Monteiro)
Procurando Nemo (Andrew Stanton)
X-Men 2 (Bryan Singer)
Prova de Amor (David Gordon Green)
Dogville (Lars Von Trier)
Gozu (Takashi Miike)
Distante (Nuri Bilge Ceylan)
Amarelo Manga (Cláudio Assis)
Le Monde Vivant (Eugène Green)


2004
Mal dos Trópicos (Apichatpong Weerasethakul)
A Vila (M. Night Shyamalan)
Reis e Rainha (Arnaud Desplechin)
Kill Bill Vol. 2 (Quentin Tarantino)
Sarabanda (Ingmar Bergman)
Antes do Pôr-do-sol (Richard Linklater)
Família Rodante (Pablo Trapero)
O Âncora (Adam McKay)
Os Incríveis (Brad Bird)
Colateral (Michael Mann)
A Mulher É o Futuro do Homem (Hong Sang-Soo)
O Mundo (Jia Zhang-ke)
1/3 des yeux (Olivier Zabat)
O diamante branco (Werner Herzog)
Menina de Ouro (Clint Eastwood)
Menina Santa (Lucrecia Martel)
Nossa Música (Jean-Luc Godard)
Clean (Olivier Assayas)
A Vida Marinha com Steve Zissou (Wes Anderson)
Ninguém Pode Saber (Hirokazu Kore-Eda)
O Aviador (Martin Scorsese)
O intruso (Claire Denis)
2046 (Wong Kar Wai)
Questão de Imagem (Agnès Jaoui)
Five (Abbas Kiarostami)
Los Muertos (Lisandro Alonso)
Doze Homens e Outro Segredo (Steven Soderbergh)
Homem-Aranha 2 (Sam Raimi)
A dama de honra (Claude Chabrol)
Pont des Arts, Le (Eugène Green)
The Power of Nightmares: The Rise of the Politics of Fear (Adam Curtis)
O gosto do chá (Katsuhito Ishii)
All Ships at the Sea (Dan Salitt)
A ferida (Nicolas Klotz)
O quinto império (Manoel de Oliveira)


2005
Last Days (Gus Van Sant)
Os Amantes Constantes (Philippe Garrel)
Marcas da Violência (David Cronenberg)
O Pequeno Tenente (Xavier Beauvois)
Three Times (Hou Hsiao-hsien)
A Tale of Cinema (Hong Sang-soo)
O Homem Urso (Werner Herzog)
Sin City - A Cidade do Pecado (R. Rodriguez e F. Miller)
O Signo do Caos (Rogério Sganzerla)
Penetras Bons de Bico (David Dobkin)
Terra dos Mortos (George A. Romero)
O Virgem de 40 Anos (Judd Apatow)
Cidade Baixa (Sergio Machado)
Cinema, Aspirinas e Urubus (Marcelo Gomes)
No Direction Home (Martin Scorsese)
Kung Fusão (Stephen Chow)
Amor em Jogo (Peter & Bobby Farrelly)
Caché/Hidden (Michael Haneke)
Brokeback Mountain (Ang Lee)
Munich (Steven Spielberg)
Paradise Now (Abu-Assad)
O novo mundo (Terrence Malick)
De Tanto Bater, Meu Coração Parou (Jacques Audiard)
Batman Begins (Christopher Nolan)
Orgulho e preconceito (Joe Wright)
A Morte do Sr. Lazarescu (Cristi Puiu)
Crime delicado (Beto Brant)
A Criança (Jean-Pierre & Luc Dardenne)
Mutual Appreciation (Andrew Bujalski)
49 Up (Michael Apted)
The Island at the End of the World (Raya Martin)
Eleição (Johnnie To)
Maria (Abel Ferrara)
O sabor da melancia (Tsai Ming-Liang)
Meu Deus, Meus Deus, por que me abandonaste? (Shinji Aoyama)


2006
O céu de Suely, de Karim Aïnouz
Miami Vice (Michael Mann)
Dália negra (Brian De Palma)
O Plano Perfeito (Spike Lee)
A Dama na Água (M. Night Shyamalan)
Volver (Pedro Almodóvar)
The Queen (Stephen Frears)
Borat (Larry Charles e Sacha Baron Coen)
Half Nelson (Ryan Fleck)
Império dos Sonhos (David Lynch)
A Scanner Darkly (Richard Linklater)
Old Joy (Kelly Reichardt)
O labirinto do Fauno (Guillermo del Toro)
A Conquista da Honra (Clint Eastwood)
Cartas de Iwo Jima (Clint Eastwood)
A última noite (Robert Altman)
Filhos da esperança (Alfonso Cuarón)
Casino Royale (Martin Campbell)
When the Levees Broke (Spike Lee)
Shortbus (John Cameron Mitchell)
Maria Antonieta (Sofia Coppola)
Síndromes e um século (Apichatpong Weerasethakul)
O hospedeiro (Bong Joon-ho)
Juventude em marcha (Pedro Costa)
Black Book (Paul Verhoeven)
Em busca da vida (Jia Zhangke)
Mulher na praia (Hong Sang-soo)
Medos Privados em Lugares Públicos (Alain Resnais)
Belle Toujours (Manoel de Oliveira)
Fora do jogo (Jafar Panahi)
Brand Upon the Brain! (Guy Maddin)
Bamako (Abderrahmane Sissako)
Exiled (Johnnie To)
Eleição 2 (Johnnie To)
These Encounters of Theirs (Straub-Huillet)
A Short Film About the Indio Nacional (Raya Martin)
This Is England (Shane Meadows)
A comédia do poder (Claude Chabrol)
Possuídos (William Friedkin)
Anjos Exterminadores (Jean-Claude Brisseau)
Lady Chatterley (Pascale Ferran)
Ricky Bobby (Adam McKay)
Opera Jawa (Garin Nogroho)
After This Our Exile (Patrick Tam)
Serras da Desordem (Andrea Tonacci)


