sexta-feira, setembro 10, 2010

mercenários ***


Tudo bem: ia ser difícil eu não gostar deste filme, mas Stallone me surpreendeu. “Mercenários” é diferentão. Um filme contemporâneo (a câmera tremida, o gosto pela adrenalina do fluxo incessante dos planos, etc) à moda antiga (momentos cômicos inesperados e por vezes meio inapropriados, durações pouco convencionais, uma espécie de “não saber fazer” nos momentos dramáticos mais fortes, etc.). Gosto bastante da força dos closes desses filmes. Stallone cola nos rostos, suas rugas, cicatrizes. É algo da ordem da animalidade. Lembro de Deleuze que dizia que Bacon pintava cabeças e não rostos. A cabeça é apenas uma parte do corpo. É o que Stallone parece buscar: desfazer o rosto para encontrar a cabeça. Como bem disse o Luiz Carlos Oliveira Jr, lá na Contracampo, este é um grupo de renegados. A casa de tatuagem onde eles se encontram é algo bizarríssimo. Stallone está atrás de algo diferente. “Mercenários” morde e assopra, morde e assopra. É porrada sem coreografias demasiadamente marcadas. A porrada suspende a narrativa mas sem romper o ritmo/fluxo desta. E o que dizer de toda aquela violência, nada higiênica, difícil de aceitar? Não dá pra comer pipoca. Definitivamente. É que a violência, como nos mostra este filme, tem dois sentidos muito diferentes: há a violência do representado (o sensacional, o clichê) e a violência da sensação. E “Mercenários” é brutal!

Ah: a trilha é sensacional: Thin Lizzy, Mountain e Creedence!

2 comentários:

pseudo-autor disse...

Todo mundo desceu o sarrafo no Stallone, mas ninguém tem feito filme de ação como Os Mercenários. Merece uma continuação (como vem sendo alardeado nos últimos dias).

Cultura na web:
http://culturaexmachina.blogspot.com

Julio Bezerra disse...

Com certeza!