Dessa
vez, Sacha Baron Cohen vive o General Almirante Aladeen, chefe supremo da nação
norte-africana Wadiya. Ele é anti-semita, racista, machista... Aladeen é o ator
e o atleta mais premiado da nação. Um de seus games preferidos se chama
“Olimpíadas de Munich”. Ele mantém relações sexuais (pagas com muito dinheiro)
não só com Megan Fox, mas também, a julgar pela sua parede de Polaroids
pós-coito, Arnold Schwarzengger e Oprah. Por lei, seu sobrenome
deve ser usado no lugar de palavras comuns, como "sim" e
"não", o que contribui para uma considerável confusão na vida de seus
súditos. Aladeen está ansioso para construir uma bomba e vem dando trabalho às
inspeções da ONU.
“O
ditador” é um filme um pouco desequilibrado em sua montagem. Os acontecimentos
são ora apressados, ora alongados por vezes de maneira demasiada (se bem que,
em alguns momentos, esse alongamento é justamente o que produz graça). Ainda
assim, como “Borat” e mesmo “Bruno”, este novo filme também revela um trabalho eficiente
de roteiro, de criação de personagens e encadeamento da trama, e o humor de Cohen
parece ainda mais afiado.
“O ditador” está a todo o
momento testando os limites da comédia, da tolerância do espectador. Cena a
cena, somos confrontados e rimos das piadas mais agressivas e de mau-gosto possíveis.
Para ficar em alguns exemplos, Aladeen faz graça de 11 de setembro, pede a um
refugiado africano um exército de crianças para as doze horas do dia seguinte,
e conta uma longa história envolvendo abusos sexuais a menores. Piadas
sublinhadas como piadas, desferidas sempre em um tom de avacalhação geral, como
forma de ridicularizar certos segmentos sociais e políticos – o discurso final
de Aladeen sobre democracia na ONU é prova disto. Em mais uma atuação
impecável, Cohen da cara à tapa e nos oferece uma representação caricatural de
um ditador islâmico. Cohen e o diretor Larry Charles se fazem dessa imagem
simplificadora do que vem a ser um ditador islâmico como uma espécie de
estratégia, revelando a imbecilidade de certos códigos, comportamentos e
crenças que pontuam o nosso dia-a-dia.
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