2007
Go Go tales (Abel Ferrara)
Tropa de Elite (José Padilha)
Os Donos da Noite (James Gray)
Cão Sem Dono (Beto Brant e Renato Ciasca)
Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto (Sidney Lumet)
Jogo de Cena (Eduardo Coutinho)
Sangue Negro (Paul Thomas Anderson)
Não Estou Lá (Todd Haynes)
Zodíaco (David Fincher)
Ligeiramente Grávidos (Judd Apatow)
Onde Os Fracos Não Têm Vez (Joel e Ethan Coen)
Senhores do crime (David Cronenberg)
Luz Silenciosa (Carlos Reygadas)
Paranoid Park (Gus Van Sant)
My Winnipeg (Guy Maddin)
Le voyage du ballon rouge (Hou Hsiao-Hsien)
En la Ciudad de Sylvia (Jose Luis Guerin)
Uma velha amante (Catherine Breillat)
O Amor de Astrée e de Céladon (Eric Rohmer)
Não toque no machado (Jacques Rivette)
Alexandra (Alexander Sokurov)
Diary of the Dead (George A. Romero)
Encounters at the End of the World (Werner Herzog)
Profit Motive and the Whispering wind (John Gianvito)
A questão humana (Nicolas Klotz)
The Trap: What Happened to Our Dream of Freedom (Adam Curtis)
Floresta dos Lamentos (Naomi Kawase)
Fengming – Memórias De Uma Chinesa (Wang Bing)
Sad Vacation (Shinji Aoyama)
La France (Serge Bozon)
Ratatouille (Brad Bird)
O ultimato Bourne (Paul Greengrass)
Antes que eu me esqueça (Jacques Nolot)
Secret Sanshine (Lee Chang-dong)
Boarding Gate (Olivier Assayas)
Baixio das bestas (Cláudio Assis)
Uma Moça Dividida Em Dois (Claude Chabrol)

quinta-feira, junho 05, 2008

atom egoyan

Durante toda a próxima semana, das 19h às 22h, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ (Praia Vermelha) exibirá filmes do canadense Atom Egoyan. Programação:

DIA 9 (segunda) - Next of Kim (Canadá, 1984, 72 min.).

DIA 10 (terça) - Family Viewing (Canadá, 1987, 86 min.)

DIA 11
(quarta) - Speaking Parts (Canadá, 1989, 92 min.)

DIA 12 (quinta) - Calendar (Canadá, 1993, 75 min).

DIA 13 (sexta) - The Adjuster (Canadá, 1992, 102 min.)

Os filmes são exibidos em DVD, falados em inglês e armeno, com legendas em inglês.

Segue o link de meu texto sobre o filme "Condor" publicado lá na Cinética.

sexta-feira, maio 30, 2008

kar-wai e escorel


Beijos roubados **

Fiquei decepcionado com esse “Beijos roubados”. Trata-se, sem dúvida, de um Kar-Wai genuíno: mais uma história embalada por um uso expressivo da música e recheada de enquadramentos sofisticados, de imagens granuladas, de movimentos sedutores e sugestivos, de variações de foco e ritmo que nos fala sobre a fugacidade do tempo, sobre a impossibilidade de permanência do que quer que seja, sobre pessoas se apaixonado e desapaixonando. Não é um simples remake de seu cinema na China, como o próprio cineasta disse, mas uma espécie de adaptação para os EUA. Esse movimento, no entanto, não me agrada. Tudo parece passar rápido demais, todos falam demais (o personagem de Jude Law mais parece uma daquelas crianças sabe-tudo de novela das seis), os sentimentos são todos verbalizados, e tem até happy end.

O que mais me incomoda em “Beijos roubados” é que pela primeira vez tive a impressão de que todo esse domínio e virtuosismo do cinema de Kar-Wai parecem empregados para serem apenas “bonitos” - ao contrário de seus filmes anteriores, em que estes elementos audiovisuais tinham como primeira função significar um universo de um romantismo exacerbado, de solidão e alguma alienação, por onde vagavam seus personagens. Tive a impressão de que agora faz sim um certo sentido falar em um esteticismo vazio. Falta sentimento em “Beijos roubados”. Bons momentos estão lá, mas parecem apenas demonstrar o talento do cineasta e cumprir a expectativa de uma assinatura autoral vencedora.


O tempo e o lugar ***

Logo em suas primeiras seqüências, “O tempo e o lugar” nos abre o jogo. A voz off do documentarista Eduardo Escorel fala de Genivaldo da Silva e os encontros que se estabeleceram entre ele e o cineasta ao longo dos últimos 10 anos. Escorel descobriu Genivaldo ao fazer a série para TV “Gente que Faz”, em 1996, gravou uma extensa entrevista com ele em 2005, e voltou dois anos mais tarde à pequena cidade de Inhapi para reencontrá-lo.

São personagens como Genivaldo (em uma trajetória que vai da Pastoral da Terra ao Sindicato de Trabalhadores Rurais e ao MST, passando pelo apoio e futura rejeição ao governo Lula) que motivam o cinema documentário de Escorel e sua persistência na tentativa de, como ele mesmo diz, “decifrar um enigma chamado Brasil”.

“O tempo e o lugar” faz uso dos materiais rodados em 96, em 2005 e em 2007, e procura incorporar em sua narrativa o seu próprio processo de feitura, em uma estrutura que se pretende circular e não cronológica. “O tempo e o lugar” nos propõe uma contraposição entre a linguagem publicitária do "Gente que Faz" e a linguagem documental, a partir da qual acredita-se que surja um outro personagem. A seguir, a idéia é registrar e confrontar estes diferentes “Genivaldos”. Fica claro, desde o início, o prazer com qual Genivaldo se entrega à releitura de sua vida, e a clareza e o controle que Escorel têm de seus materiais e intenções.

O problema é que talvez este destrinchar nunca se dê exatamente. Na verdade, não há exatamente um aprofundamento da personalidade de Genivaldo – é curioso, por exemplo, como o personagem de 2005 e o de 2007 concordam em tudo. Escorel tenta também comer pelas beiradas: as qualidades e defeitos de Genivaldo expressam-se em sua família. Mas os encontros de Escorel com os filhos de Genivaldo parecem mais reforçar uma certa idéia do que vem a ser este personagem do que pô-lo em crise. Ainda pelas beiradas, Escorel parece por vezes interessado em registrar como a política se dá nestes pequenos municípios brasileiros, noutras a câmera se entrega a beleza simples dos moradores da região de Inhapi. São momentos bonitos, sem dúvida, mas que talvez acrescentem muito pouco ao desvelamento do personagem.

quinta-feira, maio 15, 2008

cinética e cinema-scope

- A canadense Cinema-Scope é pra mim a melhor revista de cinema hoje. Recomendo a assinatura. Ainda mais agora, que cada nova edição trará um DVD. Para se ter uma idéia, a próxima Cinema-Scope virá acompanhada do DVD de "Juventude em Marcha", do Pedro Costa. A revista é bimensal e a assinatura anual para estrangeiros custa 40 dólares. Vale a pena.
- Um texto meu sobre o último BAFICI foi publicado lá na Cinética. Quem quiser ler, é só clicar aqui.

