Domingo, às 16h, o CCBB exibe outro filme preferido: “O medo devora a alma” (1974), de Rainer W. Fassbiner. O filme conta a história de Emmi, uma viúva de 60 anos que se apaixona por Ali, um imigrante mulçumano muito mais jovem do que ela. Como um filme consegue ser tão simples, tão direto no uso da linguagem cinematográfica? Como consegue tornar crível um encontro tão improvável? Como um filme consegue fazer com que nós nos identifiquemos com os personagens justamente por suas fragilidades, por um sentimento de clausura frente às diversas determinações da vida em sociedade? Como consegue fazer com que a câmera seja sempre um olhar de alguém para um outro, como que enquadrando-o? Como se produz um distanciamento que nos aproxima? Como consegue ser ao mesmo tempo tão denso emocionalmente e tão claro nas idéias? Vejam esta cena:
Alguns dizem que se trata de um cinema um tanto pessimista. Eu tendo a discordar, fervorosamente. O que está em jogo ali é uma espécie de revelação dos mecanismos que ordenam o nosso convívio social. Para o cineasta alemão, essa revelação seria uma maneira de alertar a nós, espectadores, sobre a necessidade de mudarmos nossas vidas. O cinema de Fassbinder é um chamado para a ação. E isto sim é que é ser otimista. Eu lembro de um texto do alemão falando sobre o impacto causado pelos filmes de Douglas Sirk. Fassbinder diz que jamais havia visto personagens femininas pensando no cinema. E isso, vejam só, lhe dava força e esperança.
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