quarta-feira, dezembro 21, 2011
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segunda-feira, dezembro 19, 2011
domingo, dezembro 18, 2011
garoto da bicicleta ***
Não sei se gosto de “O Garoto de Bicicleta”. Acho que o Francis Vogner dos Reis conseguiu sintetizar a minha sensação com os filmes mais recentes dos Dardenne em sua crítica sobre “O silêncio de Lorna”: o projeto estético-cinematográfico dos belgas anda dando sinais de saturação e não exatamente de esgotamento. É bem por aí mesmo. Ainda é possível maravilhar-se como o garoto (brilhantemente interpretado por Jérémie Renier) nos é revelado enquanto anda em sua bicicleta, como suas vontades e angústias tornam-se em geral evidentes pela maneira como ele pedala. O jogo de gato e rato entre a câmera e o personagem que tanto marca o cinema dos Dardenne também permanece sedutor e energético, assim como a precisão e objetividade narrativa dos irmãos belgas. Agora, contudo, as linhas (e seus pontos de chegada) que conjugam essa negociação entre a câmera e o corpo dos atores e dos espaços e determinadas funções narrativas, me parecem por demais visíveis. É neste sentido que a trilha supostamente bressoneana (como bem disse o Fábio de Andrade lá na Cinética) me incomoda bastante. Ele vem em três momentos do filme, como que a sublinhar viradas e fazer brotar sentimentos por demais esclarecidos, pena, piedade, compaixão. Tudo muito certinho, programático, previsível.
quinta-feira, dezembro 15, 2011
terça-feira, dezembro 13, 2011
ferrara
Ando revendo os filmes de Abel Ferrara - a minha produtora (firula filmes) aprovou uma retrospectiva do homem lá no CCBB. Eu já tinha visto quase tudo (com a exceção dos episódios do “Miami Vice” e dos filmes para a TV), e, agora, revejo os meus favoritos: “Maria” (2005), “New Rose Hotel” (1998), “The blackout” (1997), “Bad Lieutenant” (1992), “MS.45” (1981), “Dangerous game” (1993) ... É um cineasta que parece falar pra mim. Só pra mim. Tudo me chega com uma intensidade... Tudo me parece tão livre... Fico pensando de onde vem esta sensação de algo que transborda, que nos joga pra frente. Ferrara filma como se fosse o primeiro. Seus filmes são diferentes. Diferentes a ponto de serem estranhos. A cada plano, algo potencialmente novo se vislumbra e nos convoca. Tudo é possível em um filme de Ferrara. Talvez venha daí...
Aliás, já troquei alguns emails com o Ferrara. São emails com a cara do cinema de Ferrara: palavras fortes, sem tempo para vírgulas ou pontuações... e, por vezes, de uma curiosa incompreensão. Depois volto a isso.
domingo, dezembro 11, 2011
sexta-feira, dezembro 09, 2011
links
quinta-feira, novembro 24, 2011
cineclube cinética
sábado, novembro 19, 2011
ray, haneke e von trier
terça-feira, outubro 25, 2011
links
- a nova edição da La Furia Umana está no ar.
- algumas homenagens a Raul Ruiz.
domingo, outubro 23, 2011
sexta-feira, outubro 21, 2011
cineclube cinética
quinta-feira, outubro 20, 2011
terça-feira, outubro 18, 2011
canções
É um privilégio ver um filme de Eduardo Coutinho. Talvez ele nunca esteve tão feliz fazendo um documentário quanto neste “As canções”. E algo desta felicidade imprimi no filme. Um palco, uma cadeira, uma cortina, e pessoas conversando sobre suas vidas e canções preferidas. Coutinho é de uma simplicidade meio punk. Ao mesmo tempo, o jogo entre fato, lembrança, ficção e relato é de uma sofisticação desconcertante. Nada disso, contudo, parece realmente importante quando “experienciamos” um filme de Coutinho. “Canções” é como um presente. Vê-lo é como ganhar um presente.