quinta-feira, maio 08, 2008

dois brasileiros


Chega de Saudade **1/2

Gostei de “Chega de Saudade”. Concordo que em alguns momentos há racionalismo demais na busca por uma fluidez, por uma autenticidade. O roteiro acaba se fazendo presente em diversas seqüências. Na verdade, o roteiro é mesmo um pouco esquemático na maneira pela qual traça as ilustrações musicais, pelo fato de quase todos os personagens e seus conflitos terem de ser verbalizados (com a exceção do Marquinhos, em boa atuação do Paulo Vilhena). Pode-se se dizer também que os demais casais acabam não sendo tão vibrantes como o de Villhena/Flor e Nercessiam/Kiss. Nos momentos em que Alberto, o personagem de Leonardo Vilar, evoca seu passado, o filme assume um outro registro, interrompendo um pouco a fluência da narrativa. O amigo Marcelo Ikeda ainda levanta uma questão pertinente: talvez aquela câmera fluida do Walter Carvalho esteja em um certo desacordo com o “público-alvo” do filme.

No entanto, gostei de “Chega de saudade”. Fui mesmo envolvido pelo filme. Laiz Bodanzky opera sempre no risco dramático, e, assim como em “Bicho de sete cabeças”, “Chega de saudade” flui sedutor pelo espaço, trabalha com cortes adocicados e cheios de sugestões, em uma narrativa ágil. A montagem de Paulo Sacramento costura tudo no ritmo da música, ora um samba, ora bolero. Acompanhamos de perto o drama que envolve os personagens de Maria Flor, Vilhena, Cássia Kiss e Nercessian (em grande atuação). O ciúme do jovem Marquinhos diante do pé de valsa e bom de lábia Eudes, e a insegurança solitária de Marici perante a beleza ingênua de Bel são conduzidos com muita sensualidade e ambigüidade. A personagem de Maria Flor me parece bem delineada, cumprindo uma função toda particular dentro da estrutura do filme, funcionando como uma espécie de guia do espectador por aquele universo. Acho legal também como Bodanzky e sua equipe fazem transbordar libido nesse baile. Os personagens parecem por vezes adolescentes, mas sem aquelas ansiedades ou ingenuidades.

Falsa Loura ****

Carlos Reichenbach alimenta uma descrença no centro, em um Brasil oficial e na representação que dele é feita. Como disse certa vez o crítico Inácio Araújo, o seu cinema sempre entra pela porta dos fundos, pela entrada de serviço, onde flagramos aquilo que nosso país ou cidade parecem empenhados em esconder. Carlão faz um cinema eminentemente ético, sem um glamour especial, sem um appeal programado, mas libertário, emocionado e emocionante. Carlão tem fé no cinema. A cada filme, um novo universo de personagens e suas excentricidades, e a mesma generosidade de sempre. Este “Falsa Loura” está certamente entre seus melhores filmes.

Aos poucos, Reichenbach nos apresenta e nos aproxima dos personagens, mostra suas contradições e explora sempre o inusitado de um universo recheado de clichês. E estes clichês preenchem o universo destas mulheres. Mais uma vez, destaca-se a total adesão do realizador aos caminhos da protagonista. Reichenbach acredita em sua personagem, concede a ela o direito de errar sozinha.

Percebe-se também que, em relação a “Garotas de ABC” e “Bens Confiscados”, “Falsa Loura” declara de maneira mais explícita os seus artifícios - talvez esta opção esteja intimamente relacionada com o movimento do filme, que trata de personagens repletos de máscaras. A fotografia de Jacob Solitrenick e a montagem de Cristina Amaral contribuem também para a construção de um sentido que abraça o acidental e a imperfeição. É o caso, por exemplo, da belíssima primeira cena do filme.

“Falsa Loura” pertence à família dos longas femininos de Carlão, como "Lilian M" (1974) e "Anjos do Arrabalde" (1986) - lembra também o “A moça com a valise” (1961) de Valerio Zurlini, um cineasta por quem Reichenbach é confessadamente influenciado. São filmes que transbordam um fascínio por mulheres proletárias e seus confrontos cotidianos com a vida. Silmara pertence a esta estirpe de heroínas, sempre à beira do abismo. Vítimas das circunstâncias que insistem em não se entregar a elas. Talvez a diferença seja a incrível simbiose entre a generosidade estética e uma visão dura e crítica em relação aos devaneios da protagonista. “Falsa Loura” é um conto moral, sem nunca ser moralista. O filme é cruel, mas nunca deixa de ser generoso e solidário em relação às opções de Silmara.

dicas

Vale a pena dar uma conferida na programação da cinemateca do MAM. Na segunda metade do mês de maio, haverá uma mostra curiosa intitulada “1968 Autoritarismo/Convulsão/Revolução”. Entre os destaques estão: “A chinesa” (1967) de Godard, “Cara a Cara” (1968) de Julio Bressane, “Sangre de condor” (1969) de Jorge Sanjinés, “Zabriskie point” (1969) de Michelangelo Antonioni, “Amantes constantes” (2004) de Philippe Garrel, “Teorema” (1968) de Pier Paolo Pasolini, e “Loin du Vietnam” de Joris Ivens, William Klein, Claude Lelouch, Agnès Varda, Jean-Luc Godard, Chris Marker e Alain Resnais.

O Cine-Puc continua com ótima programação. O mês de maio será dedicado a incrível cineasta japonesa, Naomi Kawase. Para ver os horários, clique
aqui.

Durante toda a próxima, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ (Praia Vermelha) exibirá filmes de dois importantes cineastas japoneses: Hirokazu Kore-eda e Shinji Aoyama.

