Gostei deste filme. Gosto
também dos outros filmes que vi dirigidos pela americana Kelly Reichardt (“Old
Joy” e “Wendy and Lucy”). Em todos eles, a experiência central pela qual seus
personagens se veem enredados é a de “estar perdidos” (seja existencialmente e ou
geograficamente). Reichardt se detém meticulosamente nos detalhes, em torno de
temas e desenvolvimentos de difícil definição. Um cinema materialista,
concreto, que muito vem sendo chamado de “minimalista”. “Meek’s Cutoff” se
passa em 1845, no Oregon. Flagramos uma caravana de colonos atravessando o
velho Oeste. O guia deles propõe um atalho. Eles acabam se perdendo e esbarram
com um índio. Eu não me lembro de ter visto um índio tão “outro” em um filme
americano. Os colonos serão obrigados a confiar nele para encontrar água. “Meek’s
Cutoff” é na verdade a história de um crescente sentimento de incerteza. Os dias
e as noites são claramente demarcados pela montagem. A passagem do tempo é algo
que se vê e se sente, embora seja complicado saber quanto tempo se passou desde
que se perderam. A paisagem é ao mesmo tempo
matéria bruta e indiferente, e emoção desesperada e promessa de algo a mais. Essa
ambiguidade é muito bem explorada pelo filme, sempre entre os perigos visíveis
e iminentes e a necessidade de confiar no desconhecido.
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