domingo, outubro 16, 2011
festival
Este Festival do Rio é uma bagunça. Agora mesmo cancelaram a exibição do filme do Abel Ferrara. Não consegui ver “Drive”, que disseram que não ia mais passar, mas acabou passando. Os longas de Monte Hellman e Chantal Akerman ainda não começaram a vender. E, pelo amor de Deus, quem faz a seleção dos curtas deste festival?
terça-feira, outubro 11, 2011
francesco
domingo, outubro 09, 2011
elvis & madona
sexta-feira, outubro 07, 2011
festival do rio
terça-feira, outubro 04, 2011
aula magna com roberto farias
segunda-feira, outubro 03, 2011
assombro
sábado, outubro 01, 2011
riscado e casa de sandro
- “Riscado” busca uma espécie de simplicidade sofisticada. Várias texturas compõem o longa, do HDV (para a história principal) ao
O final de “Riscado”, no entanto, me incomoda. Bianca (quem não viu o filme deve parar por aqui) é desligada de maneira grosseira do filme que estava fazendo. Por que ela não poderia seguir no filme? Por que “Riscado” termina com uma derrota? Acho que este é um problema meu mesmo. Não desmereço o filme por isto, embora não possa negar que aquele final me desagrada. “Riscado” tinha o poder de dar aquela vitória, talvez a grande primeira vitória de Bianca. Eu gosto de finais felizes. Gosto de filmes felizes. “Riscado” é um filme ensolarado (recheado, é verdade, de muita mesquinharia e pequenezas) que no fim me parece duro demais com Bianca.
- "Casa de Sandro” nos desafia com uma câmera insistentemente fixa, por vezes como uma intrusa à espreita, noutras como uma convidada silenciosa. È curiosa esta dupla função. Pois somos convocados a contemplar um mundo que parece se constituir muitas vezes através desta mesma contemplação. Neste sentido, é mesmo muito legal a primeira cena de “Casa de Sandro”. Fábio Andrade falou dela lá na Cinética. “Casa de Sandro” se afirma como um exercício do olhar. Este exercício, no entanto, é a todo o momento reiterado e valorizado pelo filme. E aos poucos, a relação que o filme estabelece com o que filma esfria-se. A impressão em alguns momentos é a de que o filme já estava pronto antes de ser filmado.
quinta-feira, setembro 29, 2011
links
terça-feira, setembro 27, 2011
clichês
Algo me incomoda quando um crítico desmerece um filme descrevendo-o como uma sucessão de clichês. Talvez isso fizesse sentido algumas décadas atrás. Hoje, no entanto, parece-me muito mais uma certa preguiça crítica. Afinal, o que não é clichê nesta sociedade em que vivemos, quando não se pode mais pensar a cultura de mídia e a cultura do consumo em separado? E mais: os clichês (imagens que, repetidas diversas e diversas vezes, supostamente, sintetizariam a essência daquilo que representam), refletem o contexto em que foram criados e passaram com o tempo a nos propor uma relação afetiva. Talvez o problema não seja exatamente o clichê, mas o reduzir-se a ele. Parece mero jogo de palavras, mas não é. Pois, se por um lado, um clichê, tal como uma camisa de força, pode reduzir nosso horizonte de possibilidades; por outro, ele pode também funcionar como uma porta de entrada, facilitar a comunicação, demarcar afinidades ou distâncias. Um clichê não é em si falso ou verdadeiro. Esta é uma questão que se resolve no decorrer da sequencia, no dia a dia. Eu lembro de “Eastbound & Down”, a série de Jody Hill e David Gordon Green. Trata-se uma sucessão de clichês. Kenny Powers, o personagem principal, é um clichê ambulante. Mas tudo nele soa tão autêntico.