DIA 12 de Maio (segunda-feira), 19 hrs – Maborosi: A Luz da ILusão, de Hirokazu Kore-eda (Japão, 1995, 110 min) – legenda em Português

DIA 13 de Maio (terça-feira), 19 hrs – Depois da Vida, de Hirokazu Kore-eda (Japão, 1998, 118 min) – legenda em Português

DIA 14 de Maio (quarta-feira), 19 hrs - Ninguém Pode Saber, de Hirokazu Kore-eda (Japão, 2004, 141 min) – legenda em Português

DIA 15 de Maio (quinta-feira), 19 hrs. – Eureka, de Shinji Aoyama (Japão, 2000, 217 min) – legenda em Inglês

DIA 20 de Maio (terça-feira) 15 hrs. – Palestra da Profa. Linda Erlich: "`Nobody Knows' and and the Resonant Gesture on Screen"
O blog pós-aposentadoria de Jonathan Rosenbaum.
Uma frase que escrevi em um texto sobre “Conversas do Maranhão” (1977-83) gerou uma discussão legal lá na Cinética. As trocas de e-mails estão publicadas aqui.

quinta-feira, maio 01, 2008

uma família da pesada - amamentação

Quem não conhece: passa, de segunda a sexta, no FX. Sempre às 18h, se não me engano.

jacques demy


Andei revendo alguns filmes do Jacques Demy. Gosto muito do que conheço dele, em especial “Lola” (1961) e “Duas garotas românticas” (1967). Fico sempre extasiado com a expressão corporal dos atores, com as cores, com os belíssimos movimentos de câmera (que traduzem a liberdade almejada pelos personagens e botam as locações para dançarem), a música de Michel Legrand e a conseqüente mise-en-musique do cineasta. O cinema do Demy é como um revigorante, uma aposta na sétima arte como um instrumento de projeção de nossos sonhos, um poderoso antídoto a filmes como “Crash” (2004) e “Babel” (2005).

Discordo que seja um cinema escapista ou ingênuo. Os problemas estão todos lá. Mães perdem o contato com seus filhos, esposas são abandonadas por seus maridos, personagens convivem aos trancos e barrancos com vícios, jovens não sabem o que querem da vida, os desencontros, as desilusões, uma sociedade que gira, gira e não sai do lugar. A grande diferença é que se pede e se aceita desculpas no cinema de Demy. É curiosa a freqüência com que os personagens se pedem desculpas e se perdoam uns aos outros. Não há rancor no cinema de Demy. O cinema do francês, como ele mesmo dizia, é Max Ophüls e Robert Bresson, leveza e gravidade. Em outras palavras, o que mais me agrada é a visão de mundo de Demy. Apesar de todos os pesares, os personagens do cineasta decidiram ser felizes. E, como diz o Roland Cassard (Marc Michel) em “Lola”, “Desejar a felicidade já é ser um pouco feliz”.

sexta-feira, abril 25, 2008

dicas


O CCBB recebe uma mostra de filmes realizados pelo filósofo e teórico francês Guy Debord. Para quem não sabe, o cinema ocupou um lugar central no pensamento de Debord. Seus filmes contêm um projeto de desvalorização/revalorização do cinema. Debord opera a partir da apropriação e montagem de imagens de diversas fontes (cinejornais, filmes publicitários, filmes de ficção, desenhos, fotografias) e de imagens por ele registradas, além de uma enorme variedade de textos escritos ou lidos em off, e do uso pontual da música. Ainda assim, não são obras que se anulam em um exercício formalista. Os filmes de Debord parecem preservar um discurso sobre o potencial revolucionário da juventude. Enfim... Vejam! Clique aqui para ver a programação.

E a Cinemateca do MAM exibe em DVD quatro filmes do enigmático Serguei Paradjanov. Quem não conhece, vale a pena conferir – especialmente o “A cor da granada” (1968), meu preferido.

sab 26
16h A cor da granada (1968)
18h Os cavalos de fogo (1964)

dom 27
16h Trovador (1988)
18h A lenda da fortaleza de suram (1985)

quarta-feira, abril 16, 2008

cinética e Bafici

Estou em Buenos Aires para o BAFICI, um sonho agora concretizado. Pelo que leio e vejo, talvez seja mesmo o melhor festival da América do Sul. Fico até domingo, com direito a muitos filmes, aguns livros, e outros tantos cds. Não posso esquecer dos submarinos, é claro, e, quem sabe, de um jogo na Bombonera. Veremos.
Já ia esquecendo de deixar o link para uma página lá na Cinética com textos que escrevi sobre alguns documentários vistos no É Tudo Verdade. Leiam e, se for o caso, comentem.

terça-feira, abril 08, 2008

juízo e na natureza selvagem

Dois filmes que vem sendo muito bem recebidos, mas que me incomodam bastante:


Na natureza selvagem **

Em “Na natureza selvagem”, seu quarto longa-metragem na direção, Sean Penn trabalha com um dos melhores diretores de fotografia da atualidade, o francês Eric Gautier. Juntos esforçam-se para estabelecer uma mise-en-scène sensível, que busca de forma explícita os climas líricos, tentando tirar das imagens uma significação para além delas. Penn e Gautier evidenciam o capricho dos enquadramentos e do encadeamento deles. O cinema também se apóia na trilha musical de Eddie Vedder, um recurso narrativo que, embora seja excessivo em algumas passagens, dita a atmosfera do filme.

Tudo muito bem filmado, montado e musicado. No entanto, não entendo mesmo tantos elogios a este filme. Na verdade, a história verídica narrada de maneira apaixonada por “Na natureza selvagem” não é interessante. Simples assim. Me parece que a idéia de Penn era reviver os ideais hippies, tratar da negação radical da sociedade de consumo, acompanhada de um fascínio pela vida na natureza. O problema é passar por tudo isso com a política à margem. A decisão de Christopher McCandless (interpretado pelo ótimo Emile Hirsch) de viver no Alasca em meio à natureza não se dá por uma opção política.

A impressão é que McCandless faz uma leitura totalmente equivocada de autores como Thoreau, Whitman, Jack London e Jack Kerouac. Eles não estavam na contramão do processo civilizatório. Muito pelo contrário. Eram também produto da sociedade. Penn não constrói um olhar crítico em relação ao protagonista, insiste sim em uma visão romantizada e psicologizante de McCandless e sua opção de vida. “Na natureza selvagem” quer que compremos um personagem traumatizado pela conturbada relação de seus pais. Convenhamos, uma justificativa pra lá de insuficiente. O protagonista está apenas fugindo de seu passado, e é imaturo, arrogante, egoísta e alienado. Ele parece convencido de que tem uma espécie de missão grandiosa e distribui pequenas lições de moral a todos os demais personagens que encontra ao longo de sua jornada.

Para piorar o filme sugere algumas conotações que não me parecem terem sido previamente deliberadas. Ora, cada seleção que se faz, seja por determinado close ou técnica de montagem, seja por uma palavra ou expressão específicas, é a manifestação de um ponto de vista, quer o realizador esteja disso consciente ou não. Assim, quando o protagonista decide seu futuro depois de ouvir George Bush na TV, ou quando se nega a ter relações sexuais (consentida) com uma menina só por ela ter 16 anos (ele tinha 22, se não me engano), “Na natureza selvagem” passa uma idéia de conservadorismo que vai na contramão das premissas supostamente libertadoras do filme. Em resumo, um longa superficial e raso.

