quinta-feira, março 27, 2014
um dia na vida
Vi ontem este filme-coisa do Eduardo Coutinho. É um troço complicado e exigente. Não foi fácil assisti-lo. Quer dizer: sentia-me a todo o momento inspirado por ele, movido a pensar diversas e interessantes questões, mas sempre muito propenso a emitir julgamentos sobre o que eu via. Eu ria muito. Isso me incomodou um pouco. O meu riso era ele mesmo uma espécie de julgamento. Não é? Subjaz ao riso alguns abismos (sociais, culturais, econômicos), talvez uma certa arrogância. Não sei. Questões como a lógica da programação da TV aberta brasileira e o que ela teria a dizer sobre o país em que vivemos pipocam por todo o filme. Sem falar no gesto artístico de Coutinho de deslocamento das obras televisivas do espaço e do público para o qual elas foram pensadas, a enorme potência e os efeitos desta re-partilha do sensível a qual o filme se propõe. “Um dia na vida” é uma experiência cinematográfica e antropológica. Em determinado momento, lembrei-me daquele programa (cujo nome, contudo, me foge) do Multishow que exibia os vídeos que as pessoas enviavam para a seleção do Big Brother Brasil. Talvez seja algo como o contraplano de “Um dia na vida”.
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