domingo, setembro 25, 2011
quinta-feira, setembro 22, 2011
decora
Estava vendo outro dia um pedaço do programa “Decora” do GNT. Eu simplesmente odeio este programa. Odeio como os espaços ficam depois que a decoradora os arranja. Eles ficam todos muito parecidos, bizarramente impessoais, com um jeitão enorme de mostruário. São espaços que não parecem muito abertos ao humano, entendem? Se você tirar algo do lugar, se alguma coisa quebrar, toda aquela harmonia fabricada vai para o quinto dos infernos. E o que mais me espanta é o fato destes espaços alterados serem sempre tão imensamente sedutores. É difícil não gostar da coisa logo de cara. É uma coisa meio agressiva neste sentido. Daí talvez venha este ódio todo. Eu me pego tendo que lutar contra esta sedução inicial...
terça-feira, setembro 20, 2011
lonely island 2
domingo, setembro 18, 2011
cinemaison
quarta-feira, setembro 14, 2011
edward yang e vicente minnelli
domingo, setembro 11, 2011
The Creep (feat. Nicki Minaj & John Waters)
sexta-feira, setembro 09, 2011
festival do rio
1. A NOVELA DAS OITO de Odilon Rocha
2. AMANHÃ NUNCA MAIS de Tadeu Jungle
3. EU RECEBERIA AS PIORES NOTÍCIAS DE SEUS LINDOS LÁBIOS de Beto Brant e Renato Ciasca
4. GIRIMUNHO de Helvécio Marins Jr. e Clarissa Campolina
5. HISTÓRIAS QUE SÓ EXISTEM QUANDO LEMBRADAS de Julia Murat
6. MÃE E FILHA de Petrus Cariry
7. A HORA E A VEZ DE AUGUSTO MATRAGA de Vinícius Coimbra
8. O ABISMO PRATEADO de Karim Aïnouz
9. SUDOESTE de Eduardo Nunes
HORS CONCOURS FICÇÃO
1. CAPITÃES DE AREIA de Cecília Amado
2. CORAÇÕES SUJOS de Vicente Amorim
3. O PALHAÇO de Selton Mello
4. OS 3 de Nando Olival
5. REIS E RATOS de Mauro Lima
NOVOS RUMOS
1. PARAÍSO, AQUI VOU EU de Walter Daguerre e Cavi Borges
2. CRU de Jimi Figueiredo
3. DIA DE PRETO de Marcos Felipe, Daniel Mattos e Marcial Renato
4. RÂNIA de Roberta Marques
5. TEUS OLHOS MEUS de Caio Sóh
6. VAMOS FAZER UM BRINDE de Cavi Borges e Sabrina Rosa
7. CIRCULAR de Adriano Esturilho, Aly Muritiba, Bruno de Oliveira, Diego Florentino e Fábio Allon
8. ESPIRAL de Paulo Pons
COMPETIÇÃO LONGAS DOCUMENTÁRIOS
1 . A ERA DOS CAMPEÕES - de Cesario de Mello Franco e Marcos Bernestein -
2. CANÇÕES de Eduardo Coutinho
3. LAIÁ, LAIÁ de Alexandre Iglesias
4. LUZ, CÂMERA, PICHAÇÃO de Marcelo Guerra, Gustavo Coelho e Bruno Caetano
5. MARIGHELLA de Isa Grinspum Ferraz
6. MENTIRAS SINCERAS de Pedro Asbeg
7. OLHE PRA MIM DE NOVO de Kiko Goifman e Claudia Priscilla
8. OS ÚLTIMOS CANGACEIROS de Wolney Oliveira
HORS CONCOURS DOCS
1. CASA 9 de Luiz Carlos Lacerda
2. UMA LONGA VIAGEM de Lúcia Murat
3. VIDA DE ARTISTA de José Joffily
RETRATOS
1. Abdias Nascimento, Um Brasileiro do Mundo de Aída Marques
2. Augusto Boal e o Teatro do Oprimido de Zelito Viana
3. Bruta Aventura em Versos de Letícia Simões
4. Cena Nua de Belisário Franca
5. MARCELO YUKA NO CAMINHO DAS SETAS de Daniela Broitman
6. Salgado Filho - O Herói Esquecido de Ricky Ferreira
PREMIERE LATINA
1 CARTA PARA O FUTURO de Renato Martins
2 CUBA LIBRE de Evaldo Mocarzel
MOSTRA EXPECTATIVA
1.TAMBORES de Sérgio Raposo
2. VALE DOS ESQUECIDOS de Maria Carvalho Raduan
PANORAMA DO CINEMA MUNDIAL
1.Rock Brasília, Era de Ouro de Wladimir Carvalho
MOSTRA ITINERÁRIOS ÚNICOS
1. Um dia com Frederico Morais de Guilherme Coelho
2. Meia hora com Darcy de Roberto Berliner
quarta-feira, setembro 07, 2011
wim wenders
terça-feira, setembro 06, 2011
alguns brasileiros