A trajetória de Christopher McCandless clama mesmo é por Werner Herzog. Tá aí um filme que gostaria de ver.


Juízo *

Eu já havia declarado aqui durante o Festival do Rio o meu desconforto em relação a “Juízo”, filme ainda em cartaz de Maria Augusta Ramos. A diretora acompanhou, do tribunal às unidades correcionais de menores infratores, casos que vão do roubo de uma bicicleta ao assassinato de um pai, esfaqueado pelo próprio filho. “Juízo” mantém o estilo e o método de “Justiça” (2004). Maria Augusta apenas instala câmeras nos ambientes que investiga, sem movimentá-las, e não faz perguntas. Trata-se de um cinema que busca o menor grau possível de interferência na realidade e de manipulação do espectador. Estas premissas gerariam enormes problemas em seu primeiro filme. Problemas que reaparecem sob nova forma em “Juízo”.

Impossibilitada pela lei de mostrar os rostos dos meninos e meninas em seu filme, Maria Augusta decidiu substituí-los por atores que conhecessem essa realidade. Assim, temos de um lado os advogados e a juíza “reais”, e, do outro, meninos e meninas “representando seus próprios papéis”. Maria Augusta assume a presença dos atores nos letreiros iniciais. A cineasta afirma que optou pelos não-atores porque queria dar rosto àqueles meninos. Mas isso não se dá no filme. Estes meninos não nos são apresentados em suas individualidades, não são personagens exatamente.

No entanto, o que mais me incomoda é o fato deste recurso do uso de atores ser apenas funcional, um instrumento para se atingir uma transparência. Nada mais. Essa é grande diferença em relação a “Justiça”: em “Juízo” Maria Augusta é muito mais eficiente em suas manipulações. Interessa à cineasta apenas passar para o espectador uma impressão de não-intervenção. Depois daqueles letreiros iniciais, a cineasta esconde todos os traços de encenação. A montagem cria uma perfeita ilusão de continuidade e busca transparência. Não há no filme a intenção de questionar as fronteiras entre real e ficção. “Juízo” não trafega nas bordas do documentário e da ficção.

É bom esclarecer que o problema que nasce da maneira pela qual “Juízo” faz uso de atores não é dramatúrgico. As cenas com os atores são tão “verdadeiras” ou “reais” quanto seriam caso estivessem ali os meninos “de verdade”. O problema é de outra ordem: é ético. “Juízo”, na minha opinião, coloca de vez em cheque o posicionamento ético da cineasta.

godard no cine-puc

A partir desta terça (8), o CinePuc “As história(s) do cinema”, de Jean Luc-Godard.

A obra está divida em quatro partes, cada uma com dois episódios, como foi exibida originalmente na TV francesa. As sessões começam, sempre, às 19h, na sala k102 da PUC-Rio. Segue a programação.

8/4
Todas as Histórias (Toutes les histoires), 51 min, 1988
Uma Só História (Une histoire seule), 42 min, 1989

15/4
Só o cinema (Seul le cinéma), 26 min 1997
Fatal Beleza (Fatale beauté), 28min, 1997

22/4
A Moeda do Absoluto (La monnaie de l'absolu) 27min 1998
Uma Onda Nova (Une vague nouvelle), 28min 1998

29/4
O Controle do Universo (Le contrôle de l'univers), 28min 1998
Os Signos Entre Nós (Les signes parmi nous), 38min 1998

sexta-feira, abril 04, 2008

mais dicas

Muitas mostras pela cidade. Além do É tudo Verdade, que termina neste fim de semana, temos uma ótima programação na cinemateca do MAM. Este mês de abril terá uma pequena mostra de filmes de Taiwan (incluindo o primeiro Tsai Min-Liang e penúltimo Hou Hsiao-Hsien), uma homenagem ao mestre Jean Rouch, além de alguns longas do enigmático Sergei Paradjanov.

A
Caixa Cultural recebe até o dia 20, a mostra “Retrospectiva Ozualdo R. Candeias”, que exibirá a obra completa de um de nossos maiores cineasta. Com a curadoria de Eugênio Puppo, foram programados longas, médias, curtas-metragens, produções em vídeo, uma série para TV com 12 episódios, palestras e, ainda, 61 minutos de trabalhos inéditos recém-encontrados e nomeados “Filmes amadores dos anos 50 e 60”.

E o
Cinemaison resolveu dar uma segunda chance para aqueles que perderam os filmes de Jacques Demy no CCBB. Nesta segunda (7) e na outra (14) serão exibidos quatro longas de Demy e o “Jacquot de Nantes”, de Agnès Varda.

Para terminar, estou colaborando para a cobertura do É Tudo Verdade na
Cinética. Apareçam por lá.

sábado, março 29, 2008

hou hsiao-hsien e é tudo verdade

Durante toda a semana, de 1 (terça) a 4 (sexta) de abril, o Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ (Praia Vermelha) exibirá filmes de um dos nomes mais importantes do cinema contemporâneo, o grande Hou Hsiao-Hsien.

Terça, 1º de abril - Dust in the Wind (Taiwan, 1986, 109 min).
Quarta (2) - Millenium Mambo (Taiwan, 2001, 119 min)
Quinta (3) - Café Lumière (Taiwan, 2003, 103 min) Após a exibição, haverá debate com o pesquisador André Keiji e o crítico de cinema e professor Ruy Gardnier.
Sexta (4) - Three Times (Taiwan, 2005, 132 min) As exibições acontecem das 18h30 às 22h, no Salão Moniz da Aragão. A entrada é franca. Para maiores informações, clique aqui.
Filmes mais recentes de gente grande como Errol Morris e Frederick Wiseman não estão na programação, mas este É Tudo Verdade tem lá seus destaques, em especial os longas e curtas da retrospectiva do documentário experimental brasileiro. Segue alguns nomes:

Além dos Trilhos - Wang Bing
Fengming - Memórias de uma Chinesa - Wang Bing
A Dor e a Piedade (Le Chagrin et la Pitié) - Marcel Ophüls
A Tênue Linha da Morte (The Thin Blue Line) - Errol Morris
Miss Universo 1929 - Lisl Goldarbeiter, Uma Rainha em Viena - Peter Forgacs
Descrição de uma Memória (13 Lembranças do Documentário "Descrição de um Combate" de Chris Marker) - Dan Geva
A Revolução Não Vai Passar na TV – Kim Bartley e Donnacha O’Brian
Triste Trópico - Arthur Omar
Congo - Arthur Omar
Céu Sobre Água - José Agrippino de Paula
Cinema Inocente - Julio Bressane
Conversas no Maranhão - Andrea Tonacci
Dormente - Joel Pizzini
Dr. Dyonélio - Ivan Cardoso
Juvenília - Paulo Sacramento
O Porto de Santos - Aloysio Raulino
Tudo é Brasil - Rogério Sganzerla
Lavra-Dor - Paulo Rufino, Ana Carolina
Sopro - Cao Guimarães
Poesia é uma ou duas linhas e por trás uma imensa paisagem - João Moreira Salles

documentário e jornalismo

Dissertação defendida. Agora sou Mestre em Comunicação e Cultura. Abaixo, segue o resumo de “Documentário e Jornalismo: Propostas para uma Cartografia Plural”. Quem quiser mais alguma informação, é só deixar um comentário ou enviar um e-mail.

O objetivo desta dissertação é pensar a relação entre documentário e jornalismo a partir de uma perspectiva histórica. Ambos mostram, representam, e produzem a realidade. Ambos são categorias permeáveis e variáveis, modos de ver construídos historicamente por rotinas produtivas, por transformações sociais, por relações e interesses comerciais e políticos, por estéticas, metodologias e técnicas inventadas por diferentes movimentos. Ambos compartilham inúmeros pontos de contato nos processos históricos de significação, de mediação e de legitimação de suas narrativas. A proposta é trabalhar nesta multiplicidade que caracteriza o documentário e o jornalismo, propondo aproximações e estranhamentos entre eles. Assim, assumimos um lugar de problematização do próprio ato de definir estes domínios. O caminho a ser percorrido passa por um exame das práticas, dos modelos, dos protótipos, e das inovações que marcaram a história do documentário e do jornalismo, passa também por uma analise sobre a ânsia de organização em termos de unidade que perpassa a formação histórica de ambos os domínios; a constituição de um certo “lugar de fala” que os envolve em uma esfera de autoridade para explicar o mundo histórico; e o estabelecimento de um pacto narrativo que orienta a leitura de documentários e reportagens enquanto índices da realidade.

rambo IV


Rambo é um personagem que nasceu interessante em um filme cheio de vigor e inteligência. “Rambo – Programado para matar” (1982) é um ótimo filme. Ted Kotcheff trabalha bem a violência, o suspense, e o widescreen, e tem plena consciência das implicações subversivas do que tem em mãos. O protagonista era uma figura alheia à lei, à civilização. Nada disso dizia mais respeito a Rambo. Tudo lhe fora tirado durante e depois da guerra. Rambo personifica a humilhação dos americanos, é uma espécie de cicatriz ambulante. O longa parecia também expressar o conflito de uma nação que passava da oposição contra a guerra no Vietnã à estranha sensação culpada de ter traído seus próprios soldados.

Essas idéias foram obviamente invertidas no segundo e terceiro filmes da série, quando John Rambo passa a representar a América e seus delírios de grandeza. Eis que temos então este “Rambo IV”. Neste longa, Rambo está novamente por sua conta e risco, sem servir a um governo ou a uma ideologia específica. Antes de ser ruim ou bom, “Rambo IV” é um filme muito, muito estranho.

Quem são os malvados do filme? Os milicianos da Birmânia? Mas somente eles? Os mercenários contratados também não seriam malvados? O próprio Rambo não parece ter plena consciência dele também ser malvado? E os bonzinhos? Os missionários não são tratados como bonzinhos, muito pelo contrário. Rambo é completamente contrário à missão deles, apesar de ajudá-los. Rambo não faz justiça, mas também não é exatamente pintado como um criminoso. “Rambo IV” não é pacifista, mas também não prega a guerra. Se em determinado momento, o filme parece apostar na possibilidade de se transformar a realidade, no fim das contas essa crença parece totalmente descartada. Ele não defende a transformação pela guerra, embora faça uso dela. Rambo parece convicto de que a guerra é contínua, mas ele acaba voltando pra casa.

“Rambo IV” é sempre muito reticente e cauteloso em suas afirmações, e se presta muito às conjunções adversativas. Todos os personagens relativizam de uma maneira ou de outra sua própria condição e crenças. “Rambo IV” é ambíguo ao extremo, não afirma nem nega nada. Ao contrário de todos os outros “Rambos”, neste não há exatamente um discurso político, ideológico ou religioso.

Talvez o único escorregão neste sentido seja mesmo a volta pra casa. Esta cena final soa como uma contradição e sugere conotações reveladoras que o filme não parece ter previamente deliberado. Em um ótimo texto, Contardo Calligaris vê nessa volta pra casa um retrato do atual espírito americano. Para ele, essa derradeira aventura de Rambo completa uma longa argumentação pelo isolacionismo. Talvez.

Sylvester Stallone (ator, diretor e tudo o mais) adere fortemente ao niilismo de Rambo e se esforça para oferecer ao público apenas aquilo que ele quer. “Rambo IV” é recheado de problemas, da canastrice sem limites dos atores a montagens paralelas bizarras. Mas concordo com o Marcelo Miranda que isso não significa que ele seja passível de descaso, deboche ou desrespeito. Stallone está ali por inteiro, sem jamais se permitir concessões, sem medo de soar ridículo ou patético. Merece respeito.

quarta-feira, março 19, 2008

dicas

No MAM, dois filmes de um cineasta que sempre quis conhecer: Luiz Rosemberg Filho. “Crônica de um industrial” passa no sábado (22), às 16h. E “América do Sexo” será exibido no dia seguinte (23), às 18h.
A Caixa Cultural-RJ sedia, de 18 a 30 de março, a primeira mostra organizada pela Revista Cinética: “Eu é Um Outro - O autor e o objeto no documentário brasileiro contemporâneo”. A mostra exibirá 36 longas documentais realizados a partir de 2000 e terá debates com críticos, teóricos e realizadores. São muitos os destaques. Vale a pena dar uma olhada na programação.

