domingo, agosto 05, 2012

batman *

Achei este último "Batman" bem chato. E embora a atuação de Heath Ledger no segundo longa da série seja algo do outro mundo, ainda prefiro o primeiro. Este último me enche mesmo a paciência com uma necessidade inexplicável de imprimir profundidade à trama - ao longo da sessão, lembrei-me da objetividade, da frontalidade, da falta de rodeios de "Os mercenários". O segundo longa já sofria disto, sem falar no virtuosismo para impressionáveis do Christopher Nolan. O Batman é um justiceiro. É preciso ter cuidado ao representá-lo. Este terceiro filme leva isto ás últimas. Leiam este texto do Ricardo Calil, publicado na "Folha de São Paulo":

RICARDO CALIL
CRÍTICO DA FOLHA
É difícil imaginar algum fã do Batman criado por Christopher Nolan pedindo o dinheiro do ingresso de volta depois de ver o último episódio de sua trilogia.
"Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" entrega tudo aquilo que o admirador da série se acostumou a esperar.
Trama complexa, metáforas sobre a condição humana, um protagonista sólido (Christian Bale), um vilão marcante (o Bane de Tom Hardy), duas belas presenças femininas (Anne Hathaway e Marion Cotillard).
Para os que não são fãs incondicionais da série, porém, é possível notar ausências. Aí vai uma pequena lista de coisas que faltam ao filme.
1) Um ponto de vista: O filme assume de vez que Gotham City é Nova York e traz referências explícitas aos atentados de 11 de Setembro e à crise financeira. Mas nunca é possível entender a visão de Nolan sobre essas questões: ele é contra a guerra ao terrorismo e os privilégios dos mais ricos ou é a favor?
A cada cena, o diretor parece querer dizer algo diferente. O que sugere que esses temas foram trazidos ao filme para lhe emprestar uma profundidade que ele não tem.
2) Senso de humor: OK, os quadrinhos demoraram muito tempo para serem reconhecidos como uma forma de arte para adultos. OK, trata de um órfão traumatizado.
Mas precisava ser tão solene e pomposo? São duas horas e 45 minutos com algumas tiradas espirituosas, mas sem brechas para risadas.
3) Fé no poder da imagem: Nolan cria tramas tão intrincadas que os personagens gastam metade de seu tempo em tela tentando explicá-las com diálogos expositivos.
4) Risco: O último episódio da trilogia de Nolan é de uma eficácia acachapante. Falta, porém, a beleza que nasce da imperfeição, como a interpretação desatinada de Heath Ledger como o Coringa no filme anterior.
Da trilogia de Nolan, a imagem que permanecerá é a de Ledger/Coringa perguntando ao Batman (mas sobretudo a seu diretor): "Why so serious?" (Por que tão sério?).

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