- Não gostei do novo filme de Eryk Rocha. A mise en scène sempre foi protagonista de seu cinema. Há em seus filmes um formalismo do plano, um certo maneirismo de se conseguir um efeito plástico. “Transeunte” não é diferente. Organiza-se uma sucessão de sequencias singulares, com imagens empenhadas em criar estranhamento e adquirir estatuto de autonomia em relação à narrativa, sempre com angulações inusitadas, muitos grãos e o corpo do protagonista em primeiro plano. O efeito plástico é como um fim que justifica os meios. “Transeunte” é um filme de coragem – disposto a construir um olhar atento aos pormenores de um personagem anônimo sem particularidades. Neste processo, no entanto, Rocha deixou a receita à vista. “Transeunte” faz força demais, repetidamente, para “significar”. É um filme de macetes significantes. E sua busca de um não sentido por vezes parece escorregar na busca de um sentido único.
- Hugo Carvana é um cineasta com um universo facilmente reconhecível. E muito me agrada o seu espírito descompromissado. "Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo", como os últimos longas de Carvana, é um filme apaixonado. É claro: Carvana tem suas limitações como cineasta, todas elas muito evidentes. Mas ele não as disfarça. Muito pelo contrário. É como se por vezes suas imperfeições tão particulares funcionassem como assinaturas. Devo dizer, no entanto, que um furo na narrativa de “Não se preocupe” me jogou para longe do filme e eu não consegui mais voltar. O guru indiano havia sido preso em Miami por uma acusação de pedofilia. Uma empresária brasileira que havia contratado o guru para palestras no Rio de Janeiro resolve procurar um ator desconhecido que possa se passar pelo indiano. Lalau (Gregório Duvivier) aceita o trabalho, sobrevive aos jornalistas e às primeiras palestras. Eu me senti agredido por isto. Em tempos de Internet, se um famoso guru indiano for preso em Miami por pedofilia antes de vir ao Brasil, todo mundo vai saber. A trama talvez funcionasse alguns anos atrás. Hoje, no entanto, é como se ela estivesse subestimando a minha inteligência. Pelo menos foi como me senti. E por mais que eu quisesse, não consegui mais entrar no filme.
- O que é o final de “O Homem do futuro”!? O filme seguia aos trancos até o fim, é verdade, até mesmo Wagner Moura me parecia ruim, mas Cláudio Torres tem de fato algum talento se o compararmos a outros cineastas brasileiros. Mas este final é algo tão cínico e amoral... Um filme morre pra mim num momento como este. Fiquei lembrando de Jacques Rivette e seu texto paradigmático sobre “Kapo” (1959), em que ele condenava um movimento de câmera de Gillo Pontecorvo ao “mais profundo desprezo”. Faço o mesmo com “O homem do futuro”.
- Sobre “A alegria”, leiam esta crítica de Inácio Araújo:
"A Alegria" é, até certo ponto, o filme da geração do "fim da história", do sentimento de nada a fazer, nada por que combater, nada a obter. Representada por quatro amigos, a geração opõe-se ao nada que lhe é oferecido e dispõe-se a lutar contra.
É, também, o filme de uma cidade que experimenta o fantasma do próprio extermínio, da submersão, do fim sob uma onda de violência, a saber, o Rio de Janeiro.
Unir os dois temas não é simples. O primeiro envolve uma atitude existencial, uma disposição diante de como o mundo se apresenta a jovens de determinado momento. O segundo diz respeito a uma experiência urbana.