Para terminar, o CinePuc volta à ativa com um pequeno ciclo dedicado ao brilhante diretor sul-coreano Hong Sang-soo. As sessões se dão sempre às 19h, sempre às terças-feiras, na sala k102 da PUC-Rio. Os filmes dele não costumam passar por aqui, nem mesmo em festival. Portanto, considerem:

“Turning Gate” (2002) e “A Mulher é o Futuro do Homem” (2004) já foram exibidos. No dia 25/03, passa “Conto de Cinema” (2005) e na terça seguinte (1/04) passa “Mulher na Praia” (2006).

terça-feira, fevereiro 12, 2008

mais dicas

Mestrado em reta final. O Kinos terá de ficar um pouco de lado. Pelo menos até o início de Março. Até lá apenas algumas dicas:

- depois de muito procurar, consegui comprar por um sebo baiano a coletânea “Walter da Silveira: O Eterno e o Efêmero”. Foi uma fortuna. Ainda não tive tempo de olhar com mais carinho e há evidentes deficiências na edição um tanto confusa dos volumes, mas valeu a pena. O Walter da Silveira é um dos maiores ensaístas do cinema brasileiro. Siga o conselho e dia sim dia não entre no Estante Virtual.

- leiam a ótima entrevista cedida por Guillaume Marion, delegado-geral do festival 3 Continents, de Nantes, a Felipe Bragança na Cinética.

- O CCBB vem exibindo uma mostra com alguns filmes do grande Jacques Demy. Não encontrei muitas informações sobre a mostra, em que formato os filmes estão sendo exibidos... Me parece que alguns estão em película, outros em DVD. Até para achar a programação propriamente dita tive que vasculhar a Internet. Na “Veja Rio” está assim:

Terça (12)

17h: A Fuga dos Meninos Perdidos (1991), de Agnès Varda;
19h: Pele de Asno (1970).

Quarta (13)

17h: A Menina da Baía dos Anjos (1963)
19h: Pele de Asno (1970)

Quinta (14)

17h: Duas Garotas Românticas (1967)
19h: Os Guarda-Chuvas do Amor (1964)

Sexta (15)

17h: Lola (1961)
19h: A Fuga dos Meninos Perdidos (1991), de Agnès Varda

Sábado (16)

19h: A Menina da Baía dos Anjos (1963)

Domingo (17)

17h: A Fuga dos Meninos Perdidos
19h: Duas Garotas Românticas (1967)

- finalizando: a revista “Vanity Fair” lançou recentemente uma edição com um ensaio fotográfico sobre os filmes do mestre Hitchcock. É uma espécie de remontagem dos posters de seus filmes mais clássicos, substituindo atores do passado pelos do presente.

Assim, em “Disque M para matar” (1954), Charlize Theron aparece no lugar de Grace Kelly; em “Intriga internacional” (1959), Seth Rogen substitui Cary Grant; em “Janela indiscreta” (1954), James Stewart e Grace Kelly dão lugar a Javier Bardem e Scarlett Johanson; e em “Um corpo que cai” (1958) Renée Zellweger no papel que foi de Kim Novak. Para ver as demais fotos, clique aqui.




sábado, janeiro 26, 2008

top 20/2007 e inéditos no CCBB

Sigo bem enrolado com a dissertação. Mas, enfim, bola pra frente:

Minha lista dos melhores de 2007. Os 10 primeiros e os 10 seguintes.

Top 10 (não estão em ordem de preferência)

- Em Busca da Vida - Jia Zhang-ke
- Maria - Abel Ferrara
- Medos Privados em Lugares Públicos - Alain Resnais
- Lady Chatterley - Pascale Ferran
- Tropa de Elite - José Padilha
- Os Donos da Noite - James Gray
- O Hospedeiro - Bong Joon-ho
- Jogo de Cena - Eduardo Coutinho
- Santiago – João Moreira Salles
- Anjos Exterminadores - Jean-Claude Brisseau

Outros 10 (não estão em ordem de preferência)

- Cão sem Dono - Beto Brant e Renato Ciasca
- A Comédia do Poder - Claude Chabrol
- Império dos Sonhos - David Lynch
- A Conquista da Honra - Clint Eastwood
- Cartas de Iwo Jima - Clint Eastwood
- Ligeiramente Grávidos - Judd Apatow
- Zodiaco - David Fincher
- Maria Antonieta - Sofia Coppola
- Possuídos - William Friedkin
- Estamos Bem Mesmo Sem Você - Kim Rossi Stuart


No CCBB, a Mostra de Inéditos exibe amanhã três ótimos filmes:

16h30 – Sempre Bela – Manoel de Oliveira
18h30 – Shortbus - John Cameron Mitchell
20h30 – O Sol - Alexander Sokurov

Para acessar a programação clique aqui.

terça-feira, janeiro 01, 2008

recomeçar, sempre recomeçar

Desculpem. Ando totalmente enrolado, na reta final do mestrado. Ontem passei o dia cozinhando e não deu nem pra desejar um feliz ano novo. Enfim... 2008 será diferente! Promessa de fim de ano!

Alguns filmes vistos:

Lady Chatterly *****

Belíssimo esse filme da francesa Pascale Ferran. Certamente, um dos melhores do ano. Adaptação do clássico de D. W. Lawrence, “Lady Chatterly” tem um roteiro simples: uma mulher rica que mora numa casa de campo com o marido paralítico (guerra) tem um caso com o guarda-caças da fazenda. Ferran é simples e direta: reduz a trama aos seus elementos mais básicos, abre mão de possíveis complicações dramáticas ao redor do casal, e não parece exatamente interessada em situar o filme em seu contexto histórico-social.

Ferran faz um uso curioso da trilha e explora a fundo o som ambiente. Um cinema realista e sensorial. “Lady Chatterley” é elegante em seus planos detalhes e elipses, é também doce e paciente na maneira pela qual se debruça sobre o processo de reeducação da sensibilidade do olhar pelo qual passa seus personagens. Aos poucos eles são tomados por um desejo de libertação que se desmembra em encontros com a natureza: natureza das coisas e dos corpos. Depois do primeiro encontro, Constance volta para casa e se olha nua no espelho. Em uma das belas cenas do filme, o casal toma banho de chuva e faz amor sobre a relva, para depois, na cabana dele, enfeitar seus corpos com flores e folhas. Ferran acompanha cada passo desse processo de descobertas. Em outra belíssima seqüência, pela primeira vez os dois se sentem à vontade para tirar suas roupas antes do ato sexual e apreciar seus corpos: uma grande conquista, comemorada por ambos como tal.

E é incrível a interpretação de Marina Hands e Jean-Louis Coulloc'h, comoventemente confortáveis um com o outro e seus corpos. Toda a transformação é marcada pelo rosto de Constance, que se torna cada vez mais bela e poderosa ao longo do filme. “Lady Chatterly” é um olhar delicado, intimista e paciente sob o encontro de duas pessoas e seus corpos.

