quinta-feira, junho 07, 2012
plano de fuga °
Este filme me deixou meio perturbado. Por um bom tempo, pensei em sair do cinema. Aliás, costumo fazer isso de vez em quando. Nunca é fácil fazê-lo, devo dizer. Fico com vergonha e me um acho um cara meio sem escrúpulos quando abando um filme pelo meio; mas, ao mesmo tempo, sinto-me desrespeitado, sinto o cinema sendo desrespeitado, quando vejo um filme ruim, preguiçoso, medíocre. É uma coisa bem conflituosa pra mim. Mas, enfim, voltando ao assunto: “Plano de fuga”. Vi o filme até o fim, completamente espantado - é dirigido por um estreante, Adrian Grunberg, e traz Mel Gibson no papel do protagonista. Fiquei pensando em Serge Daney e o que ele descrevia como sendo “o terceiro estado da imagem”, condicionado pela técnica, de modo a encaminhar a transformação do mundo no sentido de um vasto estúdio cinematográfico. Uma imagem marcada não apenas pela ruptura cada vez maior nas relações do homem com o mundo, mas pela perda do próprio mundo. “Plano fuga” é um filme absurdamente impossível. Não sei se estaria correto afirmar que a imagem perde completamente neste filme a sua dimensão de testemunho do mundo. Isto porque o mundo que vivemos me parece como que contaminado por este “absurdamente impossível”. Mas o que me chama atenção é um certo cinismo... “Plano de fuga”, como seu personagem principal, é cínico. O filme acabou e, andando pra casa, me veio à mente uma outra expressão: niilista. O termo indica uma concepção em que tudo o que é (as coisas, o mundo, os valores, o ser) é negado e ou reduzido a nada. Eu preciso voltar a “Plano de fuga”....
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