O produto de ambos talvez seja esse grupo de adolescentes em busca de si mesmos diante de uma realidade que se apresenta bastante hostil.
Diante dela, o grupo de amigos estará com Luiza, sua aparente líder, que menciona uma "política da alegria", talvez a única viável ao grupo (e à geração).
Essas questões já se encontravam no filme anterior da dupla Felipe Bragança e Marina Meliande, "A Fuga da Mulher Gorila". Talvez não seja inexato dizer que estavam colocados de maneira mais eficaz lá, na trajetória da garota que se transformava numa assustadora gorila.
Aqui certos elementos retornam: as máscaras, a menção ao fantástico (um tanto incompreensível) ao final, compondo a estranha e fascinante colagem de imagens ora coloquiais, ora poéticas, ora realistas, ora alegóricas.
A aproximação entre esses registros gera uma incômoda sensação de obscuridade (para a qual colaboram decisivamente as deficiências do som e da direção de atores).
Sem paternalismo, os tropeços podem ser vistos como parte do percurso muito interessante escolhido pelos realizadores, de um grupo que se opõe ao comercialismo (o sucesso de bilheteria como fim) do cinema brasileiro.
Talvez essa trajetória se torne mais clara quando observarem que a limpidez de algumas de suas imagens é mais significativa do que os momentos em que a necessidade de buscar a originalidade parece se interpor entre os autores do filme e seu objeto.
quinta-feira, setembro 01, 2011
colóquio
Começa hoje o colóquio “Itinerários da Comunidade”, no auditório G-1 da Faculdade de Letras da UFRJ. Vejam as mesas:
Dia 1º de setembro:
10:00 h - Márcio Seligmann-Silva (UNICAMP) - “Toda comunidade é fascista. Um elogio do nomadismo”.
10:30 h - Karl Erik Schollhammer (PUC/RJ) – “Pode a literatura formar uma comunidade estética?”
Mediação: João Camillo Penna (UFRJ).
11:30 h - Eduardo Sterzi (UNICAMP) - "A comunidade antropófaga".
12:00 h - Denilson Lopes (UFRJ) – “Encenações Minimalistas e Pós-Dramáticas do Comum”.
Mediação: Ângela Maria Dias (UFF).
15:00 h - Ângela Dias (UFF) – “Nostalgia da presença e comunidades infundadas”.
15:30 h - Paula Glenadel (UFF) – “Comunidades poéticas”.
Mediação: Ana Alencar (UFRJ).
16:30 h - Eliane Robert Moraes (USP) - "Sobreviver junto".
17:00 h - Susana Scramim (UFSC)- “Agamben, a poesia e a comunidade que vem”.
Mediação: Alberto Pucheu (UFRJ).
18:00 h - Edson Rosa (UFRJ) – “A obra de arte: resistência e insubmissão".
18:30 h - Rosana Kohl Bines (PUC-RJ) - “"Formas de partilha estética”.
Dia 2 de setembro
10:00 h - Roberto Vecchi (Universita degli Studi de Bologna) - "Imperfeições, vácuos e potências do ser-em-comum: as incompletudes da comunidade e a força literária".
Mediação: Danielle Corpas (UFRJ).
11:00 h - Raul Antelo (UFSC)– «Comunidade acéfala ».
11:30 h - Ettore Finazzi Agrò (UNIROMA)- “Munus e communitas: a identidade negociada e a comunidade ausente na Modernidade brasileira”.
Mediação: Ricardo Pinto (UFRJ).
14:30 h - Julio Ramos (UC Berkeley) - "Arte, trabajo y comunidad en los murales fordistas de Diego Rivera en Detroit".
15:00 h - Cláudio Oliveira (UFF) – “Comunidade que vem e política não estatal em Giorgio Agamben”.
Mediação: Francisco Foot-Hardman (UNICAMP).
16:00 h - Roberto Zular (USP) – "Comunhão de bocas vazias ou a poesia como potência de enunciação".
16:30 h - João Camillo Penna (UFRJ) – “Comunidade autoimune”.
Mediação: Flávia Trocoli (UFRJ).