O passado ****

É curioso como Hector Babenco parece sempre contar a mesma história. Pixote, Lúcio Flávio, Luis A. Molina... personagens no limite de alguma coisa, divididos entre dois mundos, que sentem-se perseguidos e tentam escapar. Em “O passado”, seu mais novo filme, Babenco retorna ao universo da emoção, dos sentimentos, à relação homem-mulher, num belo filme sobre um “pós-amor”. O filme lembra “Coração iluminado” (1998). Em “O passado” há o desejo, uma vontade de falar sobre um amor de um ângulo talvez mais contemporâneo, não o sexo livre, o casamento, a traição. Ambos os longas são sedutores em sua decupagem, em especial o começo de “O passado”, registrando momentos fortes, seguindo os olhares do protagonista em movimentos de puro cinema. Há aqui a mesma paixão que transbordava em “Coração iluminado”.

Babenco preserva aquela forma de narração um tanto distanciada que compreende todos os seus filmes, além de centrar sua trama num personagem estranho e seus mais íntimos segredos. É cinema clássico (a câmera invisível, o enquadramento clássico) com a montagem costurada por elipses e uma atmosfera melancólica e amarga (lembrando Roman Polanski). O cineasta imprime à experiência amorosa uma dimensão de pesadelo. O filme se desenrola como uma história de fantasmas. O casamento ideal terminou ali, logo na segunda seqüência do longa. No entanto, para ser completo, o amor precisa incluir, paradoxalmente, o momento da separação. “O passado” parece inicialmente tratar de um amor depois que ele aparentemente terminou. Mas, sobre as ruínas temos aos poucos uma espécie de delírio, recheado de obsessões. Rimini e Sofia continuam juntos, presentes na ausência. Sofia transforma o amor em uma causa. Ela é uma fanática. O fantasma dela volta para atormentar o protagonista. Rimini, por sua vez, parece dar voltas ao redor da mesma coisa mais de uma vez. Ele não vai para a frente. Ou melhor, ele foge para frente. O curioso é que “O passado” é narrado por ele, segue o olhar de Rimini. Mas é Sofia quem domina as ações. O filme é pontuado pelas intervenções dela.

Por fim, Rimini vira exemplo, troféu para Sofia. O filme parece optar pelo pesadelo. Novos caminhos se apresentam, mas parecem estranhos, difíceis, quiçá impossíveis. Felizmente, não há em “O passado” aquela necessidade de parecer importante e grandioso que fazia mal a “Carandiru” - um filme com vida, mas respirando com dificuldade. “O passado” parece repleto de pequenos problemas – o longa peca por vezes na condução das subtramas, em especial a da mulher obsessiva e ciumenta, que morre tragicamente em uma cena fraca dramaticamente -, mas a eficiência da narrativa mantém-se intacta, e mesmo o final enigmático aponta para toda a tensão existente ao longo do filme.


Jogo de cena *****

“Jogo de cena” é o melhor filme de Coutinho desde “Edifício Máster”. O documentário começa com um anúncio de jornal publicado no Rio. Mulheres com histórias para contar eram convidadas para um teste cinematográfico. Das 83 mulheres que se dispuseram a falar de sua vida, Coutinho selecionou 23, que foram filmadas no palco do Teatro Glauce Rocha. No filme estão algumas delas, alternadas com as atrizes que receberam os textos e as imagens de seus depoimentos para as reinterpretarem como quisessem.

As histórias contadas giram em torno de temas comuns ao cinema de Coutinho: separações, perdas, depressão, gestação, relações familiares, sonhos, projetos de vida, morte. A palavra mais uma vez é um elemento cinematográfico fundamental, tem um valor de criação dentro da estrutura narrativa. Estas mulheres que se colocam disponíveis para uma experiência dessa natureza – querer-se filmada, saber-se filmada, atuar diante da câmera, liberar a memória e a imaginação diante da câmera – cada uma delas embarca nesse jogo, em que as imagens se desmembram em possibilidades do afeto como imersão no mundo. Difícil encontrar cineasta mais generoso do que o Coutinho.

Mas ao alternar, e às vezes embaralhar, depoimentos reais com reencenações, o diretor joga o espectador num exercício de dúvida quase permanente, e explicita ainda mais as regras do documentário coutiniano. Atrizes e personagens reais se confundem em vários níveis, jogando com o que sabemos, ignoramos ou apenas esperamos de cada uma. Coutinho explora a interpenetração entre os papéis que os atores representam, os papéis que acreditavam representar e os papéis que nós os vimos representando. No fim das contas: ninguém detém a autoria de suas vidas quando narradas. O que importa é o registro da “palavra em ato”. A força ou a veracidade do que essas mulheres dizem não se encontra necessariamente no que está sendo contado, mas no próprio ato de contar, na forma como elas se expressam, no olhar, nos silêncios, na construção das frases.

Além disso, é impressionante como cada mulher (seja ela atriz ou não) traz consigo todo um universo. E o filme me parece uma homenagem à fascinante profissão das atrizes, fazendo dois universos completamente distintos conviverem. Enquanto via “Jogo de cena” também lembrei de Kieslowski que dizia que a câmera documentária não tinha o direito de entrar no que lhe mais interessava: a vida íntima, privada, dos indivíduos. Ele dizia preferir comprar glicerina (haverá aqui alguma relação com o filme Coutinho?) na farmácia e os atores simularem choro do que filmar pessoas chorando, ou fazendo amor, ou morrendo.

sexta-feira, novembro 02, 2007

outra imperdível

Cinema húngaro no MAM. Se só poder ver um, veja "Os sem esperança". Obra-prima!
sab 03

16h A Testemunha (1969) de Péter Bacsó
18h As Queridas amigas Édes Emma, Drága Böbe (1991) de István Szabo.
dom 04
16h As aventuras de Mattie Ludas Matyi (1992) de Attila Dargay. 18h Hukkle (2002) de György Pálfi.
sab 10
16h O Carrossel da vida e do amor (1955) de Zoltán Fábri.
18h Erótica saudável (1985) de Péter Tímár.
dom 11
16h Os sem esperanças (1965) de Miklós Jancso.
18h Diário Íntimo (1982) de Márta Mészáros.
sab 17
16h O novo Gilgamesh (1963) de Mihaly Szemes.
dom 18

18h30 Rapsódia Húngara (1979) de Miklós Jancsó.