17:30 h - Ana Kiffer (PUC-RJ) – “Da comunidade, entre o intruso e o corpo”;
18:00 h - Marcelo Jacques de Moraes (UFRJ) - "A poesia: lugar comum, lugar sem fim".
Mediação: Ângela Maria Dias (UFF).
quarta-feira, agosto 31, 2011
melancolia ***
Não parece mais haver no cinema de Lars Von Trier um “apetite pelo real”. Ele não trabalha mais com imagens do mundo, com um material real sobre a realidade. Von Trier inscreve-se cada vez mais numa certa tendência de um cinema agressivo e manipulador do mal-estar do espectador. Em seus filmes, o cineasta exibe e põe em crise a essência da manipulação cinematográfica, sendo, ao mesmo tempo, manipulador e delator da sua própria manipulação – algo que o diferencia, pra mim, de um realizador como Michael Hanake. Em geral, pelo menos até “Anticristo” (2010), seu último filme, o cinema de Von Trier vinha sendo associado ao termo niilismo. No entanto, Melancolia, no sentido que este seu mais novo longa imprimi a palavra (algo que remonta, como bem delimitou Luiz Felipe Pondé na "Folha", a Sade), parece mesmo uma expressão mais certeira.
Algo estranho se passa com Justine. Em plena festa de casamento ela parece distante. Lars Von Trier alterna cenas da festa (um verdadeiro ritual de gestos e ações protocolares) e sequencias de Justine sozinha, seja em espaços fechados (como quartos ou banheiro), seja do lado de fora da mansão. Justine parece ter flertado com o caos, contemplado o vazio. E a partir daí, como ela mesma diz, será preciso lutar consigo própria para conseguir caminhar e respirar. Não é mais possível voltar atrás, casar ou trabalhar como publicitária. Nem mesmo seu prato preferido pode ser, como antes, saboreado. "A vida na Terra é má", diz ela. "Estamos sós", continua. Para Justine, a questão não é a apenas a sociedade contemporânea ou nem mesmo a raça humana. É a própria vida que é torta, errada, perversa. Melancolia, para Lar Von Trier, nasce desta consciência de que a natureza em si má. E o filme narra a tomada de consciência de Justine. Melancolia é também o nome de um planeta que se chocará com a Terra. Para Justine, é como se o universo dissesse a verdade pela primeira vez. E em uma estranha, porém bela cena narrada pelo ponto de vista de sua irmã, vemos Justine oferecendo seu corpo nu para Melancolia.
segunda-feira, agosto 29, 2011
miike e conferência no mac
sexta-feira, agosto 26, 2011
mam
quarta-feira, agosto 24, 2011
cineclube cinética
terça-feira, agosto 23, 2011
revista e seminário
domingo, agosto 21, 2011
super 8 ***
Como pode um filme basear-se na evocação de um determinado cinema e ao mesmo tempo afirmar-se como uma aventura cinematográfica singular? Como pode um filme valer de uma só vez por seu potencial abstrato e pelas ações concretas narradas? Pois o que está em jogo em “Super
Gostei bastante de “Super 8". É um filme maravilhoso, nostálgico não exatamente por um tempo, por uma juventude que se foi, mas por um certo estilo de filmagem. O filme começa e vemos um céu estrelado, a noite e seus segredos, crianças correndo por uma pequena cidade em bicicletas... “Super
Estes, é claro, jamais estão no primeiro plano. Esta talvez seja a grande lição de Spielberg. O filme deve fazer acumular uma certa empatia emocional. E os efeitos funcionam como catalisadores. Este é o papel do aliens de “Super
sexta-feira, agosto 19, 2011
george méliès
segunda-feira, agosto 15, 2011
domingo, agosto 14, 2011
s’en fou La mort ***
“S’en fou La mort” (1990) é o terceiro filme de Claire Denis. Nele, um longa mais bruto do que “Chocolat” (1988), já é possível identificar a cineasta de “Bom trabalho” (1998), “Desejo e obsessão” (2001), “O intruso” (2004), entre outras grandes obras. Denis deixa-se experimentar a possibilidade de rodar um filme feito de olhares, rostos e corpos. A câmera de Agnes Godard se cola nos personagens e uma profusão sensorial nos impede de concatenar os fatos. A narrativa é passagem, variações sutis de um estado instaurado desde o início do filme. "Todo homem, independente de raça, cor, ou origem, é capaz de tudo e qualquer coisa”, diz Dah (Isaach De Bankolé), citando Chester Himes, logo no início do filme. A violência está sempre na espreita por uma forma que lhe dê vida. “S’em fou La mort” é esta forma. Não há como não pensar em “Galo de briga”, um filme-corpo-estranho de Monte Hellman. Pois mais do que as semelhanças da trama, Denis imprime em seu filme uma sensação muito cara ao cineasta americano: um cinema assombrado pela morte em que se experimenta uma forte sensação de que estamos observando personagens que nunca poderemos realmente entender. Alteridade absoluta.
quinta-feira, agosto 11, 2011
links
terça-feira, agosto 09, 2011
desejo e obsessão *****
"Desejo e obsessão" é sensacional. É um filme que apela discretamente para as convenções do cinema de gênero, mas sem nunca se permitir ser reivindicado por ele. "Desejo e obsessão" poderia ser descrito como um filme de terror ou como uma ficção científica que não age como tal ou jamais sai do armário. O cinema de gênero é como que contrabandeado, infiltra-se na história como uma doença ao mesmo tempo familiar e estranha. Denis demonstra uma capacidade incrível de revisitar narrativas aparentemente esgotadas para reinvesti-las em toda a sua estranheza. A narrativa (ou melhor, os códigos e signos associados a determinados gêneros cinematográficos) funciona como uma forma de negociar a entrada do espectador no filme, é uma espécie de terreno comum (compartilhado pelo filme e pelos espectadores) e que facilita o diálogo.
Denis desfila mais uma vez suas fixações pelo corpo masculino, pelo sêmen, pela pele, pela doença... É um cinema sobre os corpos, seus limites e desejos, sempre em um equilíbrio incrível entre a sua materialidade, sua espessura impenetrável, e o seu sentido ou significado. O que existe são sensações e a consciência destas sensações. Denis faz da sensação a condição de força primordial da realidade. Isso sem falar em momentos de plasticidade incrível. Agnes Godard, a fotógrafa, faz do corpo uma paisagem inexplorada. E a câmera parece filmar pelo toque.
"Desejo e obsessão" é um filme sobre a carne. A "carne" tal como Merleau-Ponty a definia: um conceito (de caráter propriamente ontológico) que expressa a unidade primordial entre corpo e mundo. A carne é "a indivisão entre este ser sensível que eu sou e todo o resto que é sentido em mim". A carne é a espessura entre o que é visto e quem vê. Essa é a substância do cinema de Denis.
sábado, agosto 06, 2011
kubrick e maristela
quinta-feira, agosto 04, 2011
terça-feira, agosto 02, 2011
serbian film 2
Leiam o texto:
RIO – Milos é um ex-astro do cinema pornô sérvio. Passando por dificuldades para sustentar a mulher e o filho, ele aceita uma proposta milionária para voltar a atuar em um filme de um misterioso produtor. Desde o momento em que chega ao local das gravações, todos os seus passos são filmados. Ele é forçado a espancar uma mulher que lhe fornece sexo oral ao mesmo tempo em que observa uma adolescente chupando pirulito e se maquiando. Quando o produtor lhe mostra um vídeo em que um homem estupra um recém-nascido logo após o parto, aquilo é a gota d’água para Milos. Mas arrumam um jeito de drogá-lo para que ele volte a filmar e cometa barbaridades ainda piores.
Esta é a sinopse de “A Serbian film – Terror sem limites” (“Srpski film”). A simples leitura do parágrafo acima já insinua algo que se confirma nos primeiros minutos da projeção: o diretor estreante Srjdan Spasojevic fez um filme para chocar, abordando sem sutileza os mais variados tipos de tabus sexuais. Ao oferecê-los sem a menor preocupação de poupar o espectador (com exceção da cena com o recém-nascido, vista de longe e onde percebe-se que se trata de um boneco), e sem contextualizar as violações (que incluem sexo com cadáver e um estupro do filho de 5 anos) dentro do fiapo de roteiro, o diretor deu um tiro $próprio pé. Apesar de justificáveis apenas sob a ótica doentia do personagem do produtor, as cenas são tão gratuitas, grotescas e exageradas que perdem o impacto pretendido.
Nem a presença do bom ator Srdjan Todorovic, conhecido por filmes do diretor bósnio Emir Kusturica, empresta qualidade a essa produção de proposta realista. O que confere ao filme um caráter trash e alguma semelhança com os gore movies, mesmo sem o humor que caracteriza essas produções, é o excesso de tripas e sangue e a ausência de um roteiro consistente. Risíveis são as declarações dadas pelo diretor de que o filme seria uma espécie de metáfora do que passou o povo sérvio nos últimos anos.
Segundo o site IMDB, na Sérvia o filme arrecadou menos de 7 mil. E, por mais que gerasse algum burburinho em exibições esporádicas em festivais, por sua má qualidade artística passaria quase despercebido pelos cinemas onde fosse lançado. E aí quem resolveu dar um tiro no próprio pé foram as autoridades brasileiras. Ao proibirem a exibição do filme, garantiram a ele uma sobrevida com a circulação através da pirataria, despertando o interesse de um público infinitamente superior ao que assistiria ao filme pelas vias legais. E pior: fizeram com que um grupo de abnegados que se mobilizou contra a censura deixasse em muitos a impressão equivocada de estar defendendo um filme que, com ou sem cortes, merecia nada mais do que o completo anonimato. Não se espantem se em breve surgir uma onda de obras à altura da mediocridade de “Um filme sérvio”, já que a publicidade gratuita estará garantida.
sábado, julho 30, 2011
serbian film
terça-feira, julho 26, 2011
domingo, julho 24, 2011
singularidades de uma rapariga loura ***
É delicioso este filme de Manoel de Oliveira. “Singularidades de uma Rapariga Loura” é uma história amor, um conto sobre os enganos de uma imagem. Um filme cuja tensão nasce entre o que se mostra e o que se esconde, nas entrelinhas. Eu acho bem interessante a maneira como o cineasta sublinha o fato de cada um dos personagens verem o mundo de uma maneira diferente. Gosto muito da interação entre os personagens no trem. Os olhares enviesados dos atores. Ela aos poucos olha mais e mais nos olhos do estranho ao seu lado. É engraçado: é como se este filme fosse a conquista de um olhar, do olhar desta mulher que, como nós, é convidada a entrar na brincadeira.
Manoel de Oliveira não provoca sentimentos ou sensações. É algo de diferente ordem. É bem curioso. Vejamos a cena em que o casal se beija e a câmera corta docemente para o pé da rapariga que então se levanta para trás. Este movimento da perna da rapariga é a materialização de sentimento. É um signo. O cineasta isola o signo em seu sentido. E para fazê-lo, ele vai despindo, através das composições frontais, das atuações estilizadas, da cenografia, os excessos dramáticos ou narrativos. É um trabalho de subtração. E o que fica, curiosamente, é o artifício (e as camadas pelas quais o realizador passou para chegar até ali).
Manoel de Oliveira é um velhinho completamente fascinado por algumas das mais sedimentadas convenções da linguagem do cinema. Como disse uma vez Tag Gallagher a respeito dos Straub, o que me impressiona em algumas passagens deste filme (e do cinema todo de Manoel de Oliveira) não é a subversão às convenções consagradas, mas sua autenticidade. Parece mero jogo de palavras, mas não é. Acho importante por vezes distinguir uma coisa da outra. Manoel de Oliveira, como os Straub, não são cineastas anti-convencionais. Muito pelo contrário. Eles estão a todo momento dialogando com as maias variadas referências, algumas delas consagradas. Seus filmes são